São Paulo, quarta-feira, 27 de fevereiro de 2002

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CBF articula por Romário

Teixeira almoça com atacante e reforça pressão por convocação à Copa

Alexandre Campbell/Folha Imagem
TESTE DE FORÇA
Grafite em parede de loja de artigos esportivos no bairro de Icará, em Niterói (RJ), mostra o treinador da seleção, Luiz Felipe Scolari, disputando uma queda-de-braço com o atacante Romário, aludindo à ausência do vascaíno nas últimas convocações

DA REPORTAGEM LOCAL
E DA SUCURSAL DO RIO

Pessoalmente, e em público, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, abriu caminho para o atacante Romário participar da próxima Copa do Mundo.
Durante almoço com o atacante vascaíno no Itanhangá Golf Club (zona oeste do Rio), Teixeira perguntou se o jogador estaria disposto a voltar à seleção. Romário disse que sim.
Depois do almoço com o jogador, tetracampeão no Mundial em 1994, o presidente da CBF convocou o técnico Luiz Felipe Scolari para uma reunião em outro restaurante. Nenhum dos dois revelou o teor do encontro.
O almoço com Romário foi a forma encontrada pelo dirigente para mostrar publicamente que ele também é favorável à convocação de Romário, 36.
Antes de Teixeira, o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, já havia defendido a convocação do vascaíno.
A opinião de FHC é compartilhada por 69% dos brasileiros, conforme revelou pesquisa Datafolha publicada ontem.
Romário não é convocado por Scolari desde 1º de julho do ano passado, quando a seleção enfrentou o Uruguai, pelas eliminatórias sul-americanas.
Segundo Scolari disse a pessoas próximas, Romário cometeu atos de indisciplina em Montevidéu. Desde então, não figurou mais de nenhuma lista, apesar da pressão da opinião pública.
Ontem, Romário negou que o encontro serviu para garantir seu nome na Copa. "Não teve nada a ver com a seleção. Conversamos sobre coisas particulares. Se o Felipão me chamar amanhã [hoje", não será pela conversa. Às vezes nós conversamos, por telefone ou pessoalmente. A única diferença é que desta vez vocês souberam", disse o atacante.
O almoço também deixa claro que Teixeira resolveu pôr em prática sua determinação de voltar a ser manager da seleção.
A participação mais ativa de Teixeira sobre o time nacional ganhou intensidade no início na semana passada.
De uma só vez, Teixeira alterou dois integrantes da comissão técnica. Colocou o jornalista Rodrigo Paiva no lugar de Carlos Lemos, o antigo assessor de imprensa da entidade, e trocou o ex-administrador Mauro Félix por Américo Faria.
Uma das principais preocupações de Teixeira é com a falta de experiência internacional da comissão técnica. Para o dirigente, isso ficou evidenciado na viagem da seleção para Riad, onde o Brasil enfrentou a Arábia Saudita.
Para tentar amenizar o problema, o presidente convidou o ex-jogador Falcão para ser o novo diretor técnico do time nacional.
Treinador da seleção em 1991, Falcão teria função hierarquicamente superior a Scolari.
Com a indicação de Falcão, a cúpula da CBF espera que o coordenador técnico Antonio Lopes, ao se perceber sem função, peça demissão do cargo.
Hoje comentarista da TV Globo e do jornal "Zero Hora", o ídolo do Internacional pode ser anunciado hoje como novo integrante da comissão técnica.
Pela manhã, Scolari divulgará no Rio os 22 convocados para o amistoso contra a Islândia, no dia 7 de março, em Cuiabá.
O atacante Luizão, que luta na Justiça para sair do Corinthians, não deve ser convocado.
Anteontem à noite, em entrevista ao programa "Cadeira Cativa", da TV Guaíba, de Porto Alegre, Scolari disse que, enquanto não estiver jogando, o atacante não será convocado.
Para justificar sua postura, o técnico lembrou que excluiu Ronaldinho das convocações quando do imbróglio envolvendo seu o PSG e o Grêmio.
Para o jogo contra a Islândia, Scolari não poderá contar com a maioria dos jogadores que defendem clubes europeus. Como a data escolhida para o amistoso não foi agendada pela Fifa, os times do exterior não são obrigados a liberar seus atletas. Um dos poucos "estrangeiros" convocados deve ser o meia-atacante Djalminha, do espanhol La Coruña.



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