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Cadê a Associação Protetora dos Animais?
JUCA KFOURI
Colunista da Folha
O jogo do vale-tudo no Congresso para que não haja a CPI
do contrato CBF-Nike é pesado. Mesmo na chamada "bancada do futebol", há representantes de clubes que acham um
absurdo que contratos do porte
do assinado com a Nike não revertam nenhum tostão para
quem alimenta a seleção, exatamente os clubes.
Mas como temem retaliações
por parte da CBF, se posicionam automaticamente contra
a CPI, com um discurso público
no sentido oposto ao que fazem
privadamente.
E há casos que seriam cômicos se não fossem trágicos.
Um deputado alagoano, por
exemplo, assinou o pedido da
CPI e foi pressionado a retirar
a assinatura pelo seu irmão,
prefeito de uma pequena cidade de Alagoas.
Como ele a manteve, o presidente da federação de futebol
local resolveu não cumprir a
promessa de mandar iluminar
o estádio de cidade, para desespero do prefeito. A bola está nas
mãos do deputado Michel Temer, que, se acatar uma questão
de ordem do deputado Aldo Rebelo, pode instalar a CPI sem
submetê-la à votação.
O ministro de Esportes e Turismo, Rafael Greca, receberá,
no dia 7 de abril, o presidente
da CBF, Ricardo Teixeira.
Em pauta, o caderno de encargos da Copa-2006, que deverá estar preenchido até junho.
Quase ao mesmo tempo, Greca deve receber também, e juntos, Teixeira e João Havelange,
aparentemente reaproximados
pela idéia de se fazer o Campeonato Mundial de clubes no
Brasil, em janeiro do ano 2000,
e uma Mini-Copa de seleções,
tudo a pretexto de comemorar
os 500 anos do Brasil.
Só o desespero pode levar,
agora, o Corinthians a assinar
o contrato de parceria com o
banco Icatu. No próximo dia 5
de abril, o clube tem de saldar
uma dívida com o banco Excel
na casa dos R$ 3 milhões.
Como o avalista é o presidente Alberto Dualib, é possível
que ele decida aceitar a nova
proposta do Icatu - que é pior
que a anterior.
Quanto tempo será que Wanderley Luxemburgo vai levar
para concluir que entre Zé Roberto e Felipe jogando no meio-campo pelo lado esquerdo não
há nem que ter dúvida, quanto
mais escalar o primeiro e deixar Felipe no banco?
É explicável que Luxemburgo
escale Serginho como titular na
lateral esquerda, mas a diferença entre Zé Roberto e Felipe
é mais ou menos como a que
existe entre Mauro Galvão e
qualquer outro zagueiro brasileiro - algo que outro respeitável treinador também não
percebeu tempos atrás.
Ah, os treinadores...
Vá se acostumando.
Ao acordar cedo hoje para ver
o amistoso entre Brasil e Coréia
do Sul, você estará começando
a se adaptar ao fuso horário da
próxima Copa do Mundo.
E não se surpreenda: pode
acontecer qualquer coisa neste
jogo em Seul.
Mas se surpreenda, e muito,
se o Corinthians escapar de
mais uma biaba das grossas
hoje contra o Palmeiras.
E a pergunta é: até quando ficará calada, com o massacre a
que são submetidos os jogadores brasileiros, a Associação
Protetora dos Animais?
²
Juca Kfouri escreve aos domingos, terças e sextas
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