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CBF dá `mesada' às federações
em dificuldade e recebe apoio
FÁBIO VICTOR
da Reportagem Local
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) repassa todo mês uma
verba para as federações estaduais
mais pobres do país.
Segundo apurou a Folha, pelo
menos nove federações dependem
da ``mesada'' da CBF para se manter. Todas pertencem às regiões
Norte e Nordeste do país. O valor
das contribuições varia entre R$
2.000 a e R$ 4.000 por mês.
O dinheiro corresponde a cerca
de 50% da receita total que as federações apresentaram no ano passado. A arrecadação própria dessas entidades vem do percentual
das rendas dos jogos realizados em
seus Estados, entre 5 e 10%, das taxas de arbitragem e de transferência de jogadores.
O presidente da CBF, Ricardo
Teixeira, está fora do país. O secretário-geral da entidade, Marco Antônio Teixeira, não respondeu aos
telefonemas e faxes da reportagem
da Folha.
Todos as federações agraciadas
com a verba são comandadas por
aliados políticos do presidente da
CBF, a quem tratam com reverência e admiração.
``Eu sou do lado do Ricardo. Ele
moralizou a CBF e influenciou na
organização das federações'', diz o
presidente da Federação de Futebol de Roraima, José Gama Xaud.
``Ricardo é um dos maiores administradores da história do futebol brasileiro'', declara Rosilene de
Araújo Gomes, presidente da Federação Paraibana, que recebe R$
4.000 por mês.
O dinheiro é usado para cobrir a
folha de pagamento dos 11 funcionários e pagar as contas da entidade. A receita da Federação é complementada pelos 10% das rendas
de jogos locais (no último estadual, a média de renda foi de R$
758,15), e taxas de arbitragem.
Taxas de transferência de jogadores só são cobradas às federações Paulista (R$ 1.000,00 por atleta) e Pernambucana (R$ 250,00).
``São as únicas que cobram de
nós'', diz Rosilene. Com as demais,
há um acordo de isenção mútua.
Sensibilidade oficial
``Ricardo tem sido muito sensível com as federações mais humildes'', endossa o presidente federação do Rio Grande do Norte, Nilson Gomes da Costa, que diz receber R$ 2.000 por mês.
Costa diz que em cerca de 70%
dos jogos do último Estadual, a federação não recebeu nada, de tão
pequenas que foram as arrecadações. A média de renda do torneio
foi de R$ 3.417,00.
O presidente da Federação do
Acre, Antônio Aquino Lopes, critica a atitude dos colegas. ``Isso é
acomodação. Quando não tiver,
cada um terá que se virar'', diz.
Apesar disso, admite receber
eventualmente socorro da confederação. ``Não tem nada fixo, é só
quando o sapato aperta.''
O presidente da Federação Maranhense, Carlos Alberto Ferreira,
alega que a transmissão excessiva
de jogos pela TV está ``matando''
o futebol local.
Ele alega que isso prejudica as finanças da federação, o que leva a
eventuais socorros à CBF. ``Quando a coisa está muito feia, tenho
recorrido e sempre sou atendido'',
diz, sem revelar o valor da ajuda.
Até localizar Ferreira, em sua casa, a Folha ligou para a Federação
por duas semanas. O telefone chamava e ninguém atendia. Estava
cortado, por falta de pagamento.
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