São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ATENAS 2004

Pão de Açúcar, "dono" de time olímpico, propõe que alguns se sacrifiquem pelo sonho da 1ª medalha

Patrocinador sugere tática de resultado e embaraça triatletas

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Considerado essencial para a obtenção de uma medalha no triatlo na Olimpíada, em agosto, o jogo de equipe não deve acontecer entre os brasileiros.
A sugestão para um trabalho que beneficie um atleta foi dada pelo Pão de Açúcar. A empresa patrocina os seis atletas classificados para os Jogos de Atenas: Leandro Macedo, Juraci Moreira, Paulo Miyasiro, Carla Moreno, Mariana Ohata e Sandra Soldan.
Ontem, todos tiveram uma reunião em São Paulo com Marcos Paulo Reis, coordenador da equipe de triatlo da empresa e treinador de Mariana e Miyasiro.
O Pão de Açúcar defende que dois atletas entrem na prova para tentar pôr o outro brasileiro no pódio. Eles poderiam guiar o companheiro na natação, protegê-lo no ciclismo e forçar o ritmo durante a corrida. "Uma medalha olímpica seria o mais importante para o Brasil", afirma Reis.
Como incentivo, a empresa já anunciou que dará um bônus para quem subir ao pódio: R$ 200 mil pelo ouro, R$ 100 mil pela prata e R$ 70 mil pelo bronze. Ontem, houve o acerto de que, se alguém for favorecido, dividirá o prêmio.
Teoricamente, o país seria um dos maiores beneficiados pela estratégia coletiva. Só seis nações classificaram para os Jogos três atletas no masculino e no feminino: Brasil, Alemanha, Austrália, Espanha, EUA e Reino Unido.
Na prática, o entendimento entre os trios masculino e feminino é bem mais complicado. "Um trabalho de equipe tem que ser feito com anos de antecedência. O Brasil nunca fez isso. Para Atenas não acredito que irá acontecer. Talvez dê para a próxima Olimpíada", argumenta Juraci Moreira.
Outro problema para um plano coletivo é o choque entre patrocinadores. Embora todos recebam do Pão de Açúcar, alguns têm apoio de outras empresas. É o caso de Mariana, Sandra e Juraci, que também contam com parceria com a Brasil Telecom.
Leandro Macedo, melhor brasileiro no ranking da UIT (União Internacional de Triatlo) e possível beneficiado por um planejamento de prova em conjunto, acredita que nenhum brasileiro irá se sacrificar pelo compatriota.
"Vamos tentar correr em equipe de uma maneira que ninguém seja prejudicado. Nossa idéia é que todos consigam fazer uma boa prova", afirma Macedo.
A idéia do atleta esbarra na realidade internacional. A Espanha, um dos países que mais usam o jogo de equipe, compete para ajudar só um atleta. Muitas vezes, os outros nem terminam o percurso.
No feminino, o acerto será ainda mais difícil. O maior empecilho é a proximidade técnica. Carla, Mariana e Sandra estão quase juntas no ranking da UIT. "Vamos correr em equipe, mas só tomaremos uma decisão sobre isso quando a Olimpíada estiver mais próxima. Vamos ver em que condição cada uma estará", diz Carla.
A estratégia de disputa em equipe não é uma garantia de medalha. "Tenho que ser sincero e admitir que será difícil conseguir medalha. Mas, se sua equipe colaborar, ajuda muito", analisa Reis.


Texto Anterior: Santo André reage, mas não evita derrota
Próximo Texto: Empresa afirma que seu projeto não será imposto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.