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AÇÃO
Mundial maiúsculo
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Houve um tempo, no início
dos anos 80, que o circuito
nacional norte-americano de surfe rivalizou com o circuito mundial. Os australianos dominavam
o ranking da International Professional Surfing, que à época definia o campeão mundial, e os
americanos, com um circuito regional forte, patrocinado pela
Budweiser, preferiam prestigiar
as provas locais. Fosse pelo habitual prazer de olhar para o próprio umbigo, pelas limitações de
disputar de igual para igual com
os australianos ou pelas vantagens econômicas de competir em
casa por bons prêmios, exceto por
alguns havaianos, os americanos
continentais esnobavam o Tour.
Foi só depois de amargar muitas derrotas no Havaí, haver a
troca da associação para ASP em
1983 e Tom Curren, em 1985, finalmente conquistar um título
para os americanos que os nascidos na terra de Bush passaram a
olhar o Mundial de surfe com a
devida dimensão.
Situação parecida pode estar
acontecendo atualmente no skate. Apesar de o Mundial de skate
ser organizado pela WCS (World
Cup of Skateboarding), uma entidade privada americana, os atletas daquele país preferem se concentrar nas provas disputadas lá,
algumas até válidas para o ranking, do que seguir o calendário
da associação, que inclui etapas
na Ásia, na Austrália, na Europa
e no Brasil, roteiro imprescindível
para quem quer chegar ao final
da temporada no topo do ranking
-são necessários três resultados
fora dos EUA na somatória dos
cinco melhores para a definição
do campeão na vertical.
Com provas como o Gravity Games, os X-Games e o circuito LG
Action Sports, distribuindo boa
grana em prêmios e garantindo
enorme exposição para os atletas
americanos negociarem bons patrocínios, fica mais fácil entender
por que a prova de abertura da
temporada, com o cenário do verão carioca de pano de fundo,
uma pista muito bem montada e
boa organização, como foi a do Oi
Vert Jam, no último final de semana, tenha atraído poucos competidores de fora.
Entre os 10 primeiros na etapa
de abertura do ano do vert, estão
9 brasileiros e só 1 americano,
Neal Hendrix, o único que veio ao
Brasil -ficou em sexto. Os três
primeiros, Bob Burnquist, Sandro
Mineirinho e Lincoln Ueda, brasileiros que vivem nos EUA, poderiam estar entre os melhores em
qualquer prova de qualquer lugar
do mundo, mas claro que a ausência de Tony Hawk, Bucky Lasek, Andy MacDonald, entre outros, facilita para eles e distorce a
avaliação a que se propõe um circuito dito mundial.
É provável que com o passar do
tempo, especialmente se isso vier
junto com o aumento das premiações, o circuito da WCS, ou de outra entidade que venha a substituí-la, assim como aconteceu no
surfe, o Mundial de skate ganhe a
merecida projeção mundial. Enquanto isso, os brasileiros, que
formam a segunda potência no
esporte, podem ir acumulando títulos e promovendo etapas como
a do Rio, que são uma forte contribuição para pôr a competição
na devida condição de Mundial
de Skate, com letras maiúsculas.
Qix World Contest
Após a estréia do vert, é a vez do street. A etapa inaugural do Mundial
ocorre no final de semana em Novo Hamburgo, RS, e a final será exibida pela ESPN Brasil. A prova define o campeão brasileiro de 2005.
13º Prêmio "Fluir"
Na terça, no Jockey Clube do Rio, foram conhecidos os melhores surfistas pelo voto popular: Cauli Rodrigues levou o troféu Pepe Lopes;
no longboard, o troféu foi para Picuruta, no feminino, para Silvana
Lima, e no masculino, para Adriano Mineirinho (68% dos votos).
Desafio de Los Volcanes - 500 km
A 6ª edição da corrida de aventura que corta a cordilheira dos Andes
na Patagônia começa no sábado com 50 quartetos, cinco brasileiros.
E-mail sarli@trip.com.br
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