São Paulo, terça-feira, 25 de setembro de 2001

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Cariocas tentam barrar poder paulista na Liga RJ-SP

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Os grandes clubes do Rio vão dar início hoje a uma ofensiva carioca para barrar o poder paulista na nova Liga Rio-São Paulo.
Às 17h, os presidentes do Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo vão se reunir no Copacabana Palace, hotel na zona sul carioca, para tratar do assunto.
No encontro, o principal objetivo dos dirigentes dos grandes clubes do Rio é tirar o poder do presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah, na nova entidade. Farah é o preferido da maioria dos clubes de São Paulo para assumir a direção da Liga, que vai organizar as próximas edições do Torneio Rio-SP.
Para isso, os dirigentes dos clubes do Rio querem alterar a estrutura de poder da Liga (nove paulistas e sete cariocas) -todos com poder de voto.
Os cariocas querem que apenas os quatro grandes de São Paulo (Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos) e os outros quatro do Rio (Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense) tenham poderes na nova entidade.
Além de dificultar a entrada do presidente da Federação Paulista no comando da entidade, os presidentes de clubes do Rio acreditam que a estrutura de poder da Liga favorece a perpetuação dos paulistas no seu comando.
"Não pode haver a concentração de poder nas mãos de um só Estado. A Liga tem que ser formada apenas pelos quatro grandes de cada lado. O restante será convidado", afirmou o vice de futebol do Fluminense, Marcelo Penha.
""Além disso, nós [os oito times" representamos cerca de 95% da torcida desses Estados e não podemos abrir mão disso", acrescentou o dirigente tricolor.
De acordo com o novo calendário do futebol brasileiro, a Liga Rio-São Paulo terá o poder de organizar já no próximo ano o Torneio Rio-SP. A competição regional, que nos últimos anos só teve a presença dos oito maiores clubes da região, será ampliada e conseguirá maior destaque no primeiro semestre do que os Campeonatos Estaduais, que devem ser disputados apenas pelos times mais modestos dos dois Estados.
""O equilíbrio é sempre importante no desenvolvimento de qualquer produto. Na nova Liga, isso terá de ser respeitado", disse o presidente do Flamengo, Edmundo Santos Silva, outro que não concorda com a concentração de poder nas mãos dos clubes de São Paulo.
Os dirigentes cariocas também são contrários à minuta do contrato social da Liga Rio-SP, editada no último dia 16 e revelada anteontem pela Folha.
Segundo o documento, Farah deverá ter poderes sobre os quatro grandes do Rio e os outros quatro de São Paulo.
Se for aprovada a minuta, o presidente da Federação Paulista de Futebol vai acumular os dois cargos mais importantes da entidade -as presidências da Liga e do Comitê Executivo do órgão.
De acordo com o documento, o Comitê Executivo terá poderes ""para a cessão do direito de exploração e/ou prestação de serviços relativos aos direitos de imagem e demais direitos das entidades de práticas esportivas".
Ou seja, Farah terá poderes para negociar até o uso das marcas dos grandes clubes.
O documento também não estipula o prazo do mandato do dirigente, que sempre defendeu a presença dos maiores clubes do Estado no Campeonato Paulista.
""Não está nada definido. Vou pedir a contratação de uma empresa internacional com experiência na área para preparar o estatuto da melhor maneira possível", disse o presidente do Flamengo, descartando aprovar a minuta que dá superpoderes na nova Liga a Farah.
Na reunião de hoje, os cariocas também vão elaborar um plano de marketing para a Liga e a fórmula de disputa do torneio. A intenção dos dirigentes é que a fórmula seja mantida nos primeiros quatro anos, respeitando os critérios de acesso e descenso.
Pelo calendário elaborado para o futebol brasileiro nos próximos anos, o Rio-São Paulo vai acontecer entre janeiro e abril.


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