São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Diferenças identificam brasileiros

DO ENVIADO A SYDNEY

A delegação que representa o Brasil em Sydney tem uma composição bastante heterogênea. Há atletas que se iniciaram no esporte quando ainda não eram portadores de deficiência e outros que começaram a praticar como forma de terapia.
O judoca Antônio Tenório, que conquistou o bicampeonato paraolímpico em Sydney, começou a lutar aos 8 anos. Com 9 anos, perdeu a visão do olho esquerdo devido a uma brincadeira de estilingue. E, aos 19 anos, uma infecção alérgica provocou o descolamento da retina e a perda da visão direita.
Clodoaldo Silva, paralisado cerebral, entrou na natação para o tratamento de fisioterapia e alcançou a esfera competitiva.
Existem atletas que disputam sua quarta Paraolímpiada e outros que estão em sua primeira competição internacional.
A velocista Adria Santos, que já conquistou duas medalhas em Sydney, fez sua estréia em Seul-88, aos 14 anos.
O também velocista Antonio Delfino, que se dividia entre o futebol e o atletismo, só decidiu dedicar-se exclusivamente às pistas em maio. Mesmo assim, foi prata nos 400 m rasos.
Existe também muita diferença no nível cultural dos atletas. Rosinha, por exemplo, estudou apenas até a quinta série.
O nadador Fabiano Machado, medalha de prata no revezamento 4 x 100 m livre ontem, é estudante de jornalismo.
Entre as modalidades paraolímpicas, a que mais recebe apoio é natação.
As condições de treinamento também variam bastante.
Patrocinado pelo Vasco, o judoca Antônio Tenório vive na ponte aérea para conciliar seus treinos no Rio com sua vida familiar em São Paulo.
O corredor Antônio Delfino precisa conciliar seu expediente como auxiliar de limpeza com as sessões de treinos em pistas de cimento em Brasília.
Vários nadadores possuem pequenos patrocínios e apenas se dedicam ao esporte.
Mesmo assim, o técnico Zeca afirma que alguns atletas, que ele não identifica, vivem em condições muito precárias.
O diretor técnico da delegação brasileira, Kléber Veríssimo, disse que os testes avaliatórios feitos antes da Paraolímpiada assustaram o CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro).
""Queríamos avaliar todo mundo para receitar uma suplementação alimentar, mas, em alguns casos, quase não havia alimentação", disse.
O CPB distribui cestas básicas para alguns atletas.
Essa delegação está próxima de fazer a melhor campanha do país em toda a história, superando Seul-88, que teve 27 medalhas, quatro de ouro. (FI)


Texto Anterior: Paraolimpíada: Zebra, Rosinha faz história no arremesso
Próximo Texto: Natação ganha mais 3 medalhas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.