São Paulo, sexta-feira, 27 de novembro de 2009

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Brasileiro põe ex-craques na vitrine

Na contramão da maior parte da história do torneio, edição de 2009 tem ex-jogadores de destaque no comando da elite

Dos seis postulantes ao título, quatro equipes têm treinadores que, em campo, foram campeões nacionais e serviram a seleção brasileira


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Craque vencedor no campo e no banco. Até hoje, essa era uma combinação rara na história do Brasileiro. Apenas três homens foram campeões como jogador e treinador: Paulo César Carpegiani, Leão e Joel Santana. Muricy Ramalho, machucado, não participou de nenhuma partida do título são-paulino na edição de 1977.
Mas a temporada 2009 promete aumentar essa conta.
Dos seis times que ainda lutam pelo título, quatro, incluindo os três primeiros colocados na classificação, têm como treinador ex-jogadores de primeira -o são-paulino Ricardo Gomes, o flamenguista Andrade, o colorado Mário Sérgio e o cuzeirense Adílson Batista.
Todos foram campeões nacionais e serviram a seleção brasileira. O Avaí, sétimo e com chances, ainda que remotas, de vaga na Libertadores, aumenta a lista com Silas, campeão pelo São Paulo em 1986 e camisa 10 da seleção na Copa de 1990.
Na prancheta, eles resgatam o protagonismo que tiveram no Brasileiro nos tempos de atleta.
Ricardo Gomes era o grande nome da defesa do Fluminense de 1984, ano em que o clube ganhou o único Nacional de sua história com a fantástica média de 0,5 gol sofrido por jogo.
"Já faz muito tempo. Mas, assim como naquela época, estou na expectativa, mas sem ansiedade", diz o agora treinador são-paulino sobre a chance de repetir o título 25 anos depois.
Durante muito tempo, Andrade foi o jogador (era volante) mais vezes campeão brasileiro. Ele já conquistou o campeonato três vezes pelo Flamengo e outra pelo Vasco.
Agora, com o time da Gávea, tem a chance do pentacampeonato pessoal com o mesmo estilo zen da época de jogador. Segundo número da revista "Placar", ele nunca foi expulso em partidas do Nacional.
Mário Sérgio era um dos maestros do Inter de 1979, o único campeão brasileiro invicto de todos os tempos.
Novamente no clube gaúcho, tem a chance de ganhar seu primeiro título importante como treinador. Em 30 anos, seu jeito polêmico não mudou.
Nesta semana, ele atacou a fórmula de pontos corridos com um argumento inusitado.
"A mala branca só pode existir em campeonato de pontos corridos, pois no mata-mata seria impossível. Por isso não sei se é o mais honesto", afirmou.
Mais jovem treinador entre os melhores do Brasileiro, Adílson Batista, 41, repete no Cruzeiro o sucesso da época de zagueiro do Grêmio. Ele foi o capitão do time gaúcho na conquista do título de 1996.
O técnico acaba de renovar seu contrato, e vai para a terceira temporada no comando da equipe de Belo Horizonte.
Prova assim a teoria de outro jogador de sucesso que começa a brilhar como técnico.
Em alta na seleção na sua primeira experiência como treinador, Dunga diz que ex-jogadores de renome estão acabando com o preconceito que, na sua opinião, sempre sofreram.
"Nós [os ex-jogadores] sempre fomos mais cobrados. As pessoas sempre tiveram mais paciência com treinadores mais antigos. Isso está começando a mudar", falou ele.
Dunga agradeceu ao alemão Klinsmann, campeão mundial como jogador e que levou a Alemanha às semifinais da Copa de 2006 na função de treinador, por ser um dos responsáveis por essa nova realidade.


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