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BASQUETE NO MUNDO
Transplante
MELCHIADES FILHO
Originalmente, pretendia comentar hoje o triunfo, brilhante
e merecido, do Fluminense no
Brasileiro feminino.
Mas os movimentos de bastidor que sucederam a conquista
me levaram a recuar.
Inebriados com o sucesso de
mídia da empreitada carioca
-na verdade, o Flu é um time
paulista que foi transferido para o Rio na última hora-, os
dirigentes do esporte prometem
alterar a estrutura dos campeonatos do país.
Falam em criar um torneio
Rio-SP e fortalecer o Nacional,
recorrendo ao transplante de
clubes -Paula levaria para o
Flamengo suas colegas de Campinas, em crise com o patrocinador do time, e duas outras
equipes paulistas se fundiriam
para jogar em Goiás.
A Confederação Brasileira
acredita que essa estratégia
-fazer circular as estrelas-
será útil para a divulgação do
esporte no país.
Corro risco de parecer conservador e/ou bairrista, mas vejo
um tremendo equívoco.
A experiência mostra que um
esporte só emplaca no Brasil se
apresentar bons resultados técnicos. Foram as gerações olímpicas de prata e ouro que fizeram o vôlei vingar; é com Kuerten que o tênis pode decolar.
O basquete nacional vive momento agudo, de renovação. É
naqueles que formam atletas,
pois, que a CBB e seus marketeiros deveriam centrar fogo.
Para isso, a meu ver, esforços
e investimentos deveriam ser
destinados às praças em que o
esporte ainda prospera -e não
em "turnês" de aventura.
Em vez de incentivar Paula a
deixar Campinas, a CBB teria
de atuar no sentido de viabilizar uma equipe local.
Deveria, também, abrir os
olhos para Rio Claro (bi brasileiro no masculino, o basquete
ressuscitou lá), Franca (o time
disputa o Sul-Americano e merecia colher de chá no calendário), Santo André (que fiasco
seria o comentado fim da estrutura do feminino na cidade)...
Notas
Brasil 1
A nova estratégia da CBB
lembra a adotada pelo vôlei na
virada dos anos 80. Não é coincidência que seu proponente
seja José Carlos Brunoro, administrador que iniciou sua
carreira naquele esporte.
Brasil 2
Brunoro tem competência
-que o digam os palmeirenses, saudosos de sua gestão na
Parmalat. Mas o basquete vive
realidade diferente do vôlei da
década de 80. Já está na elite
mundial. No feminino, é campeão mundial e vice olímpico.
Brasil 3
E como está o vôlei? Depois
de sangrar a geração de ouro,
vive de cabeçadas. A estrutura
itinerante desmoronou. Os times hoje são uma piada (quais
têm escolinhas?). O Brasil, único país que leva esse esporte
comercialmente a sério, além
de Japão e Itália, decepciona
no cenário internacional.
E-mail: melk@uol.com.br
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