São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2008

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Ingresso da Olimpíada é desafio à privacidade

STEPHEN WADE
DA ASSOCIATED PRESS

A China incrementou a vigilância e segurança em todas as fases da Olimpíada de Pequim -até nos ingressos.
Em uma jogada inédita nos Jogos, as entradas para as cerimônias de abertura e encerramento têm microchips com a fotografia, dados do passaporte, endereços, e-mail e número de telefone do portador. A intenção é afastar possíveis causadores de problemas nos 91 mil lugares do "Ninho de Pássaro" (o Estádio Olímpico) nas cerimônias de maior destaque.
Além de terroristas, o governo chinês teme protestos com bandeiras do Tibete, faixas anti-China ou camisetas exibindo mensagens políticas.
Os ingressos para a cerimônia de abertura são os mais caros dos Jogos -com o valor máximo de US$ 720 (cerca de R$ 1.200)-, e muitos estão nas mãos de dignitários e de seus amigos pessoais.
A inclusão de dados pessoais nos microchips criou preocupação sobre privacidade e o potencial de roubo de identidade, além de ameaçar caos nas catracas, na medida em que as autoridades tentarão corresponder o ingresso ao portador, gerando publicidade negativa na noite de abertura.
"Eles deveriam se concentrar em farejar materiais perigosos mais do que se preocupar com a identidade das pessoas com os ingressos", afirmou Roger Clarke, um australiano especialista em segurança. Sua empresa é especializada em aconselhamento de negócios em segurança on-line e em autenticação de identidade.
"A forma de identificar uma pessoa mal-intencionada, alguém disposto a lançar uma bomba ou a desfraldar uma bandeira do Tibete não é baseada na identidade dele", continuou Clarke. "É pela maneira como se comporta e também pelo material que carrega."
A China endureceu restrições de visto e aumentou checagens em hotéis e áreas de entretenimento, para manter a vigília aos estrangeiros conforme os Jogos se aproximam.
A organização já deu a entender que alguns de seus funcionários estarão disfarçados com os uniformes de voluntários. Circuitos fechados de TV serão instalados dentro e nos arredores das instalações olímpicas, das linhas de metrô e das principais rotas de ônibus.
A China desenvolveu um dos sistemas mais modernos do mundo em identificação por freqüência de rádio. Parte do investimento nessa tecnologia visa manter rígido controle sobre os cidadãos e as fronteiras e é usado nas carteiras de motoristas e documentos de identificação chineses. Autoridades chinesas inicialmente cogitaram vincular todos os 6,8 milhões de ingressos a indivíduos, algo tentado -e descartado- na Copa do Mundo de 2006.
Todos os ingressos olímpicos têm microchips, mas só os das cerimônias têm dados pessoais. Nos demais, o artifício visa inibir a falsificação.


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