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OUTRO LADO
Dualib admite ter de prestar contas à Receita
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Corinthians,
Alberto Dualib, disse jamais ter
feito negócios com a Azteca Financial Corp., offshore nas
Ilhas Virgens Britânicas, para
onde foram enviados US$ 300
mil de uma conta em seu nome
no Citibank. Porém o dirigente
admite que pode ter contas a
acertar com o fisco. Bastante irritado ao final das quatro conversas que teve com a Folha,
Dualib chegou a dizer que os
questionamentos da reportagem pareciam "chantagem"
contra ele.
(EAR, RP E RV)
Folha - A CPI do Banestado detectou uma operação financeira
de uma conta pessoal do senhor
no Citibank para uma empresa
com sede em paraíso fiscal, a Azteca Financial Corp. O senhor pode explicar essa operação?
Alberto Dualib - Eu vendi um
apartamento. Para trazer o dinheiro para o Brasil, eu pedi talão de cheques, fiz três cheques
de US$ 100 mil, dei para um gerente financeiro meu [da empresa Rollex S.A, controlada
por um filho de Dualib] que já
foi embora. Em vez de ele pegar
os três cheques e fazer a operação pelo Banco Central, ele fez
através de um doleiro. O dinheiro veio para o país porque,
quando dei os cheques aqui, a
pessoa pagou os cheques e deve
ter tirado do banco para pôr
em paraíso fiscal. Vocês têm
que rastrear no paraíso fiscal
para quem foi o dinheiro.
Folha - O senhor pode dizer o
nome do gerente financeiro?
Dualib - Não vou denunciá-lo
agora porque tenho uma briga
judicial com ele.
Folha - O senhor abriu a conta
lá para fazer essa operação?
Dualib - Não fui eu quem
abriu a conta. Eu vendi o apartamento e em vez dessa pessoa
[o comprador] mandar o dinheiro via BC para mim, acho
que ele tinha conta em Nova
York e passou para a minha
conta esse valor [US$ 300 mil].
Folha - O senhor conhece essa
empresa, a Azteca Financial
Corp.?
Dualib - Não conheço e queria
que vocês encontrassem quem
recebeu esse dinheiro lá. Esse
dinheiro saiu de uma conta e
passou para outra que deve ser
a pessoa que pagou o doleiro.
Folha - A questão é que esse dinheiro saiu de uma conta nos
EUA, não de uma conta aqui. O
senhor não tem conta nos EUA?
Dualib - Quem comprou o
meu apartamento fez uma conta para mim nos EUA. Para receber tive que fazer os três cheques, dei para a empresa, e a
empresa entregou para um doleiro. O doleiro que deve ter feito esse rolo todo.
Folha - O senhor não tem mais
a conta?
Dualib - Não, porque esvaziou.
Folha - Mas o dinheiro saiu de
sua conta e foi para a Azteca?
Dualib - Eu acho que quem
fez a operação deve ter pago
aqui o valor, e o dinheiro de lá
foi para a conta dele. Essas contas de doleiro são todas assim.
Ele [doleiro] tem muito dinheiro aqui em real. Ele paga em
real e recebe em dólar lá. E vice-versa. É sempre casada com a
pessoa que quer pôr dólar lá fora. Então ele recebe do banco
para pôr na conta dele.
Folha - Porque foi usada uma
conta nos EUA?
Dualib - Porque ele [comprador] tem conta nos EUA.
Folha - Ele é americano?
Dualib - A mulher dele é americana e ele é espanhol. Entraram aqui no Brasil US$ 300 mil.
E numa empresa. Mais legítimo do que isso não existe. Como ele fez por intermédio de
um doleiro, o que pode acontecer é que tenhamos que prestar
contas à Receita Federal. Se tivermos, paciência.
Folha - O senhor não tem mais
nenhuma conta no exterior?
Dualib - Eu nunca tive conta
no exterior. Nem essa fui quem
abriu. Não sei onde é.
Folha - Mas ele teve que ter a
autorização do senhor?
Dualib - Não, ele falou que tinha negócios e transferiu da
conta dele para a minha. Ele
achou mais fácil com uma carta
e fez isso.
Folha - E o senhor não sabia
disso?
Dualib - Não. Até briguei com
ele na época porque tinham
uns problemas lá no prédio
porque andaram alugando
apartamento e recebendo dinheiro diretamente. E eles usaram dinheiro do aluguel, US$
1,2 mil por mês, para custear o
tratamento da filha do zelador.
Isso me aborreceu mais ainda.
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