São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Após 10 anos, São Paulo revê seu alçapão na Libertadores

Jorge Araújo/Folha Imagem
Cuca, ainda invicto à frente do São Paulo depois de sete partidas no comando, acompanha treino da equipe para pegar o Cobreloa


Morumbi, onde seu dono defende uma série de 13 vitórias seguidas pelo torneio continental, é usado de novo como "caldeirão" por são-paulinos

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O grandioso Morumbi nunca foi considerado um alçapão, mas quando o assunto é São Paulo na Libertadores o estádio vira um terror para os visitantes.
E hoje, contra o Cobreloa, o dono do Morumbi defende uma série de 13 vitórias seguidas como mandante no mais importante torneio do continente usando como a sua principal estratégia a grande motivação de sua torcida.
O São Paulo não atua em casa pela Libertadores desde a perda do título de 1994 para o Vélez Sarsfield, mas naquela ocasião o time de Telê Santana venceu (1 a 0), diante de 92.650 pessoas.
Os torcedores são-paulinos parecem ter obsessão pela Libertadores. A média de público do São Paulo como mandante na competição é de aproximadamente 37 mil pessoas, número comparável ao de grandes clubes da Europa e que supera com folga, por exemplo, a média do líder de público do Brasileiro passado, o Cruzeiro.
Na era Telê Santana, o São Paulo foi mandante 15 vezes na Libertadores. Venceu 14 jogos e empatou somente um. Devido aos resultados em casa, alcançou três finais consecutivas e dois títulos -contra o Newell's Old Boys, em 1992, atraiu 105.185 pessoas.
"A distância do jogador para a torcida é maior do que a do Maracanã. Mas o tamanho do Morumbi, a quantidade de pessoas, o ruído, acaba intimidando muitos dos nossos adversários", diz João Paulo Jesus Lopes, diretor de planejamento do clube, que abaixou o preço dos ingressos pela metade em comparação com o Paulista.
Pelo menos 27 mil ingressos já tinham sido vendidos até ontem para o jogo com o Cobreloa. São esperadas quase 60 mil pessoas, mesmo com o jogo começando em horário pouco comum (19h).
"É uma expectativa de dez anos. Conversamos com torcedores nas ruas, e eles só falam de Libertadores. Vamos aproveitar isso para motivar o time. Estamos em contato com o departamento de marketing para fazermos várias promoções", afirma Marco Aurélio Cunha, supervisor do time.
Na época de Telê, a diretoria são-paulina também fez promoções que transformaram o "frio" Morumbi em um "caldeirão".
Contra o Unión Española em 1994, por exemplo, 85 mil pessoas foram ver um jogo à tarde e mais de 10 mil não conseguiram entrar no estádio -o ingresso era mais barato para quem vestisse as camisas do São Paulo e da seleção.
Agora, alguns torcedores serão levados pelo clube em viagens na Libertadores. O time já fretou avião para Quito, local de seu próximo compromisso fora de casa. No estádio, o hino do clube deverá ser tocado já na entrada do time. Grupos de torcedores prometeram não vaiar a equipe antes e durante os jogos no Morumbi.
"O que ganhamos com bilheteria representa somente 15% do nosso faturamento, mas o estádio cheio dá ao clube poder maior de negociação para placas estáticas e com a televisão", diz Jesus Lopes.
Técnico e atletas pediram publicamente a presença dos torcedores no Morumbi. "Contamos com o apoio da torcida nesse jogo", disse Cuca, repetindo prática motivacional de Luiz Felipe Scolari.
"Os torcedores só querem saber de Libertadores. Nem parecem ligar para as outras competições. Temos que ganhar o título", afirmou o lateral-direito Cicinho.

Colaborou Eduardo Arruda, da Reportagem Local

NA TV - Fox e Sportv, ao vivo, às 19h


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Saiba mais: Time é mandante mais cruel que o Boca Juniors
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.