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Um olho na defesa, outro no nş 1
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
E assim foi posto, pela nossa
ciosa porém trepidante crônica esportiva: o jogo de hoje,
com a Alemanha, que deveria
ser apenas um amistoso destinado a reatar por dois dias, se
tanto, o relacionamento entre
os nossos jogadores, virou
questão de vida ou morte.
E por quê? Apenas porque
uma seleção brasileira, composta pelo seu terceiro escalão,
deu o maior vexame outro dia
na Copa de Ouro, um torneiozinho desprovido de qualquer
importância.
Que esse vexame servisse para baixar a crista de Zagallo,
vá lá. Que fosse uma lição de
humildade para esses jogadores empavonados, ótimo. Mas
levar a questão a tais extremos
é tão irresponsável como aprovar o comportamento desleixado do treinador, que continua infenso à realidade: além
de declarar que não viaja para
observar os adversários porque
não tem tempo, sendo técnico
da CBF em tempo integral,
não treina a equipe devidamente, quando tempo há.
Talvez, a questão de Zagallo
seja mesmo tempo: quem sabe,
seu tempo já não tenha passado. Mas quem não tem mais
tempo para discutir isso somos
nós. Agora, é vai ou racha.
E esse jogo contra os alemães
até que pode nos dar o impulso
necessário para irmos de vez
em direção ao caneco. Antes
de mais nada, porque temos
um belo currículo diante dos
alemães, que reputo o futebol
mais competitivo e vistoso do
mundo, depois do nosso.
Ao contrário dos manhosos
argentinos e dos traiçoeiros
italianos, os alemães jogam
sempre para ganhar. O empate
nunca fez parte de seu show.
Marcam bem lá atrás, é verdade, e podem até, numa eventualidade, fazer um cambalacho para assegurar uma vaga
mais cômoda numa fase eliminatória de Copa. Mas isso é
uma vez na vida, outra na
morte. De hábito, o alemão se
atira ao ataque, com tudo, o
que é bom e é mau, para nós.
Bom, porque nos oferece
campo de manobra para os
contragolpes, em que somos
mortíferos com jogadores como Denílson, Rivaldo, Romário e Ronaldinho. Mau, porque
até o apito final do árbitro eles
seguem em frente, não importando o que diga o placar para
demovê-los dessa ação compulsiva. E, com esse nosso sistema defensivo tão vulnerável,
por certo, manteremos o coração na boca até o fim.
Vencendo ou não, só espero
que nem subamos aos céus,
nem desçamos aos infernos.
Fiquemos por aqui mesmo,
com os pés no chão -um olho
na defesa, outro no número
um, duas questões que seguirão em suspenso, independendo do resultado de hoje.
Admito que, embora tardiamente, será um teste para Raí.
Mas, para Rivaldo? Rivaldo
está na ponta dos cascos no
Barcelona de Van Gaal e já foi
testado demais na seleção.
Logo, o mais sábio seria Zagallo escalar Raí desde o começo, para tirar quaisquer dúvidas: ou dá, ou desce.
Qual o time de melhor campanha até agora no Paulistão?
O São Paulo. E por quê? Sobretudo, porque está jogando com
apenas um volante típico. O
outro -Carlos Miguel ou Alexandre- é um meia nato com
ganas de marcador.
Pena que Zagallo não leve
em conta essas coisas.
Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas
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