São Paulo, Quarta-feira, 28 de Julho de 1999
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Europa veta negócios similares

da Reportagem Local

O que está acontecendo no futebol brasileiro já tem precedentes na Europa, mas por lá os casos de investimentos cruzados, como o da HMTF no Corinthians e na Traffic, não foram bem-sucedidos.
Sempre surgiu a suspeita de abuso de influência e tentativa de monopólio. O exemplo mais famoso é o do magnata das comunicações australiano Rupert Murdoch, que tentou comprar por US$ 1 bilhão o Manchester United, atual campeão inglês e europeu.
Como Murdoch é o proprietário da TV BSkyB, canal que exibe com exclusividade os jogos das liga inglesa, o governo decidiu barrar a transação.
O motivo para o veto foi o seguinte: Murdoch, sendo dono do Manchester United, poderia barrar qualquer tentativa de outro canal deter os direitos de televisionamento e também poderia inflacionar os custos para seus assinantes.
Na Inglaterra, as TVs apenas podem possuir 9,9% do capital de times de futebol. Se tiverem mais, ficam proibidas de negociarem com outras equipes.
Outro caso de investimento esportivo malsucedido por impedimentos legais foi a da empresa Enic (English National Investment Company), que movimenta US$ 10 bilhões em empresas de alimentação, Internet e entretenimento (incluindo aí o esporte).
A Enic tem participação no capital de times como Vicenza (Itália), AEK (Grécia), Slavia (República Tcheca) e Glasgow Rangers (Escócia), mas também negociou, sem sucesso, com o Tottenham (Inglaterra) e o Bordeaux (França).
Tudo ia bem até que a Fifa, entidade máxima do futebol mundial, proibiu que o AEK e o Slavia disputassem a mesma copa européia argumentando que tinham um só comando.
A Enic, que tem ligação com a norte-americana Time-Warner, entrou com um processo contra a Fifa, mas a decisão judicial ainda não saiu.
A Fifa também acenou com uma proibição da HMTF de ter dois clubes. Mesmo assim, a empresa que administra o Corinthians seguiu negociando com Flamengo, Cruzeiro, Grêmio e São Paulo.
Ontem, a comissão técnica e os jogadores corintianos se negaram a comentar a compra da Traffic pela HMTF, enquanto dirigentes de equipes e do Clube dos 13 não foram encontrados ou não responderam à solicitação de entrevista da Folha.


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