São Paulo, sábado, 29 de junho de 2002

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WASHINGTON OLIVETTO

Ultimão, ê-ô!

Começo com uma boa notícia para os leitores: esta é a última vez que escrevo neste caderno "Copa 2002". Semana que vem não tem mais. Despeço-me, escalando o Dream Team do Mundial e analisando os quatro finalistas.
Para a escalação desse time dos sonhos - composto por aqueles que foram os Gilmar, Zé Maria, Gamarra, Amaral, Wladimir, Dino Sani, Cláudio, Luisinho, Casagrande, Sócrates e Rivellino desta Copa-, pedi auxílio a dois especialistas. O jornalista Walter de Mattos, flamenguista assumido e representante da segunda maior torcida do Brasil, e o imparcial Juca Kfouri. Juntos chegamos à seleção descrita abaixo.
O Gilmar da Copa foi o alemão Oliver Kahn, goleiro excepcional, eleito o goleiro dos sonhos e que continuará eleito -mesmo se tomar dois frangos no jogo contra o Brasil. Digo mais: se tomar dois frangos amanhã, Oliver Kahn será ainda mais eleito o nosso goleiro dos sonhos.
O Zé Maria da Copa foi o brasileiro Cafu, que, mesmo sem atingir o nível técnico de um Rogério, fez um belo Mundial.
O Wladimir da Copa foi outro brasileiro, Roberto Carlos, que, sem dúvida, teve grandes atuações, chegando a lembrar Kléber em alguns momentos.
O Gamarra da Copa foi o próprio Gamarra. Impecável como sempre, só não conseguiu evitar a desclassificação de sua equipe, que teve ainda uma outra perda de peso: o goleiro Chilavert, que não volta para o Paraguai. Foi contratado por uma equipe japonesa de sumô.
O Amaral da Copa foi o inglês Campbell, zagueiro sólido e seguro que tem tudo para, no futuro, chegar a ser um Fábio Luciano.
O Dino Sani da Copa foi Diop, autêntico Vampeta senegalês.
O Cláudio da Copa foi o inglês Beckham, craque de lançamentos perfeitos. E o Luisinho da Copa foi o brasileiro Ronaldinho, de dribles desconcertantes. Beckham e Ronaldinho mereceram ainda destaque como os dois gatos da Copa, já que nenhum outro jogador é tão bonito quanto eles.
Lá na frente, o belga Wilmots foi eleito como o Sócrates da Copa, o brasileiro Ronaldo, como o Casagrande, e o ex-pernambucano - e atual catalão - Rivaldo, como o Rivellino da Copa.
Já sobre os quatro finalistas, a verdade é que a Alemanha é um time fraco que tem como grande "handicap" o impecável uniforme alvinegro, capaz de imprimir derrotas fragorosas a outras equipes, particularmente as vestidas de verde. O Brasil conta com a presença de Dida, Vampeta e Ricardinho no seu grupo, o que aumenta consideravelmente o nível técnico dos outros jogadores e coloca o país como favorito.
A Turquia se aproveitou dos ensinamentos deixados pelo mestre alvinegro Carlos Alberto Parreira quando trabalhou por lá e acabou entre os finalistas.
E a Coréia, tão perseguida pelos juízes que passam o tempo inteiro atrás dela tentando lhe arrumar um pênalti, conta ainda a seu favor com um outro fator positivo. Dos 32 países que jogaram o Mundial, é o único com um hino que não tem a palavra morte em nenhum trecho da letra.
Não vou discutir o mérito da execução do hino dos países antes dos jogos, mas de uma coisa não tenho dúvida: em matéria de futebol, hino bom é o de uma nação que pode ser identificada durante a execução - até mesmo se o seu nome for omitido. Aqui vai a prova, só um pequeno trecho:
"Salve o...
O campeão dos campeões
Eternamente
Dentro dos nossos corações
Salve o...
De tradições e glórias mil
Tu és o orgulho
Dos desportistas do Brasil".
Obs.: A palavra "handicap" foi usada como só o brasileiro usa, no sentido oposto


Washington Olivetto, publicitário sempre (e cronista esportivo eventual), considera o passe de Ricardinho para Ronaldo no primeiro jogo contra a Turquia a melhor jogada desta Copa



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