São Paulo, domingo, 25 de agosto de 2002

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FUTEBOL

Ricardo Gomes, Bonamigo e Robertinho, campeões como jogadores, comandam 3 dos 4 melhores times do torneio

Brasileiro valoriza técnico bom de bola

Paulo Wrencher/'Jornal dos Sports'
Robertinho, 42, treina os jogadores do Fluminense, que hoje joga contra o Santos no Brasileiro


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Campeão brasileiro com a bola no pé e depois com a prancheta na mão. Essa façanha, que parecia cada vez mais difícil de ser alcançada em um futebol recheado de técnicos teóricos, tem boas chances de acontecer em 2002.
Depois das quatro jornadas iniciais do Brasileiro, três times do quarteto de melhor campanha são comandados por treinadores que brilharam como atletas, quando tiveram o gosto de levantar o troféu de campeão nacional.
Ricardo Gomes, do Juventude, Bonamigo, do Coritiba, e Robertinho, do Fluminense, lideram uma geração que tenta reverter o domínio dos teóricos no torneio.
Nos últimos anos, o único técnico campeão que também teve o prazer de sentir o gosto da vitória no Nacional como jogador foi Joel Santana, em 2000, com o Vasco. Só que na ocasião ele assumiu o time em que também se consagrou como atleta nas semifinais, depois que o ex-modelo Oswaldo de Oliveira brigou com Eurico Miranda, o homem-forte do clube carioca.
De resto, a última década do Nacional foi ganha por ex-jogadores medíocres, como Luxemburgo, Geninho e Luiz Felipe Scolari, ex-preparadores físicos, como Paulo Autuori, ou até por um delegado -Antônio Lopes.
Encabeçando a lista de gente que foi famosa como atleta e tenta agora repetir o feito com o agasalho de treinador está o carioca Ricardo Gomes, 37. No Juventude, que hoje defende a liderança do Brasileiro contra o Vitória, ele tenta reverter uma sequência de fracassos em clubes como Sport, Vitória e Coritiba, sem nunca ter chegado perto das finais.
"Estamos trabalhando para realizar uma boa campanha. Até agora estamos conseguindo, mas só estamos na quarta rodada", diz, precavido, Ricardo Gomes, que começou a carreira de treinador no futebol francês.
Terceiro colocado antes do início da quinta rodada, o Coritiba aposta em Bonamigo, 41, que vai na direção contrária dos técnicos mais famosos do RS, seu Estado. O comandante do clube paranaense, que hoje pega o Corinthians, fez história no Grêmio campeão sul-americano e mundial em 1983. Já Cláudio Coutinho e Scolari, os dois gaúchos que já treinaram o Brasil em Copas, entraram no futebol pela "porta do fundo". O primeiro era militar; o segundo, um zagueiro esforçado.
No Fluminense, Robertinho, 42, ganha a confiança dos jogadores, que hoje desafiam o Santos, apostando mais no bom relacionamento do que com a adoção de táticas mirabolantes. "Não quero prender meus atletas em um esquema pré-concebido. Devo montar um time de acordo com o que eles têm de melhor", diz.
Além de Ricardo Gomes, Bonamigo e Robertinho, outros ex-craques têm a chance de provar que também podem triunfar como técnico. Campeão nacional com o Inter em 1979, Mário Sérgio dirige o São Caetano. Igualmente campeão brasileiro, pelo Bahia, em 88, Bobô hoje dirige o clube.
Leão, que brilhou no Palmeiras e no Grêmio, dirige o Santos. Principal jogador da Lusa em boa parte dos anos 80, Edu Marangon está de volta ao clube que consagrou, agora no banco. Por último, Edinho, zagueiro da seleção na Copa-86, trabalha no Goiás.
O treinador que nunca jogou futebol profissional ou disputou como atleta um Brasileiro é um tipo raro nesta edição do torneio. Dos 26 participantes, apenas 7 têm no comando técnico um profissional que reúna uma dessas características. No ano passado, 11 agremiações apostaram no início do Nacional em um "teórico".


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