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TÊNIS
Como fazer tudo (muito) errado
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Mais humilhante do que perder? É perder e, com a derrota, cair para a segunda divisão.
Assim aconteceu em setembro de
2003 com a equipe brasileira na
Copa Davis. Mais do que a derrota em si, aliás, ficou a sensação
ruim de ter sido atropelada por
uma equipe fraca tecnicamente,
sem tradição, como a canadense.
Perder, sim, faz parte do jogo.
Críticas a uma atuação específica
de um ou outro tenista são normais; dúvidas em relação à capacidade do comando técnico existem em qualquer modalidade.
O que aconteceu desde aquele
setembro negro, porém, foi uma
sucessão de erros jamais vista no
tênis nacional.
Ainda no ano passado, depois
do fiasco na repescagem da Copa
Davis, o presidente da Confederação Brasileira de Tênis já havia
decidido trocar o comando da
equipe. Optou, porém, por deixar
o tempo passar. Gastou mais tempo pensando em como se safar
das denúncias de irregularidade
administrativa apontadas pela
oposição do que planejando o futuro do tênis nacional.
Inexplicavelmente, o dirigente
deixou de atender os telefonemas
do capitão da equipe. Não atendia, não ligava de volta, nenhuma atenção dava aos recados a
ele deixados. Deixou também para a véspera da abertura do
maior torneio de tênis disputado
no país o anúncio de troca de capitão. Instaurou uma grande bagunça e, enfim, foi passar o Carnaval em Bruxelas. O Carnaval
acabou, mas ele continua lá.
O capitão também deixou o
tempo passar, acreditando que a
poeira sumisse. Apostou na fidelidade dos tenistas, apesar de, no
fundo, não ter o apoio de dois deles. Competente e inteligente, errou ao não articular sua permanência. Deixou em um dos tenistas a imagem de que estava mais
preocupado com sua situação do
que com o grupo. Em outro, deixou a impressão de que era incapaz de peitar o presidente, de interceder em favor da equipe.
Os tenistas, enfim, também derraparam. Desde aquela fatídica
derrota em setembro e o rebaixamento, não marcaram posição.
Fora dos holofotes e longe dos microfones, alguns cogitaram até
não jogar mais pelo país, pelo menos enquanto o comando da confederação não mudasse. Mas nenhum deles teve coragem para
deixar isso claro. Ocuparam-se
mais em cuidar da carreira própria a enfrentar essa situação que
tanto incomodava.
O novo capitão assume com o
ambiente mais conturbado possível. Tenta passar na TV a imagem de que está tudo muito bem.
O ex-tenista hoje capitão realiza
finalmente um sonho, mas terá de
ganhar a confiança de pelo menos um dos tenistas, que tem dúvidas sobre suas reais intenções
como comandante da turma. "A
mudança ocorre num momento
propício", chegou a dizer, contrariando qualquer lógica.
Em pleno Carnaval baiano, na
paradisíaca Costa do Sauípe, durante a maior festa do país e na
semana do mais importante torneio de tênis do país, a bomba estourou. Perder e cair para a segunda divisão, vê-se agora, não é
nenhuma problema. Problema é
não conseguir fazer nada certo.
Bem lá atrás
Doze brasileiros disputaram o qualifying na Costa do Sauípe; só três
passaram à segunda rodada (dois venceram duelo de brasileiros na
estréia). Nenhum chegou perto de ganhar uma vaga na chave principal. Por mérito próprio, só dois brasileiros entraram no torneio.
No mesmo lugar
Uma das vantagens de jogar a Davis em casa é poder jogar onde torcida ajude. O Brasil escolheu o Sauípe. Quem aposta em casa cheia
diante dos paraguaios em abril, pela segunda divisão?
Só lá na frente
A CBT adiou para maio a abertura do Circuito Grand Slam infanto-juvenil deste ano. Problema? Excesso de competições no país.
E-mail reandaku@uol.com.br
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