São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLÍTICA

Popularidade faz Chung Mong-joon, do comitê sul-coreano, cogitar sua candidatura

Homem-forte da Coréia na Copa quer presidência

ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL

Numa cadeira da sala vip do estádio de Jeonju, Chung Mong-joon fez há poucos dias, a pedido da Folha, uma análise do que a Copa do Mundo deste ano significa politicamente para ele. "Não há dúvida de que estou ficando mais popular", afirmou.
Mais atuante personagem dos bastidores deste Mundial, ele tem razões para ficar satisfeito com o sucesso da seleção sul-coreana.
Chung preside o Comitê Organizador da Coréia do Sul. Comanda a federação de futebol local. Ocupa uma das vice-presidências da Fifa. É herdeiro do grupo Hyundai, um dos maiores conglomerados do país. Também faz parte da Assembléia Nacional, que equivale ao cargo de deputado federal no Brasil. Foi o principal responsável pela divisão da Copa, ao bancar a candidatura sul-coreana. Mas ele quer mais: a presidência do país. "Meu nome tem sido discutido. E fico contente com isso", declara Chung, 50.
Para chegar à presidência, um bom caminho é ter uma população empolgada com a Copa, euforia que os triunfos sobre Itália e Espanha só fizeram aumentar.
Uma pesquisa divulgada após o final da primeira fase mostrou que sua popularidade quase dobrara desde o início do Mundial.
Chung é o pivô da crise que explodiu há alguns dias no maior partido da oposição sul-coreana. A discussão é se devem abandonar seu pré-candidato à eleição de dezembro para apostar nele.
Atualmente sem filiação partidária, ele diz que, se sair candidato, será para ganhar a eleição.
Não quer repetir a trajetória de seu pai, que terminou a corrida em terceiro em 1992 e ainda ouviu críticas à atuação da Hyundai.
O reduto eleitoral de Chung é o lugar da Coréia do Sul mais conhecido pelos brasileiros: a província de Gyeongsang, onde fica a cidade de Ulsan, base da seleção na primeira fase.
Com os gols de Ahn e Seol, espera que seus votos se espalhem. Contudo ele não está sozinho atrás da popularidade da seleção. O presidente Kim Dae-jung também se esforça para ligar sua imagem à da equipe do técnico holandês Guus Hiddink.
Após a vitória sobre a Itália, ligou para o técnico e tornou pública a conversa. Chegou até a dizer que está aprendendo a gostar de ver TV por causa da equipe.
Chung, de seu lado, sabe que não tem como querer a exclusividade do time. Diz que o interesse despertado pela Copa o surpreende. "A audiência atinge até 90 pontos. É um grande festival."


Texto Anterior: Perfil: Völler surpreende e já vira homem-forte do Mundial-2006
Próximo Texto: Memória: Regimes políticos usaram Copa para fazer propaganda
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.