São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 2000


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Torcida apóia time e chama técnico de burro

DA REPORTAGEM LOCAL

A Argentina faz milagres.
Não foi um show, como o das torcidas de clubes, mas, comparando-se com os últimos jogos da seleção em São Paulo, quando bandeiras do país foram atiradas no chão e as vaias e xingamentos deram a tônica, o apoio dos brasileiros que estiveram ontem no Morumbi ao time nacional cresceu absurdamente.
Apenas uma atitude de Wanderley Luxemburgo abalou o apoio dos torcedores à seleção.
O técnico teve que ouvir o coro de ""burro, burro", quando substituiu Alex por César Sampaio, no segundo tempo.
Claro que o futebol apresentado pela seleção foi fundamental, mas o comportamento foi motivado graças também à rivalidade entre o futebol dos dois países.
Quando os argentinos entraram em campo antes da partida para aquecer, a vaia foi geral. O mais perseguido foi o meia Ortega, que ouviu o mesmo coro que se repetiria algumas vezes ao longo da partida: "Ortega, viado".
Provocada pelos brasileiros, a torcida argentina respondia gritando "Paraguai, Paraguai" e fazendo com as mãos o sinal de 2 a 1, remetendo à derrota da seleção na semana passada em Assunção.
O gol de Alex logo aos 5min de jogo também facilitou a situação do Brasil, mas a animação da torcida começou bem antes.
Incentivados pela bateria da escola de samba Vai-Vai, os 80 mil torcedores que encheram o Morumbi exaltavam o time. "Lê, lê, leô, lê, leô, lê, leô, lê, leô, Brasil" era o refrão preferido, embora alguns tímidos "sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor" pudessem ser ouvidos.
O público cantou a plenos pulmões o Hino Nacional Brasileiro e, mesmo que quisesse, nem poderia ter hostilizado o similar argentino. Como haviam feito os uruguaios no jogo contra a seleção no Maracanã, os adversários de ontem, temendo uma vaia, pediram para que o seu hino não fosse executado.
Logo aos 3min de jogo, a torcida já gritava "olé" a cada toque brasileiro. A empolgação virou euforia com o gol de Alex, mas caiu ao longo do primeiro tempo.
Ainda atordoado pela fulminante reação argentina no final da etapa inicial, o público brasileiro viu mudo a seleção descer para os vestiários, enquanto a torcida argentina fazia festa.
Quando Vampeta, no início do segundo tempo, fez o seu segundo gol e o terceiro do Brasil, quem apareceu foi a torcida corintiana, que, celebrando o seu jogador, berrava "Timão, êo".
O "brasileiro com muito orgulho e muito amor" também reapareceu, assim como os "olés".
O apoio à seleção também pôde ser observado em faixas nas arquibancadas. A que mais chamava a atenção era uma resposta à provocação vista em um estádio argentino recentemente, em que Pelé engraxava a chuteira de Maradona. Na "faixa contra-ataque", Maradona, de quatro, era chutado por Pelé, sobre as legendas "Eu sou o rei. Diga não às drogas".


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