Tese de contaminação não sensibiliza STJD

DA SUCURSAL DO RIO

A alegação da defesa de que teria sido contaminado não convenceu, assim como a pressão da torcida, que realizou manifestação em frente ao prédio e entoou o hino do clube.
Ontem à noite, em decisão unânime de seus auditores, o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) suspendeu o atacante Dodô, do Botafogo, por 120 dias, a pena mínima prevista pelo Código Brasileiro de Justiça Desportiva.
Dodô era acusado de usar substância considerada dopante para disputar, no dia 14 de junho, a partida em que seu time goleou o Vasco por 4 a 0 pelo Campeonato Brasileiro. Até então, era o artilheiro do Botafogo na competição, com sete gols, dois deles marcados naquela partida.
Os exames antidoping mostraram que Dodô ingerira a substância fepromporex, encontrada em remédios para emagrecer. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) já o suspendera preventivamente o atacante por 30 dias.
No julgamento encerrado pouco antes das 21h30, após quase quatro horas, o advogado de defesa do jogador e do clube, Carlos Portinho, sustentou que a ingestão da substância se deu sem o conhecimento tanto de um quanto de outro.
A tese dele, não levada em consideração pelos auditores, foi a de que Dodô foi vítima de contaminação, da qual seria responsável a farmácia de manipulação que produziu o medicamento à base de cafeína tomado pelo jogador 45 minutos antes da partida.
Os quatro auditores e o presidente do tribunal também não se sensibilizaram com o depoimento do atleta, que, acompanhado da mulher, Tatiana Lucas, chegou a lacrimejar.
Dodô disse que não se dopou e que tudo o que ingeriu foi sob a orientação da comissão técnica do Botafogo.
Para o relator do caso, Fabrício Dazzi, não era a farmácia quem estava sendo julgada, mas o jogador, em "um processo em que está comprovada a materialidade da conduta". Ao fim de sua explanação, Dazzi defendeu a suspensão de Dodô por 120 dias.
O voto do relator foi seguido de modo integral pelos demais auditores Wladimir Cassani, Otacílio Araújo e José Perez de Rezende. O presidente da sessão, Otávio Toledo, também acompanhou o relator.
O Botafogo, que lidera o Campeonato Brasileiro de forma isolada com 25 pontos, deverá recorrer da decisão.
O departamento jurídico do clube tentará reduzir pela metade a pena do atleta, que seria revertida em prestação de serviços sociais (como o pagamento de cestas básicas).
Dodô saiu triste da sede do STJD, no centro do Rio. Ele disse ter esperança de que a decisão seja revista mais adiante.


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