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São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

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Com 7 dos 20 clubes que disputaram a principal divisão do Brasileiro em 1971, a Série B começa hoje mais estrelada do que nunca e cheia de problemas

O cemitério da elite

PAULO COBOS
RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se tradição ainda vale, começa hoje, com quatro partidas, a mais estrelada edição da segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
Dos 20 clubes que disputaram a primeira versão da Série A da competição, em 1971, sete estarão em ação agora naquilo que se transformou em um verdadeiro "cemitério da elite" da bola.
Outro fundador do Nacional, o América-RJ, não teve forças nem para se manter na segunda divisão e hoje agoniza na Série C.
Enquanto na Espanha nenhum campeão nacional joga a "segundona", no Brasil três times desse porte -Botafogo, Palmeiras e Sport- estão nessa situação.
Também estarão em ação por aqui um vice-campeão, a Lusa, e outros que já ficaram entre os quatro primeiros, como o Santa Cruz. Ceará e América-MG são outros da turma de 1971 que hoje enfrentam o fantasma da Série B.
Para quem chega agora, especialmente Palmeiras e Botafogo, a trajetória de outros grandes na "segundona" serve como alerta.
O Sport, por exemplo, fez ótima campanha na fase inicial no ano passado, mas sucumbiu nas quartas-de-final diante do modesto Paulista de Jundiaí. Coisa parecida aconteceu com o Santa Cruz, eliminado pelo Criciúma.
Além das incertezas esportivas, ex-integrantes da elite mergulham em uma competição cheia de dúvidas fora de campo.
Botafogo, Palmeiras e Sport querem milhões em um torneio que só pode distribuir "migalhas" para quem já foi gigante. E não escondem o desconforto por isso.
"Não vamos permitir as transmissões dos jogos do Sport. Ou nós recebemos o justo ou ninguém verá o Sport na televisão", diz Severino Otávio, o presidente do clube pernambucano.
Ele quer receber o mesmo que Botafogo e Palmeiras. O problema é que nem o dinheiro da televisão está certo, já que a Record, que iria transmitir o campeonato na TV aberta, voltou atrás.
Parte da culpa por isso é dos próprios grandes. O Palmeiras fez de tudo para adiar a definição das regras e da organização da Série B, esperando uma virada de mesa que acabou não acontecendo.
Sem dinheiro e com muita bagunça -o torneio teve adiamentos e seguidas mudanças na tabela-, o sonho de realizar o campeonato em turno e returno, como ocorre na Série A pela primeira vez em 2003, foi para o ralo. Assim, a possibilidade de um grande de campanha espetacular na fase de classificação jogar fora a chance do acesso em um único jogo, como aconteceu como o Sport no ano passado, aumenta.
Para quem não tem tanto nome, a presença de uma legião de clubes famosos é esperança de melhorar a bilheteria da segunda divisão, que para quase todos os clubes do Norte e Nordeste é sinônimo de arquibancadas cheias.
Sport, Ceará, Remo e Santa Cruz registraram médias de público em casa superior a 10 mil pagantes por partida, praticamente a mesma coisa que o Palmeiras conseguiu na primeira divisão.

Poucas atrações
Na maioria dos casos, os 24 times que buscam duas vagas na primeira divisão em 2004 irão alinhar garotos ou veteranos no final da carreira profissional.
Gente que fez fama na década de 80, como João Paulo, que defende o União São João, e Valdo, no Botafogo, estarão em campo.
A situação não é muito diferente no Palmeiras, dono de quatro títulos brasileiros. Ao lado do pentacampeão Marcos, o time terá uma penca de jogadores medianos e veteranos, como Zinho.
A Série B também reserva uma série de "falsos craques". O Náutico conta com um Emerson Cafu na sua lateral. A Lusa vem com um atacante chamado Marcos Denner. O Remo reserva a lateral esquerda para um tal Djalma Santos. O Avaí contratou um volante Mancuzo. Mas o campeão nesse quesito é o Ceará: além do presidente Alexandre Frota e do preparador Roberto Rivelino, tem um Garrinchinha no meio e um Fábio Júnior no ataque.
Os dois principais clubes paulistas só estréiam amanhã. O Palmeiras joga fora de casa contra o Brasiliense, enquanto a Lusa recebe o Remo no estádio do Canindé.


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