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FUTEBOL
Craques reais e imaginários
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
De todos os times que disputam o Campeonato Brasileiro, Ponte Preta e Flamengo são os
que fazem campanhas menos
compatíveis com a qualidade individual dos seus elencos. A Ponte
Preta está muito melhor do que se
esperava, e o Flamengo, pior do
que deveria.
Os torcedores e os diretores do
Flamengo se iludiram ao acharem que o problema era só a falta
de um centroavante. Tudo se resolveria com o Dimba. Parecia
até que o clube tinha contratado
o Adriano, e não o Dimba.
Dimba é apenas um atacante
que se posiciona bem dentro da
área e sabe empurrar a bola para
as redes. Isso é importante, mas
esse tipo de jogador, sem outras
virtudes, é supervalorizado no
Brasil e em todo o mundo. Alguns
vivem da fama de artilheiro do
passado, e há sempre um time desesperado para contratá-los por
muito dinheiro.
Para jogar parado dentro da
área, escondido atrás dos zagueiros e esperando sobrar uma bola
limpa diante do goleiro, ainda é
melhor chamar o Romário.
Dimba não é um atacante especial, ainda mais fora de forma,
mas o Flamengo sem ele fica ainda pior, já que Felipe e Jean não
gostam de, nem sabem, fazer gols.
Há muitos outros problemas no
Flamengo. O tempo passa, e
Athirson, um jogador extremamente habilidoso, não aprende o
básico, que é se posicionar em
campo.
A culpa disso é, principalmente,
do jogador e também dos técnicos
e de parte da imprensa, que o chama de craque sempre que ele faz
uma jogada de efeito.
Surge outro craque
Após brilhar intensamente contra as fortes defesas italianas por
quase dois anos e mais recentemente na seleção brasileira, está
na hora de reconhecermos que
Adriano não é apenas um artilheiro, um tanque, que se destaca
pela privilegiada força física. Ele é
um excepcional atacante, um dos
melhores do mundo.
Além da altura e da velocidade,
Adriano tem muita habilidade e
técnica. Será que ele já atingiu o
máximo? Será que ele vai se tornar um atacante tão espetacular
quanto Ronaldo e outros, como
Romário, Reinaldo, Van Basten,
Coutinho, Careca? Alguém do
São Paulo vai reclamar que me
esqueci do Grafite.
Ainda falta ao Adriano a inventividade, a lucidez e o passe inteligente dos grandes atacantes, apesar de ter mostrado essas qualidades na goleada da Inter de Milão
sobre o Valencia na Copa dos
Campeões. Foi a primeira vez que
vi isso acontecer. Adriano, que já
nos surpreendeu várias vezes, poderá surpreender ainda mais.
Modismo no futebol
No final de semana, São Paulo e
Atlético-MG venceram Santos e
Cruzeiro, utilizando a estratégia
de recuar e atrair o outro time para contra-atacar. Isso funciona
bem quando o time tem atacantes
velozes, como Grafite e Alex Mineiro.
Foi também no contra-ataque
que o Palmeiras fez dois dos três
gols contra o Atlético-PR, com os
espertos e hábeis Lúcio e Pedrinho. Da mesma forma, o Manchester United, com o jovem e veloz atacante Rooney, acabou com
a invencibilidade de 49 jogos do
Arsenal.
Parece que o Corinthians ganhou do Paraná também no contra-ataque. Digo parece porque só
assisti aos gols e aos melhores momentos. Não dá para ver tantos
jogos e ainda não fiz o curso especializado de comentarista de melhores momentos nem criei o hábito de ler resumos telegráficos na
internet. É a velocidade da informação.
O contra-ataque está também
na moda. Porém o time que recua
demais costuma sofrer pressão,
não contra-atacar e perder o jogo.
É o mais comum.
Especialistas e generalistas
Todo time deveria ter um jogador no meio-campo que aparecesse de surpresa na área adversária
e que finalizasse bem com os pés e
com a cabeça. Ele é pouco marcado pelos defensores.
Não me refiro aos habilidosos
meias ofensivos, que já têm a
obrigação de se aproximarem dos
atacantes, e sim aos volantes, como fez o Fabinho nos dois gols do
Corinthians contra o Paraná e
em outras partidas.
Não gosto de equipe em que as
funções são rigidamente divididas. Um marca, outro apóia e um
terceiro faz gols. Fica muito previsível.
Os especialistas são importantes, desde que sejam realmente especiais.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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