São Paulo, sábado, 28 de abril de 2007

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RODRIGO BUENO

Portunhol

Na América, a Libertadores festeja barreira "brazuca'; na Europa, português fala pouco e alto nos virtuais finalistas

A RETA final das duas principais competições interclubes continentais do planeta mistura por um lado e separa por outro a língua portuguesa da espanhola. Em uma virada de mesa (no bom português brasileiro) na calada do dia, em meio ao início da atual Libertadores, ficou definido que só haveria final com times do mesmo país se três ou quatro clubes conterrâneos chegassem às semifinais.
A mudança de regra em cima da hora visa, assumidamente, evitar mais uma decisão caseira (em 2005 e 2006, só deu português) e vale porque a Conmebol não precisa seguir o Estatuto do Torcedor brasileiro. O fato é que só haverá final brasileira agora se o estreante Paraná chegar obrigatoriamente às semifinais, deixando os bons e experimentados times de Libertad e Boca Juniors/Vélez Sarsfield para trás. Mesmo assim, para sair essa terceira decisão ""brazuca" consecutiva, além da maior façanha da história do Paraná, será preciso o Santos estar na semifinal, e o uruguaio Defensor, não.
Artimanha da Conmebol e de cartolas dos países vizinhos que se unem na língua espanhola? Talvez. Não há chance de final argentina (só restará um ""hermano" nas quartas) ou de decisão mexicana (temor ainda maior na Conmebol do que uma nova final em português). Há chance enorme, de todas as formas, de a decisão da Libertadores ser no Brasil, pois Flamengo, Grêmio, Santos e São Paulo decidem em casa na final contra o Boca Juniors e contra qualquer equipe mexicana pelo regulamento. Pode apostar desde agora em uma final espanhol x português.
Na Europa, a moda é futebol inglês, mas isso, convenhamos, só até certa página. O melhor jogador do momento, Cristiano Ronaldo, é tão luso quanto maior ameaça ao Milan, o mais brasileiro time dentre os semifinalistas da Champions League (até o site do Milan fala português). O Chelsea, em boa vantagem contra o Liverpool, entende muito bem o idioma de seu excelente treinador, José Mourinho, português que tem em sua comissão técnica, além de vários patrícios (Rui Faria, Silvino Louro e André Villas-Boas), um brasileiro: Baltemar Brito. E o Liverpool, desde o título europeu de 2005, mais que arranha o espanhol.
Em campo, Reina, Arbeloa, Xabi Alonso, Luis Garcia, Mark González, Mascherano e Paletta, sem contar os garotos Durán e Insúa. Na comissão técnica, Rafa Benítez e mais cinco integrantes (Fabio Aurélio não tem com quem falar português no time). A língua espanhola é dominante mesmo, porém, na Copa da Uefa.
Espanyol, Osasuna e Sevilla vivem as semifinais, e o time catalão já está com os dois pés na decisão após os 3 a 0 no Werder Bremen de Diego e Naldo. No lugar desses favoritos, Eduardo Costa e Jônatas, do Espanyol, deverão falar português na final. Os ""brazucas" Adriano, Daniel Alves, Luis Fabiano e Renato ainda são esperados lá com o Sevilla, apesar do 1 a 0 do Osasuna na partida de ida.

FIFÊS
Custou, mas veio um posicionamento de verdade da Fifa sobre a Copa de 1951. O Palmeiras ainda não é campeão mundial. E, se for aprovado como tal pelo Comitê Executivo da Fifa, não significa que será campeão mundial reconhecido por todo mundo. Mais uma vez: cada um reconhece o que quer.

FIJIANO
Amanhã, sai o segundo time no Mundial-2007. O Ba, de Fiji, joga fora e pelo empate contra o Waitakere, da Nova Zelândia. O Pachuca, que fala espanhol, já está lá. Os últimos dois Mundiais foram ganhos por times ""brazucas" com gringos.

INGLÊS
Na semana passada, ""coloquei" os donos do Liverpool no comando do Manchester United. Gillett e Hicks são Reds, não Red Devils.

rbueno@folhasp.com.br


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