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FUTEBOL
Pareggite
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Bola na área aos 45min da
etapa final, e Goitom toca de
cabeça para o fundo da rede. A
Inter viu assim no sábado passado, contra a Udinese, seu 16º empate no Campeonato Italiano.
Falta agora só uma igualdade para ela igualar sua maior marca de
empates em uma temporada. E
tem 13 rodadas e um clássico com
o Milan hoje para selar essa façanha histórica (na ida, deu 0 a 0).
A equipe do técnico Roberto
Mancini já pode ser considerada
a mais curiosa na elite da bola
mundial na temporada. Sem
alarde, o time não perdeu de ninguém. Colecionou mais um empate no meio de semana contra o
Porto (levou o 1 a 1 após desperdiçar boas chances para liquidar) e
é o único clube que pode ser campeão europeu invicto agora.
Não teve alarde porque não teve brilho. Nem mesmo na Copa
da Itália, competição em que está
nas semifinais, a Inter posa de favorita. O time, literalmente, empata. Chegou a ter uma seqüência
de sete igualdades no primeiro
turno do Italiano. As estrelas Toldo, atrás, e Adriano, na frente,
deixam a desejar na temporada.
Só dois times conseguiram terminar um Italiano sem derrotas
desde que o tradicional campeonato da bota adotou seu formato
moderno (temporada 1929/1930):
o Milan campeão 1991/1992 e o
Perugia vice 1978/1979. Um terceiro colocado invicto seria algo
já bem estranho por si só. Mas, do
jeito que a coisa vai, a Inter pode
fechar a temporada nas três competições sem uma derrota -o
Milan e o Perugia citados caíram
na Copa da Itália, por exemplo.
O recorde de empates em um
Italiano é do Mantova 1966/1967.
Foram 22 empates, seis a mais do
que a Inter atual. Mas há tempo
para a quebra do recorde, até porque o tempo parece jogar contra a
Inter. Nas últimas partidas, abre
vantagem e depois recua, meio
que pedindo a igualdade. O mal,
já batizado de ""pareggite", tem
despertado várias teses na Itália.
A maior delas é histórica: desde o
sucesso do técnico argentino Helenio Herrera, mestre do "catenaccio" e do "contropiede", nos
anos 60, a Inter renuncia ao ataque após fazer um gol.
Talvez isso explique o longo jejum de títulos da equipe no Italiano -na ""fila" desde 1988/1989.
Fazendo uma análise das igualdades da Inter na temporada do
calcio, vê-se um pouco mais de
empates com ""gosto de derrota",
como o da Udinese há uma semana, do que com ""sabor de vitória",
como o contra a Juventus em novembro (2 a 2 no final após estar
perdendo da rival por 2 a 0).
O clássico de hoje em Milão
atrai até mais pela Inter do que
pelo Milan. Afinal, se o time de
Kaká vencer o duelo, o que lhe
manterá na ponta da tabela, as
manchetes dos jornais deverão
ser algo do tipo ""a Inter perde, enfim". Caso a equipe de Adriano
saia com os três pontos, deixará a
Juventus de novo na rota do scudetto, um cenário que era visto
até a rodada passada. Porém tudo indica que vai dar empate.
Nem o interista mais fanático
deve celebrar se o time não perder
nenhuma e o título não vier. Nem
Mancini deve rotular sua equipe
de campeã moral se ela ficar invicta. A Inter seguirá empatada!
Amarelite
A rodada de abertura do mata-mata da Copa dos Campeões deixou
uma marca curiosa. Os times com maior tradição internacional levaram a melhor disparadamente no confronto, mesmo quando não tinham claro favoritismo. Real Madrid, Milan, Liverpool e Bayern, os
quatro papões de taças do torneio que ainda estão na disputa, venceram. Barcelona e PSV, que já levantaram a taça, dobraram os ""virgens" Chelsea e Monaco, respectivamente. Porto e Inter de Milão,
dois bicampeões continentais, fizeram o único empate da rodada
(um pouco pelo equilíbrio histórico e muito pelo tema da coluna de
hoje). O Lyon foi o único que garantiu classificação para as quartas-de-final já na partida de ida ao fazer 3 a 0 fora de casa no Werder Bremen. Os dois times chegaram no máximo às quartas-de-final, mas a
equipe francesa conseguiu isso recentemente (2004). Camisa pesa!
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
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