São Paulo, domingo, 28 de março de 1999

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Cadê a Associação Protetora dos Animais?

JUCA KFOURI

Colunista da Folha O jogo do vale-tudo no Congresso para que não haja a CPI do contrato CBF-Nike é pesado. Mesmo na chamada "bancada do futebol", há representantes de clubes que acham um absurdo que contratos do porte do assinado com a Nike não revertam nenhum tostão para quem alimenta a seleção, exatamente os clubes.
Mas como temem retaliações por parte da CBF, se posicionam automaticamente contra a CPI, com um discurso público no sentido oposto ao que fazem privadamente.
E há casos que seriam cômicos se não fossem trágicos.
Um deputado alagoano, por exemplo, assinou o pedido da CPI e foi pressionado a retirar a assinatura pelo seu irmão, prefeito de uma pequena cidade de Alagoas.
Como ele a manteve, o presidente da federação de futebol local resolveu não cumprir a promessa de mandar iluminar o estádio de cidade, para desespero do prefeito. A bola está nas mãos do deputado Michel Temer, que, se acatar uma questão de ordem do deputado Aldo Rebelo, pode instalar a CPI sem submetê-la à votação.
O ministro de Esportes e Turismo, Rafael Greca, receberá, no dia 7 de abril, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
Em pauta, o caderno de encargos da Copa-2006, que deverá estar preenchido até junho.
Quase ao mesmo tempo, Greca deve receber também, e juntos, Teixeira e João Havelange, aparentemente reaproximados pela idéia de se fazer o Campeonato Mundial de clubes no Brasil, em janeiro do ano 2000, e uma Mini-Copa de seleções, tudo a pretexto de comemorar os 500 anos do Brasil.
Só o desespero pode levar, agora, o Corinthians a assinar o contrato de parceria com o banco Icatu. No próximo dia 5 de abril, o clube tem de saldar uma dívida com o banco Excel na casa dos R$ 3 milhões.
Como o avalista é o presidente Alberto Dualib, é possível que ele decida aceitar a nova proposta do Icatu - que é pior que a anterior.
Quanto tempo será que Wanderley Luxemburgo vai levar para concluir que entre Zé Roberto e Felipe jogando no meio-campo pelo lado esquerdo não há nem que ter dúvida, quanto mais escalar o primeiro e deixar Felipe no banco?
É explicável que Luxemburgo escale Serginho como titular na lateral esquerda, mas a diferença entre Zé Roberto e Felipe é mais ou menos como a que existe entre Mauro Galvão e qualquer outro zagueiro brasileiro - algo que outro respeitável treinador também não percebeu tempos atrás.
Ah, os treinadores...
Vá se acostumando.
Ao acordar cedo hoje para ver o amistoso entre Brasil e Coréia do Sul, você estará começando a se adaptar ao fuso horário da próxima Copa do Mundo.
E não se surpreenda: pode acontecer qualquer coisa neste jogo em Seul.
Mas se surpreenda, e muito, se o Corinthians escapar de mais uma biaba das grossas hoje contra o Palmeiras.
E a pergunta é: até quando ficará calada, com o massacre a que são submetidos os jogadores brasileiros, a Associação Protetora dos Animais?
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Juca Kfouri escreve aos domingos, terças e sextas



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