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MOTOR
Brincadeira de carrinho
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Das maluquices e histórias
mal contadas que pipocam o
tempo todo no automobilismo, a
maioria com as únicas intenções
de fazer espuma para faturar alto
e/ou lavar dinheiro, a tal A1 GP
parecia ser só mais uma delas.
A idéia, embora atrativa, não
era nova: um campeonato no inverno europeu, durante as férias
da F-1, usando carros idênticos e
com as equipes representando
países. (Anos atrás, recordo, haviam anunciado algo assim, mas
com grandes clubes de futebol.)
Quase sempre essas tais categorias organizam suntuosas apresentações para a imprensa, mostram vídeos bem produzidos, prometem chacoalhar o esporte e desaparecem meses depois, antes da
primeira prova, voltando para o
mesmíssimo lugar de onde vieram. Que, aliás, não sei onde fica.
Essa introdução toda foi para
justificar o pé atrás desta coluna.
E apresentar um mea-culpa pelo
silêncio dos últimos meses: sim,
no dia 25 do mês que vem, coincidindo com Interlagos, a A1 GP
sairá do papel e realizará sua corrida inaugural em Brands Hatch.
O campeonato ainda dividirá
atenções com a F-1 na sua segunda etapa, em Lausitz. A partir daí
e até a antepenúltima prova, fará
carreira solo: correrá em 23 de outubro no saudoso Estoril e então
fugirá do frio, indo a circuitos célebres e a outros que tenho curiosidade de conhecer. Sydney, Pequim, San Antonio, Cidade do
Cabo, Laguna Seca, Sepang...
O que faz a diferença, como em
tudo na vida, é o homem que está
por trás da iniciativa. É claro que
o xeque Maktoum Hasher Maktoum al Maktoum, da família
real de Dubai, não está entrando
nessa por amor ao esporte ou filantropia. Mas, até começar a ter
lucro, ele seguirá colocando do
bolso. Que parece ser fundo.
Talvez mais profundo do que os
poços de petróleo que o enriquecem. A ponto de ele ter comprado
todos os 50 carros e repassado aos
"donos" dos times. Ênfase nas aspas. Ou você acredita que o súbito
interesse de personalidades como
Ronaldo, Mandela, Surtees e Figo
pelo campeonato é coincidência?
Vamos fingir que acreditamos.
Afinal, no contexto do esporte a
motor, esse teatrinho ingênuo torna-se divertido. Que seja essa a
única mentirinha da brincadeira.
Porque o resto está sendo promissor. Como nesta semana, nos
últimos testes antes da primeira
prova, em Paul Ricard. As 20
equipes participaram, entre elas
algumas de países com pouca ou
nenhuma tradição no automobilismo, como Paquistão, Indonésia
e Líbano. O mais rápido foi o
americano Speed, 1min24s177.
Neste ano o De la Rosa virou
57s276 na mesma pista. No último teste que fez lá, a GP2 atingiu
1min16s239, com o Pantano.
Ok, não são os carros mais velozes do mundo, mas têm um visual
diferente -pneus slicks e uma
asa traseira enorme, integrada ao
chassi- e devem entreter os torcedores nas entressafras de
ChampCar, F-1, IRL e quetais.
Deixemos o mau humor, as quizilas e as desconfianças de lado e
divirtamos-nos, pois. Vai ser bacana, com pistas, pilotos, neo-dirigentes e carros esquisitões.
Pelo menos enquanto houver
fundos nos cheques do xeque.
Bom humor 1
Começa hoje, extra-oficialmente, o GP Brasil. Marcado de perto pela
imprensa, Whitting vai vistoriar a pista, sugerir uma ou duas alterações e comer feijoada no autódromo. Só aqui ele é celebridade.
Bom humor 2
A provável adesão da Volkswagen à Stock Car, novidade anunciada
por Castilho de Andrade, representaria mais um passo na evolução
da categoria. Que corre em Londrina neste fim de semana.
Bom humor 3
Só pode ser piada. De Barrichello, na "Autosport": "Se eu tivesse sido
mais agressivo e preservado menos uma certa harmonia, o ambiente
na equipe teria sido bem diferente".
E-mail fseixas@folhasp.com.br
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