|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Torcida apóia time e chama técnico de burro
DA REPORTAGEM LOCAL
A Argentina faz milagres.
Não foi um show, como o das
torcidas de clubes, mas, comparando-se com os últimos jogos da
seleção em São Paulo, quando
bandeiras do país foram atiradas
no chão e as vaias e xingamentos
deram a tônica, o apoio dos brasileiros que estiveram ontem no
Morumbi ao time nacional cresceu absurdamente.
Apenas uma atitude de Wanderley Luxemburgo abalou o
apoio dos torcedores à seleção.
O técnico teve que ouvir o coro
de ""burro, burro", quando substituiu Alex por César Sampaio, no
segundo tempo.
Claro que o futebol apresentado
pela seleção foi fundamental, mas
o comportamento foi motivado
graças também à rivalidade entre
o futebol dos dois países.
Quando os argentinos entraram
em campo antes da partida para
aquecer, a vaia foi geral. O mais
perseguido foi o meia Ortega, que
ouviu o mesmo coro que se repetiria algumas vezes ao longo da
partida: "Ortega, viado".
Provocada pelos brasileiros, a
torcida argentina respondia gritando "Paraguai, Paraguai" e fazendo com as mãos o sinal de 2 a
1, remetendo à derrota da seleção
na semana passada em Assunção.
O gol de Alex logo aos 5min de
jogo também facilitou a situação
do Brasil, mas a animação da torcida começou bem antes.
Incentivados pela bateria da escola de samba Vai-Vai, os 80 mil
torcedores que encheram o Morumbi exaltavam o time. "Lê, lê,
leô, lê, leô, lê, leô, lê, leô, Brasil"
era o refrão preferido, embora alguns tímidos "sou brasileiro, com
muito orgulho, com muito amor"
pudessem ser ouvidos.
O público cantou a plenos pulmões o Hino Nacional Brasileiro
e, mesmo que quisesse, nem poderia ter hostilizado o similar argentino. Como haviam feito os
uruguaios no jogo contra a seleção no Maracanã, os adversários
de ontem, temendo uma vaia, pediram para que o seu hino não
fosse executado.
Logo aos 3min de jogo, a torcida
já gritava "olé" a cada toque brasileiro. A empolgação virou euforia
com o gol de Alex, mas caiu ao
longo do primeiro tempo.
Ainda atordoado pela fulminante reação argentina no final da
etapa inicial, o público brasileiro
viu mudo a seleção descer para os
vestiários, enquanto a torcida argentina fazia festa.
Quando Vampeta, no início do
segundo tempo, fez o seu segundo
gol e o terceiro do Brasil, quem
apareceu foi a torcida corintiana,
que, celebrando o seu jogador,
berrava "Timão, êo".
O "brasileiro com muito orgulho e muito amor" também reapareceu, assim como os "olés".
O apoio à seleção também pôde
ser observado em faixas nas arquibancadas. A que mais chamava a atenção era uma resposta à
provocação vista em um estádio
argentino recentemente, em que
Pelé engraxava a chuteira de Maradona. Na "faixa contra-ataque",
Maradona, de quatro, era chutado por Pelé, sobre as legendas "Eu
sou o rei. Diga não às drogas".
Texto Anterior: Lance a lance Próximo Texto: Ronaldo visita jogadores e vai ao Morumbi Índice
|