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FUTEBOL
Bem-vindas discussões
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
No programa "Esporte Visão" de domingo da Rede
Brasil, houve um ótimo debate
entre o Fernando Calazans e o
Parreira. Calazans disse, com razão, que volante da seleção, além
de marcar bem, precisa saber jogar, ter habilidade e bom passe.
Calazans lembrou que, no
Mundial de 2002, a seleção melhorou com a entrada de um volante criativo, fino, de toques bonitos (Gilberto Silva), no lugar de
um apenas marcador (Emerson).
O outro volante, Kleberson, também era um jogador técnico.
Porém Gilberto Silva é uma das
poucas exceções da posição. Por
isso, é titular da seleção e do Arsenal, um dos melhores times do
mundo. A queda de qualidade
dos volantes, em todo o mundo, é
decorrente da divisão que houve
entre os volantes que só sabem
marcar e os meias ofensivos que
atuam quase como um terceiro
atacante. Diminuíram bastante
os típicos jogadores de meio-campo que desarmavam, organizavam as jogadas e atuavam bem
de uma intermediária a outra.
Parreira argumentou que toda
equipe precisa ter no meio um especialista na marcação e que na
Copa-2002 isso não foi necessário
porque havia três zagueiros. Como a seleção atual joga com dois
zagueiros, e os dois laterais
apóiam bastante, deduzo que ele
pode escalar (não no primeiro jogo) Emerson e Gilberto Silva,
saindo Kleberson ou Zé Roberto.
Na estréia, o time vai jogar com
Gilberto Silva mais recuado pelo
meio, Kleberson pela direita e Zé
Roberto, pela esquerda, os dois
com funções defensivas e ofensivas. Será um risco atuar apenas
com um volante, dois zagueiros e
dois laterais apoiadores.
Há outra questão importante: a
seleção tem cinco excepcionais
meias ofensivos (Ronaldinho, Rivaldo, Alex, Kaká e Diego) e nenhum craque no meio-campo.
Kleberson e Zé Roberto são bons,
mas comuns. Com o tempo, Renato pode ocupar o lugar do Kleberson. Se Ricardinho estivesse
bem, substituiria Zé Roberto.
Para aproveitar o maior número de meias ofensivos, Felipão escalou na Copa Ronaldinho e Rivaldo e Ronaldo, em vez de um
meia de ligação e dois atacantes.
Parreira deve fazer o mesmo.
Porém continuará faltando um
craque no meio-campo. Uma solução seria tentar adaptar um dos
meias ofensivos à função de armador. Ele teria de marcar e iniciar as jogadas no campo do Brasil. Isso ficaria mais fácil se atuasse ao lado de dois volantes.
Por causa da juventude, talento
e mobilidade, Diego teria mais
chances de se adaptar. Foi mais
ou menos o que fez Ricardo Gomes na seleção pré-olimpica. Na
Copa Ouro, usou dois volantes,
Julio Baptista e Paulo Almeida, e
Diego mais recuado. Robinho
também voltava pela esquerda.
Quando voltou ao Santos, Diego passou a atuar como na seleção. Leão não gostou, com razão.
O terceiro armador da equipe é o
Elano, pela direita. Diego joga
mais adiantado, nas costas dos
volantes adversários e próximo
do centroavante.
Parreira tem ótimas opções.
Qual é a melhor? Saberemos
quando a bola rolar. A função do
técnico é encontrar soluções, e a
da crônica esportiva, analisar o
que foi feito, com total independência, como faz o Calazans.
Equilíbrio e loucura
Não se pode analisar as equipes
no segundo turno do Brasileiro
sem levar em conta o que fizeram
no primeiro. Se o Goiás estivesse
bem na primeira fase, não ficaria
13 jogos invicto. Cuca substituiu o
zagueiro Alexandre (aquele do
Palmeiras), arrumou a defesa e
manteve a qualidade do ataque.
No primeiro turno, o Cruzeiro
procurava a vitória em todos os
jogos. No segundo, quis administrar a vantagem fora de casa e se
deu mal. Além disso, perdeu Luisão e, principalmente, Deivid, seu
principal jogador depois do Alex.
O Santos segue bem. Robinho
teve uma ótima atuação contra o
Flamengo. Diego está alternando
muito melhor o passe com a condução da bola e ficando menos no
chão. Já é um craque, em condições de atuar na seleção principal.
O São Paulo ganhou vários jogos fora de casa sem convencer e
achou que o time estava uma maravilha. A equipe não precisa ser
tão ofensiva e frágil na defesa como na época em que era dirigida
pelo Oswaldo Oliveira nem tão
obcecada pela marcação, como
agora. É preciso atingir o equilíbrio, como diz o Parreira.
O técnico da seleção sonha tanto com o perfeito equilíbrio (não
existe) que isso pode se tornar um
problema. Um pouco de "loucura" também faz bem.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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