São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

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AÇÃO

Mundial maiúsculo

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Houve um tempo, no início dos anos 80, que o circuito nacional norte-americano de surfe rivalizou com o circuito mundial. Os australianos dominavam o ranking da International Professional Surfing, que à época definia o campeão mundial, e os americanos, com um circuito regional forte, patrocinado pela Budweiser, preferiam prestigiar as provas locais. Fosse pelo habitual prazer de olhar para o próprio umbigo, pelas limitações de disputar de igual para igual com os australianos ou pelas vantagens econômicas de competir em casa por bons prêmios, exceto por alguns havaianos, os americanos continentais esnobavam o Tour.
Foi só depois de amargar muitas derrotas no Havaí, haver a troca da associação para ASP em 1983 e Tom Curren, em 1985, finalmente conquistar um título para os americanos que os nascidos na terra de Bush passaram a olhar o Mundial de surfe com a devida dimensão.
Situação parecida pode estar acontecendo atualmente no skate. Apesar de o Mundial de skate ser organizado pela WCS (World Cup of Skateboarding), uma entidade privada americana, os atletas daquele país preferem se concentrar nas provas disputadas lá, algumas até válidas para o ranking, do que seguir o calendário da associação, que inclui etapas na Ásia, na Austrália, na Europa e no Brasil, roteiro imprescindível para quem quer chegar ao final da temporada no topo do ranking -são necessários três resultados fora dos EUA na somatória dos cinco melhores para a definição do campeão na vertical.
Com provas como o Gravity Games, os X-Games e o circuito LG Action Sports, distribuindo boa grana em prêmios e garantindo enorme exposição para os atletas americanos negociarem bons patrocínios, fica mais fácil entender por que a prova de abertura da temporada, com o cenário do verão carioca de pano de fundo, uma pista muito bem montada e boa organização, como foi a do Oi Vert Jam, no último final de semana, tenha atraído poucos competidores de fora.
Entre os 10 primeiros na etapa de abertura do ano do vert, estão 9 brasileiros e só 1 americano, Neal Hendrix, o único que veio ao Brasil -ficou em sexto. Os três primeiros, Bob Burnquist, Sandro Mineirinho e Lincoln Ueda, brasileiros que vivem nos EUA, poderiam estar entre os melhores em qualquer prova de qualquer lugar do mundo, mas claro que a ausência de Tony Hawk, Bucky Lasek, Andy MacDonald, entre outros, facilita para eles e distorce a avaliação a que se propõe um circuito dito mundial.
É provável que com o passar do tempo, especialmente se isso vier junto com o aumento das premiações, o circuito da WCS, ou de outra entidade que venha a substituí-la, assim como aconteceu no surfe, o Mundial de skate ganhe a merecida projeção mundial. Enquanto isso, os brasileiros, que formam a segunda potência no esporte, podem ir acumulando títulos e promovendo etapas como a do Rio, que são uma forte contribuição para pôr a competição na devida condição de Mundial de Skate, com letras maiúsculas.

Qix World Contest
Após a estréia do vert, é a vez do street. A etapa inaugural do Mundial ocorre no final de semana em Novo Hamburgo, RS, e a final será exibida pela ESPN Brasil. A prova define o campeão brasileiro de 2005.

13º Prêmio "Fluir"
Na terça, no Jockey Clube do Rio, foram conhecidos os melhores surfistas pelo voto popular: Cauli Rodrigues levou o troféu Pepe Lopes; no longboard, o troféu foi para Picuruta, no feminino, para Silvana Lima, e no masculino, para Adriano Mineirinho (68% dos votos).

Desafio de Los Volcanes - 500 km
A 6ª edição da corrida de aventura que corta a cordilheira dos Andes na Patagônia começa no sábado com 50 quartetos, cinco brasileiros.

E-mail sarli@trip.com.br


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