São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2010

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FOCO

Entorno do Engenhão festeja vendas, mas aponta descaso

FELIPE CARUSO
DO RIO

O edifício em construção no terreno em que a dona de casa Leila Al Kondari, 51, aprendeu a dirigir destoa das casas ao redor do Estádio Olímpico João Havelange, no Engenho de Dentro, zona norte do Rio de Janeiro.
"Acabaram com o campinho de futebol, e a região valorizou muito", diz Leila, que passou a vender salgadinhos no portão de casa para os torcedores que chegam ao estádio nos dias de jogos.
Apelidado a partir do bairro onde está situado, o Engenhão foi construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007 e custou R$ 380 milhões à Prefeitura do Rio.
Com o estádio instalado numa área onde havia funcionado uma oficina de trens e encravado numa zona residencial, a falta de opções de comércio no entorno fez surgir a possibilidade de novos negócios para os moradores.
A entrada do prédio simples, de três andares, ganha churrasqueiras nos dias de jogos. O muro baixo serve de balcão para o comércio.
Na fachada, uma placa anuncia: "Churrasquinho". Tatiane Xavier, 29, e mais cinco pessoas da família aproveitam para vender os espetinhos e cerveja para os "visitantes" do bairro.
"O Engenhão deu vida ao lugar e trouxe oportunidades de negócio para os moradores. Deixou as ruas mais floridas", conta Tatiane.
Junto à construção do estádio vieram também as promessas de obras de infraestrutura no local, como a construção de viadutos, alargamento de ruas e melhorias no transporte público.
Mas elas ainda não aconteceram. E alguns moradores, insatisfeitos, reclamam.
"Prometeram centro olímpico, quadras poliesportivas e arena cultural. Hoje, temos ruas sem condições de receber o fluxo de trânsito. E os torcedores fazem xixi nas portas das casas", reclama Márcia Jacarandá, 51, advogada e presidente da Associação de Moradores do Entorno do Engenhão.
Para ela, o fechamento do Maracanã para as obras para a Copa do Mundo de 2014 e a transferência dos jogos para o Engenhão "vão deixar pior o que já era ruim".
O botafoguense Paulo Roberto Chamass, 56, que vendeu cachorro-quente no Maracanã por 13 anos, ficou feliz quando construíram o estádio a cem metros da sua casa - e mais ainda quando seu time arrendou o campo.
Agora, no entanto, está temeroso: "Já teve jogo do Flamengo que tivemos que fechar todas as portas. Todo mundo está com medo. Seja o que Deus quiser".


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