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Ex-ministro diz que assinava contratos em nome de empresa em paraíso fiscal pensando se tratar de firma homônima que funcionava no Brasil
Pelé firmou intimação por offshore no Caribe
MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-ministro dos Esportes Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, assinou em março de 1994 uma
intimação como "representante
legal" da PS&M Inc. (Pelé Sports
& Marketing Inc.), empresa com
sede no paraíso fiscal das Ilhas
Virgens Britânicas (Caribe).
Em processo que tramita na 1ª
Vara Cível da Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), o maior jogador
de futebol da história afirma que
ouviu falar pela primeira vez da
PS&M Inc. em novembro de
2001, depois da publicação de reportagens citando a empresa.
Pelé diz que, nos contratos que
firmou em nome da PS&M Inc.
ou como avalista da "venda" que
a empresa fazia da sua participação em negócios e projetos, pensava se tratar de uma firma homônima, a PS&M Ltda., que funciona no Rio.
O ex-atleta assinou a intimação
em seu nome pessoal e pela
PS&M Inc. depois que a International Sports Ltd., das Bahamas,
propôs uma ação indenizatória
contra a offshore das Ilhas Virgens e o próprio Pelé.
A intimação assinada por Pelé é
mais um documento que o relaciona à empresa cuja existência
ele afirma ter ignorado até 2001.
Em 1992, o ex-ministro assinou
um contrato com a International
Sports Ltd. na condição de diretor-presidente da PS&M Inc. Seu
então sócio Hélio Viana assinou
como testemunha.
Viana celebrou alguns contratos como vice-presidente executivo da offshore (empresa com sede
em paraíso fiscal onde paga pouco ou nenhum imposto e os donos permanecem ocultos). Também recebeu e emitiu correspondência tratando da criação da
companhia.
Até o fim de 2001, Pelé (60% das
cotas) e Hélio Viana (40%) eram
sócios na PS&M Ltda. carioca. O
ex-ministro excluiu o antigo parceiro alegando desvio de fundos.
Viana afirma ser credor de R$ 4,4
milhões.
Representante legal
Nos últimos 15 anos, eles estruturaram seus principais negócios
em torno de empresas com sede
em paraísos fiscais. Além da
PS&M Inc., a Vinas Inc. (antecessora daquela nas Ilhas Virgens), a
Leros Ltd. (nas Bahamas) e a
Glory Establishment (em Liechtenstein).
O contador de Pelé, Nilton Chagas, afirma que o cliente não declarou a posse das empresas à Receita Federal porque não é o dono. Pelé abriu e usou uma conta
pessoal no paraíso fiscal das Bermudas (conforme contrato assinado por ele), também não declarada, segundo Chagas. Viana explica que não informou ao fisco
ter empresas no exterior porque,
segundo o empresário, elas seriam de Pelé.
Cópia da intimação assinada
por Pelé em 1994 consta de pelo
menos dois processos no Rio (um
arquivado e outro em tramitação). O oficial de Justiça certifica
que a PS&M Inc. foi citada "na
pessoa do seu representante legal", Pelé.
Em setembro de 1993, o ex-atleta assinou declaração juramentada à Comarca de Nova York, rejeitando uma queixa apresentada
pela International Sports contra
ele e a PS&M Inc., citada explicitamente no documento firmado
por Pelé.
Sobre o contrato da PS&M Inc.
com a International Sports, o ex-ministro declarou que foi "livremente negociado", inclusive com
sua participação.
No processo no Brasil, Pelé
apresentou sua defesa pessoal em
conjunto com a da PS&M Inc.,
por quem assinara o contrato. Os
advogados eram os mesmos.
Há uma curiosidade no contrato original, de 1992. A data é 28 de
setembro daquele ano. O contrato
foi registrado em cartório no Rio
em 11 de novembro. Porém a Vinas Inc. só passou a se denominar
PS&M Inc. no dia 12 de novembro de 1992. Para Pelé, o fato indica que Viana estava criando a offshore por conta própria. Viana diz que foi o contrário, o responsável seria Pelé.
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