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Ingresso da Olimpíada é desafio à privacidade
STEPHEN WADE
DA ASSOCIATED PRESS
A China incrementou a vigilância e segurança em todas as
fases da Olimpíada de Pequim
-até nos ingressos.
Em uma jogada inédita nos
Jogos, as entradas para as cerimônias de abertura e encerramento têm microchips com a
fotografia, dados do passaporte, endereços, e-mail e número
de telefone do portador. A intenção é afastar possíveis causadores de problemas nos 91
mil lugares do "Ninho de Pássaro" (o Estádio Olímpico) nas
cerimônias de maior destaque.
Além de terroristas, o governo chinês teme protestos com
bandeiras do Tibete, faixas anti-China ou camisetas exibindo
mensagens políticas.
Os ingressos para a cerimônia de abertura são os mais caros dos Jogos -com o valor máximo de US$ 720 (cerca de R$
1.200)-, e muitos estão nas
mãos de dignitários e de seus
amigos pessoais.
A inclusão de dados pessoais
nos microchips criou preocupação sobre privacidade e o potencial de roubo de identidade,
além de ameaçar caos nas catracas, na medida em que as autoridades tentarão corresponder o ingresso ao portador, gerando publicidade negativa na
noite de abertura.
"Eles deveriam se concentrar
em farejar materiais perigosos
mais do que se preocupar com a
identidade das pessoas com os
ingressos", afirmou Roger
Clarke, um australiano especialista em segurança. Sua empresa é especializada em aconselhamento de negócios em segurança on-line e em autenticação de identidade.
"A forma de identificar uma
pessoa mal-intencionada, alguém disposto a lançar uma
bomba ou a desfraldar uma
bandeira do Tibete não é baseada na identidade dele", continuou Clarke. "É pela maneira
como se comporta e também
pelo material que carrega."
A China endureceu restrições de visto e aumentou checagens em hotéis e áreas de entretenimento, para manter a vigília aos estrangeiros conforme
os Jogos se aproximam.
A organização já deu a entender que alguns de seus funcionários estarão disfarçados com
os uniformes de voluntários.
Circuitos fechados de TV serão
instalados dentro e nos arredores das instalações olímpicas,
das linhas de metrô e das principais rotas de ônibus.
A China desenvolveu um dos
sistemas mais modernos do
mundo em identificação por
freqüência de rádio. Parte do
investimento nessa tecnologia
visa manter rígido controle sobre os cidadãos e as fronteiras e
é usado nas carteiras de motoristas e documentos de identificação chineses. Autoridades
chinesas inicialmente cogitaram vincular todos os 6,8 milhões de ingressos a indivíduos,
algo tentado -e descartado-
na Copa do Mundo de 2006.
Todos os ingressos olímpicos
têm microchips, mas só os das
cerimônias têm dados pessoais.
Nos demais, o artifício visa inibir a falsificação.
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