São Paulo, segunda-feira, 29 de agosto de 2005

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FUTEBOL

O apagão corintiano

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Corinthians jogou muito mais do que o Botafogo, criou mais chances de gol e teve mais posse de bola, mas não mereceu vencer. Como assim?, pertuntará o leitor.
Respondo que o paradoxo é só aparente. Uma equipe que quer vencer para manter a liderança do torneio não pode fazer como fez ontem o Corinthians, ao complicar um jogo que parecia fácil.
No primeiro tempo, o Corinthians mandou no jogo, abrindo uma vantagem de dois gols e perdendo várias outras chances de marcar. Quando tudo fazia crer numa goleada tranqüila, o time relaxou e tomou um gol fatal.
Na segunda etapa, o Botafogo voltou mais animado e chegou ao empate diante de um Corinthians apático e desacertado. O alvinegro paulista acordou, voltou a pressionar e a lançar mão de seu potencial ofensivo. Fez o terceiro, numa típica jogada de "abafa", e poderia ter ampliado. Mais uma vez, porém, sucumbiu à desatenção (ou ao salto alto) e, num lance infeliz de Sebá, entregou o empate de bandeja ao Botafogo.
A Fiel tem motivos para se sentir frustrada: encheu o Pacaembu para ver o time com Tevez, Roger e companhia (só faltou o Mascherano) e mais uma vez saiu do estádio com um travo amargo na boca. A instabilidade corintiana é tão grande que não dá para prever se o time será campeão ou se ficará de fora até da Libertadores.
Outro grande clube que dá mostras de ciclotimia é o São Paulo. Ganhou brilhantemente a Libertadores da América e depois entrou num declínio medonho, chegando à zona de rebaixamento. De repente, não mais que de repente, o tricolor parece ter se lembrado de sua real grandeza: foi a Maringá e goleou impiedosamente o Paraná, um dos clubes que brigavam pela liderança.
Será que a volta de Cicinho ao time é capaz, sozinha, de explicar a reviravolta?
A goleada sofrida pelo Cruzeiro no Beira-Rio, somada à perda do artilheiro Fred para o futebol francês, deixaram o torcedor cruzeirense com as barbas de molho. O time, que parecia um dos fortes candidatos ao título, perdeu muito de seu potencial.
Já o Santos pós-Robinho parece mais capaz de manter o pique. Ontem, mesmo com um time muito desfalcado, conquistou uma vitória relativamente tranqüila sobre o Coritiba e assumiu a liderança.
A vantagem santista sobre a maioria dos outros clubes é a de conseguir repor mais ou menos à altura os jogadores que saem, seja com contratações acertadas, seja com a revelação de pratas da casa. Mas também não é uma potência inquestionável.
Lembra do Cruzeiro de 2003 ou do Santos de 2004? Pode esquecer.
Nesta temporada não existe nenhum time que imponha uma clara supremacia sobre as demais equipes. Isso tem, sem dúvida, um lado positivo: torna o Campeonato Brasileiro totalmente imprevisível.

Opção duvidosa
A derrota do Palmeiras para o Brasiliense, a primeira desde que Leão assumiu o comando do alviverde, deve ser vista como um fato normal. Mais difícil de entender foi a opção do treinador palmeirense, que no segundo tempo tirou seus dois jogadores de criação, Juninho e Pedrinho, e congestionou o meio-de-campo com um punhado de cabeças-de-área. Assim fica difícil ganhar.

Com o pé direito
Robinho começou bem na Europa. Além de ter participação decisiva no segundo gol do Real Madrid (numa bela jogada de Beckham, Robinho, Ronaldo e Raúl), o jovem craque se mostrou à vontade com seus novos colegas, pedalando, driblando e dando passes como se estivesse num treino do Santos.

E-mail jgcouto@uol.com.br

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