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POLÍTICA
Popularidade faz Chung Mong-joon, do comitê sul-coreano, cogitar sua candidatura
Homem-forte da Coréia na Copa quer presidência
ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
Numa cadeira da sala vip do estádio de Jeonju, Chung Mong-joon fez há poucos dias, a pedido
da Folha, uma análise do que a
Copa do Mundo deste ano significa politicamente para ele. "Não há
dúvida de que estou ficando mais
popular", afirmou.
Mais atuante personagem dos
bastidores deste Mundial, ele tem
razões para ficar satisfeito com o
sucesso da seleção sul-coreana.
Chung preside o Comitê Organizador da Coréia do Sul. Comanda a federação de futebol local.
Ocupa uma das vice-presidências
da Fifa. É herdeiro do grupo
Hyundai, um dos maiores conglomerados do país. Também faz
parte da Assembléia Nacional,
que equivale ao cargo de deputado federal no Brasil. Foi o principal responsável pela divisão da
Copa, ao bancar a candidatura
sul-coreana. Mas ele quer mais: a
presidência do país. "Meu nome
tem sido discutido. E fico contente com isso", declara Chung, 50.
Para chegar à presidência, um
bom caminho é ter uma população empolgada com a Copa, euforia que os triunfos sobre Itália e
Espanha só fizeram aumentar.
Uma pesquisa divulgada após o
final da primeira fase mostrou
que sua popularidade quase dobrara desde o início do Mundial.
Chung é o pivô da crise que explodiu há alguns dias no maior
partido da oposição sul-coreana.
A discussão é se devem abandonar seu pré-candidato à eleição de
dezembro para apostar nele.
Atualmente sem filiação partidária, ele diz que, se sair candidato, será para ganhar a eleição.
Não quer repetir a trajetória de
seu pai, que terminou a corrida
em terceiro em 1992 e ainda ouviu
críticas à atuação da Hyundai.
O reduto eleitoral de Chung é o
lugar da Coréia do Sul mais conhecido pelos brasileiros: a província de Gyeongsang, onde fica a
cidade de Ulsan, base da seleção
na primeira fase.
Com os gols de Ahn e Seol, espera que seus votos se espalhem.
Contudo ele não está sozinho
atrás da popularidade da seleção.
O presidente Kim Dae-jung também se esforça para ligar sua imagem à da equipe do técnico holandês Guus Hiddink.
Após a vitória sobre a Itália, ligou para o técnico e tornou pública a conversa. Chegou até a dizer
que está aprendendo a gostar de
ver TV por causa da equipe.
Chung, de seu lado, sabe que
não tem como querer a exclusividade do time. Diz que o interesse
despertado pela Copa o surpreende. "A audiência atinge até 90
pontos. É um grande festival."
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