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FUTEBOL
No meio do caminho
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Concluída a rodada deste
meio de semana, a maioria
das equipes chega à metade de
sua jornada no Campeonato Brasileiro. E, conforme o perfil do
passado, cada time mira o futuro
de um modo particular.
Como a situação dos paulistas é
muito diversa, fui obrigado a recorrer à ajuda de um outro analista futebolístico, o senhor Carlos
Drummond de Andrade. Tomei-lhe emprestado o primeiro verso
do famoso poema "No meio do
caminho" e tentei adaptá-lo de
acordo com cada equipe.
O resultado ficou assim:
Corinthians: já classificado para a Libertadores, o time do Parque São Jorge disputa um campeonato de cobranças mornas. Se
ganha, muito bem; se perde, paciência. Obviamente o clube deseja vencer o torneio, mas, caso a
taça não venha, Parreira terá feito uma pré-temporada de luxo,
acertando os ponteiros para as
disputas importantes do ano que
vem. Para o Corinthians, o verso
ficaria assim: "No meio do caminho tem um pedrisquinho".
São Caetano: faz a campanha
competente de sempre, com a ressurreição de Claudecir, a volta de
Adhemar. Por enquanto joga solto e tranquilo, polindo as qualidades e aparando os defeitos, mas
tem pela frente o fantasma das fases finais. Seu verso seria: "No
meio do caminho tem uma pedra
preciosa (ou será bijuteria?)".
Santos: surpreende com seu time de juniores, tanto que tem dificuldade em encaixar Robert, até
ontem a prima-dona da companhia. A velocidade, a descontração e a vocação ofensiva do conjunto empolgam. Resta saber se
terá estrutura emocional para encarar a responsabilidade da classificação. "No meio do caminho
tem uma pedra fundamental."
São Paulo: a maioria dos especialistas acredita que o tricolor de
Kaká e Ricardinho está destinado
a belas atuações e notáveis conquistas; por outro lado, eram esperados, a esta altura, números
mais compatíveis com a grandeza
do elenco. Daqui para frente saberemos se o time é uma jóia ou
não. "No meio do caminho tem
uma pedra de toque."
Guarani: sem sofrer com as cobranças, mesmo porque não se esperava muito do elenco, o Bugre
vem sendo uma das mais simpáticas surpresas até aqui. Joga com
eficiência e destemor, tendo ainda uma das melhores defesas do
campeonato. Picerni está se revelando um alquimista capaz de
transformar qualquer equipe em
ouro. "No meio do caminho tem
uma pedra filosofal."
Lusa: tem, disparado, o elenco
mais barato e despretensioso do
grupo paulista e, apesar disso,
vem calando os que previam uma
mera luta contra o rebaixamento.
Há que ver se o time não vai escorregar na segunda fase. Seu verso seria: "No meio do caminho
tem uma pedra-sabão".
Ponte Preta: faz campanha burocrática e, por enquanto, suficiente para se manter longe dos
desesperados. Não anima a imprensa e preocupa seus torcedores, que esperam, ao menos, uma
participação digna no bloco intermediário. "No meio do caminho tem uma pedra lascada."
Palmeiras: grande decepção do
campeonato, o Palmeiras terá
que lutar uma luta sem tréguas,
vencendo adversários atrás de
adversários, impondo viradas e
buscando goleadas. E isso apenas
para fugir à degola. Será uma jornada desesperada e cheia de emoções. "No meio do caminho tem
uma pedreira; uma pedreira não,
uma montanha; uma montanha
não, uma cordilheira!"
Sifo
Sifo (no Oriente conhecido
como Syh-foo), o deus que
rege os últimos minutos de
um jogo, aplicou mais um de
seus golpes, desta vez no São
Caetano, que tomou um gol
aos 47min. Antes ele estava
ocupado com a seleção feminina de basquete, que perdeu
dois jogos por um ponto.
Aborrecimento
O jogo entre Corinthians e
Juventude foi a coisa mais
chata que vi na TV nos últimos tempos (tirando, é claro,
o programa do João Kléber).
Voto consciente
Em tempos de eleição, nunca
é demais atentar para o caso
do Bragantino. Usado por
políticos da região, o time teve uma fase de ascensão e foi
vice-campeão brasileiro em
1991. Agora que não serve
mais para atrair votos, foi
abandonado à própria sorte e
é o lanterna da Série B, com
dez derrotas em 13 jogos.
E-mail torero@uol.com.br
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