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São Paulo, sábado, 29 de março de 2003

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INIMIGO ÍNTIMO

Parreira, Zagallo, Didi, Otto Glória e Alexandre Guimarães, assim como Scolari, já desafiaram a equipe nacional

Brasil enfrenta suas crias desde o Mundial de 66

DO ENVIADO AO PORTO

A sensação de jogar contra a "pátria", como vai fazer Luiz Felipe Scolari hoje com Portugal, já foi vivida pelos dois principais personagens da nova comissão técnica da seleção brasileira.
Depois de conquistarem, respectivamente, o tricampeonato e o tetracampeonato do mundo, Zagallo e Carlos Alberto Parreira estiveram no comando de equipes que desafiaram o Brasil.
No caso do atual coordenador técnico isso aconteceu em 1976. Dirigindo a seleção do Kuait, logo na sua primeira experiência trabalhando no exterior, Zagallo enfrentou um time olímpico brasileiro e se deu mal.
Na época comandado pelo ex-jogador Zizinho, o Brasil, na casa do adversário, venceu por 2 a 0. Para Zagallo, aquela experiência não teve a mesma intensidade da vivida por outros compatriotas.
"Contra um time olímpico é diferente. Não saberia explicar o que iria acontecer comigo se jogasse contra a seleção principal", afirma o coordenador técnico.
Perto do final da carreira, Zagallo nem pensa em repetir a experiência. "Nunca mais vai acontecer, sempre estarei deste lado [o do Brasil]", diz o mais experiente técnico do time do Brasil.
Já Parreira enfrentou a seleção apenas um ano depois da Copa-94. Pelo Valencia, clube espanhol, perdeu por 4 a 2, em partida realizada em abril de 1995.
"Foi uma coisa estranha. Mas, quando a bola começa a rolar, você esquece", diz Parreira.
Na ocasião, treinando um time no qual não obteve sucesso, ainda enfrentou uma seleção dirigida por Zagallo, com quem trabalhou, antes do momento atual, nas Copas de 1970 e 1994.
Mas não foram só os atuais comandantes que tiveram o gosto de enfrentar o Brasil. Até em Copas do Mundo técnicos do país tiveram que fazer isso.
Em 1966, na Inglaterra, Otto Glória, que fez fama, principalmente, no futebol carioca, conseguiu a última vitória para Portugal, que tinha o atacante Eusébio, diante da seleção brasileira.
Quatro anos depois, no México, foi a vez de um herói dos gramados que migrou para o banco ter que esquecer a nacionalidade em nome do profissionalismo.
Só que, ao contrário de Otto Glória, o resultado não foi bom. Comandando a mais talentosa seleção do Peru de todos os tempos, Didi, meia bicampeão na Suécia e no Chile, foi eliminado pelo Brasil nas quartas-de-final da Copa de 1970, com grande atuação de Tostão, por 4 a 2.
Entre todos os brasileiros que precisaram enfrentar o time da camisa amarela, Didi foi, certamente, um dos que mostraram mais constrangimento por isso.
Mais recentemente, foi a vez de Alexandre Guimarães desafiar num Mundial o país em que nasceu. Como Didi, ele fracassou. Dirigindo a Costa Rica, foi batido por 5 a 2 na Copa da Coréia do Sul e do Japão. A derrota tirou o time da América Central das oitavas-de-final. (PC)


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