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ATENAS 2004
Pão de Açúcar, "dono" de time olímpico, propõe que alguns se sacrifiquem pelo sonho da 1ª medalha
Patrocinador sugere tática de resultado e embaraça triatletas
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Considerado essencial para a
obtenção de uma medalha no
triatlo na Olimpíada, em agosto, o
jogo de equipe não deve acontecer entre os brasileiros.
A sugestão para um trabalho
que beneficie um atleta foi dada
pelo Pão de Açúcar. A empresa
patrocina os seis atletas classificados para os Jogos de Atenas:
Leandro Macedo, Juraci Moreira,
Paulo Miyasiro, Carla Moreno,
Mariana Ohata e Sandra Soldan.
Ontem, todos tiveram uma reunião em São Paulo com Marcos
Paulo Reis, coordenador da equipe de triatlo da empresa e treinador de Mariana e Miyasiro.
O Pão de Açúcar defende que
dois atletas entrem na prova para
tentar pôr o outro brasileiro no
pódio. Eles poderiam guiar o
companheiro na natação, protegê-lo no ciclismo e forçar o ritmo
durante a corrida. "Uma medalha
olímpica seria o mais importante
para o Brasil", afirma Reis.
Como incentivo, a empresa já
anunciou que dará um bônus para quem subir ao pódio: R$ 200
mil pelo ouro, R$ 100 mil pela prata e R$ 70 mil pelo bronze. Ontem,
houve o acerto de que, se alguém
for favorecido, dividirá o prêmio.
Teoricamente, o país seria um
dos maiores beneficiados pela estratégia coletiva. Só seis nações
classificaram para os Jogos três
atletas no masculino e no feminino: Brasil, Alemanha, Austrália,
Espanha, EUA e Reino Unido.
Na prática, o entendimento entre os trios masculino e feminino
é bem mais complicado. "Um trabalho de equipe tem que ser feito
com anos de antecedência. O Brasil nunca fez isso. Para Atenas não
acredito que irá acontecer. Talvez
dê para a próxima Olimpíada",
argumenta Juraci Moreira.
Outro problema para um plano
coletivo é o choque entre patrocinadores. Embora todos recebam
do Pão de Açúcar, alguns têm
apoio de outras empresas. É o caso de Mariana, Sandra e Juraci,
que também contam com parceria com a Brasil Telecom.
Leandro Macedo, melhor brasileiro no ranking da UIT (União
Internacional de Triatlo) e possível beneficiado por um planejamento de prova em conjunto,
acredita que nenhum brasileiro
irá se sacrificar pelo compatriota.
"Vamos tentar correr em equipe de uma maneira que ninguém
seja prejudicado. Nossa idéia é
que todos consigam fazer uma
boa prova", afirma Macedo.
A idéia do atleta esbarra na realidade internacional. A Espanha,
um dos países que mais usam o
jogo de equipe, compete para ajudar só um atleta. Muitas vezes, os
outros nem terminam o percurso.
No feminino, o acerto será ainda mais difícil. O maior empecilho é a proximidade técnica. Carla, Mariana e Sandra estão quase
juntas no ranking da UIT. "Vamos correr em equipe, mas só tomaremos uma decisão sobre isso
quando a Olimpíada estiver mais
próxima. Vamos ver em que condição cada uma estará", diz Carla.
A estratégia de disputa em equipe não é uma garantia de medalha. "Tenho que ser sincero e admitir que será difícil conseguir
medalha. Mas, se sua equipe colaborar, ajuda muito", analisa Reis.
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