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Com 7 dos 20 clubes que disputaram a principal divisão do Brasileiro em 1971, a Série B começa hoje mais estrelada do que nunca e cheia de problemas
O cemitério da elite
PAULO COBOS
RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se tradição ainda vale, começa
hoje, com quatro partidas, a mais
estrelada edição da segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
Dos 20 clubes que disputaram a
primeira versão da Série A da
competição, em 1971, sete estarão
em ação agora naquilo que se
transformou em um verdadeiro
"cemitério da elite" da bola.
Outro fundador do Nacional, o
América-RJ, não teve forças nem
para se manter na segunda divisão e hoje agoniza na Série C.
Enquanto na Espanha nenhum
campeão nacional joga a "segundona", no Brasil três times desse
porte -Botafogo, Palmeiras e
Sport- estão nessa situação.
Também estarão em ação por
aqui um vice-campeão, a Lusa, e
outros que já ficaram entre os
quatro primeiros, como o Santa
Cruz. Ceará e América-MG são
outros da turma de 1971 que hoje
enfrentam o fantasma da Série B.
Para quem chega agora, especialmente Palmeiras e Botafogo, a
trajetória de outros grandes na
"segundona" serve como alerta.
O Sport, por exemplo, fez ótima
campanha na fase inicial no ano
passado, mas sucumbiu nas quartas-de-final diante do modesto
Paulista de Jundiaí. Coisa parecida aconteceu com o Santa Cruz,
eliminado pelo Criciúma.
Além das incertezas esportivas,
ex-integrantes da elite mergulham em uma competição cheia
de dúvidas fora de campo.
Botafogo, Palmeiras e Sport
querem milhões em um torneio
que só pode distribuir "migalhas"
para quem já foi gigante. E não escondem o desconforto por isso.
"Não vamos permitir as transmissões dos jogos do Sport. Ou
nós recebemos o justo ou ninguém verá o Sport na televisão",
diz Severino Otávio, o presidente
do clube pernambucano.
Ele quer receber o mesmo que
Botafogo e Palmeiras. O problema é que nem o dinheiro da televisão está certo, já que a Record,
que iria transmitir o campeonato
na TV aberta, voltou atrás.
Parte da culpa por isso é dos
próprios grandes. O Palmeiras fez
de tudo para adiar a definição das
regras e da organização da Série B,
esperando uma virada de mesa
que acabou não acontecendo.
Sem dinheiro e com muita bagunça -o torneio teve adiamentos e seguidas mudanças na tabela-, o sonho de realizar o campeonato em turno e returno, como ocorre na Série A pela primeira vez em 2003, foi para o ralo. Assim, a possibilidade de um grande
de campanha espetacular na fase
de classificação jogar fora a chance do acesso em um único jogo,
como aconteceu como o Sport no
ano passado, aumenta.
Para quem não tem tanto nome,
a presença de uma legião de clubes famosos é esperança de melhorar a bilheteria da segunda divisão, que para quase todos os
clubes do Norte e Nordeste é sinônimo de arquibancadas cheias.
Sport, Ceará, Remo e Santa
Cruz registraram médias de público em casa superior a 10 mil pagantes por partida, praticamente
a mesma coisa que o Palmeiras
conseguiu na primeira divisão.
Poucas atrações
Na maioria dos casos, os 24 times que buscam duas vagas na
primeira divisão em 2004 irão alinhar garotos ou veteranos no final da carreira profissional.
Gente que fez fama na década
de 80, como João Paulo, que defende o União São João, e Valdo,
no Botafogo, estarão em campo.
A situação não é muito diferente
no Palmeiras, dono de quatro títulos brasileiros. Ao lado do pentacampeão Marcos, o time terá
uma penca de jogadores medianos e veteranos, como Zinho.
A Série B também reserva uma
série de "falsos craques". O Náutico conta com um Emerson Cafu
na sua lateral. A Lusa vem com
um atacante chamado Marcos
Denner. O Remo reserva a lateral
esquerda para um tal Djalma Santos. O Avaí contratou um volante
Mancuzo. Mas o campeão nesse
quesito é o Ceará: além do presidente Alexandre Frota e do preparador Roberto Rivelino, tem
um Garrinchinha no meio e um
Fábio Júnior no ataque.
Os dois principais clubes paulistas só estréiam amanhã. O Palmeiras joga fora de casa contra o
Brasiliense, enquanto a Lusa recebe o Remo no estádio do Canindé.
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