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FOCO
Entorno do Engenhão festeja vendas, mas aponta descaso
FELIPE CARUSO
DO RIO
O edifício em construção
no terreno em que a dona de
casa Leila Al Kondari, 51,
aprendeu a dirigir destoa das
casas ao redor do Estádio
Olímpico João Havelange, no
Engenho de Dentro, zona
norte do Rio de Janeiro.
"Acabaram com o campinho de futebol, e a região valorizou muito", diz Leila, que
passou a vender salgadinhos
no portão de casa para os torcedores que chegam ao estádio nos dias de jogos.
Apelidado a partir do bairro onde está situado, o Engenhão foi construído para os
Jogos Pan-Americanos de
2007 e custou R$ 380 milhões
à Prefeitura do Rio.
Com o estádio instalado
numa área onde havia funcionado uma oficina de trens
e encravado numa zona residencial, a falta de opções de
comércio no entorno fez surgir a possibilidade de novos
negócios para os moradores.
A entrada do prédio simples, de três andares, ganha
churrasqueiras nos dias de
jogos. O muro baixo serve de
balcão para o comércio.
Na fachada, uma placa
anuncia: "Churrasquinho".
Tatiane Xavier, 29, e mais
cinco pessoas da família
aproveitam para vender os
espetinhos e cerveja para os
"visitantes" do bairro.
"O Engenhão deu vida ao
lugar e trouxe oportunidades
de negócio para os moradores. Deixou as ruas mais floridas", conta Tatiane.
Junto à construção do estádio vieram também as promessas de obras de infraestrutura no local, como a
construção de viadutos, alargamento de ruas e melhorias
no transporte público.
Mas elas ainda não aconteceram. E alguns moradores,
insatisfeitos, reclamam.
"Prometeram centro olímpico, quadras poliesportivas
e arena cultural. Hoje, temos
ruas sem condições de receber o fluxo de trânsito. E os
torcedores fazem xixi nas
portas das casas", reclama
Márcia Jacarandá, 51, advogada e presidente da Associação de Moradores do Entorno do Engenhão.
Para ela, o fechamento do
Maracanã para as obras para
a Copa do Mundo de 2014 e a
transferência dos jogos para
o Engenhão "vão deixar pior
o que já era ruim".
O botafoguense Paulo Roberto Chamass, 56, que vendeu cachorro-quente no Maracanã por 13 anos, ficou feliz
quando construíram o estádio a cem metros da sua casa
- e mais ainda quando seu
time arrendou o campo.
Agora, no entanto, está temeroso: "Já teve jogo do Flamengo que tivemos que fechar todas as portas. Todo
mundo está com medo. Seja
o que Deus quiser".
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