|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AUTOMOBILISMO
Chanoch Nissany irá estrear hoje, na Hungria, com um Minardi
Israelense, 42, rompe tabu na F-1
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A BUDAPESTE
Cabelos grisalhos, rugas que denunciam a idade, Chanoch Nissany é um sonhador. Imagina, um
dia, um circuito construído parte
em Israel, parte na Palestina. Parece delírio, ele sabe. Mas acredita
que pode virar realidade.
Como se tornaram reais, ressalta, alguns dos delírios anteriores.
Nissany se tornou piloto apesar
de ter nascido em Israel, onde o
automobilismo é proibido por ser
considerado atividade perigosa.
"Sei que soa até engraçado, mas
não ria", pede. Em quatro anos de
carreira chegou à F-1. E hoje,
quando completa 42, quebrará
um tabu que dura desde 1986.
A Minardi anunciou ontem que
o israelense será seu terceiro piloto no GP da Hungria. Participará
hoje dos primeiros treinos livres
para a 13ª etapa do campeonato.
Havia 19 anos, quando Jacques
Lafitte correu na Inglaterra pela
Ligier, a F-1 não via um homem
tão velho no cockpit -na ocasião, o francês tinha 42 e sete dias.
A façanha é mais curiosa no
Mundial dominado pela juventude. O mais veterano do grid é Michael Schumacher, 36. A média de
idade é de 28. E nunca dois pilotos
tão jovens duelaram pelo título:
Kimi Raikkonen tem 25 e Fernando Alonso celebra, também hoje,
24. "Quando alguém põe algo na
cabeça, acredita e trabalha duro,
consegue chegar lá", disse Nissany à Folha, ontem, no paddock
do autódromo de Budapeste.
Foi em Hungaroring, em 2002,
que o então consultor de investimentos, com negócios na Hungria, decidiu pilotar. Naquele ano,
estreou na F-2000 e foi vice-campeão húngaro. Em 2003, levou o
título e, em 2004, disputou três
etapas da F-3000 internacional.
Foi também em 2004 que, empurrado pelo dinheiro de dois patrocinadores com negócios em Israel, conseguiu um treino pela
Jordan. Logo depois, obteve a vaga de piloto de testes na Minardi.
"Pilotar um F-1 é difícil. Você
precisa de três qualidades: preparo físico, reflexo e muita motivação. Estou no auge desses três
quesitos. E você não pode imaginar minha motivação", declarou.
Até hoje Nissany fez só sete sessões de testes com o carro da Minardi, totalizando 1.154 km. Para
alguns, é pouco. Mas ele não se
importa e sabe que está fazendo
história. "Israel está aqui", diz, indicando a bandeira sobre os boxes. E sonha. "Tenho amigos palestinos. Quem sabe um dia não
fazemos uma pista entre os dois
territórios? E isso pode ser o começo. Não duvide."
Texto Anterior: Segurança do Pan muda de mão em Brasília Próximo Texto: Button pede à Williams que o deixe com a BAR Índice
|