São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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FUTEBOL
Jogadores mais usados pelo técnico na seleção vivem momento delicado
Inferno astral contamina time-base de Luxemburgo

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise por que passa Wanderley Luxemburgo parece ter "contagiado" os jogadores que formavam a equipe-base da seleção brasileira durante a sua gestão.
Mesmo com a maioria dos preferidos de Luxemburgo atuando na Europa, longe dos escândalos que envolveram o nome do treinador do país -sonegação de impostos, falsificação de documento e lucro com venda de jogadores-, atletas que eram há pouco esperanças da seleção hoje sofrem até nos seus clubes.
Em alguns casos, a situação dos jogadores, embora não seja tão complicada como a do ex-técnico da seleção brasileira, é grave.
O goleiro Dida, que foi titular de Luxemburgo durante quase toda a sua gestão e que chegou a ser unanimidade no país, passa terrível momento na Itália.
O ex-corintiano cometeu seguidas falhas no gol do Milan, levando inclusive o maior ""frango" da temporada contra o Leeds.
Dida voltou para a reserva e virou motivo de piada na Europa. Ainda mais porque o passaporte português que conseguiu é falso, o que dificulta seu futuro na Itália.
Cafu, o principal capitão da seleção de Luxemburgo, está sofrendo agressões na Itália. O lateral-direito da Roma teve seu carro apedrejado por torcedores e ameaça abandonar o time na condição de vítima de racismo.
O jogador tem sido criticado por suas fracas atuações e, mesmo nos jogos pela seleção no Brasil, já vinha sendo hostilizado -no Rio, a torcida o ironizou, gritando o nome do modesto Maurinho.
Roberto Carlos foi barrado por Luxemburgo no final de sua gestão, mas foi sempre um dos líderes da equipe nos últimos anos.
Na Europa, o lateral tem feito gols pelo Real Madrid (ESP), mas esteve para ir para a Inter (ITA).
Seu futuro na seleção é incerto, já que sua fama de ""mascarado" e de desagregador do grupo acabou atrapalhando-o. Os torcedores o elegeram como um dos ""dispensáveis" da equipe nacional, embora seu talento seja inegável.
Os zagueiros de Luxemburgo também sofrem atualmente. Antônio Carlos não agrada ao técnico Fabio Capello na Roma e chegou a ser descartado pelo time italiano. O jogador se envolveu agora em briga com um jogador do Sporting na Copa dos Campeões.
Aldair, também da Roma, deixou a seleção ""queimado" após atender pedido de Luxemburgo para continuar na equipe. O zagueiro, que havia encerrado sua fase no time nacional, falhou feio em gol do Uruguai e foi execrado.
Aldair segue na Roma mais pelo seu passado no clube, que aposta agora no argentino Samuel.
O volante Emerson, um dos maiores símbolos da seleção de Luxemburgo, trocou o Bayer Leverkusen pela Roma, mas mal teve como mostrar o futebol que lhe rendeu prestígio na Alemanha.
O jogador sofreu grave contusão e foi submetido em agosto a uma cirurgia no joelho esquerdo. A recuperação total de seu ligamento cruzado anterior deverá acontecer apenas em 2001.
Vampeta, outro volante de destaque com Luxemburgo, conseguiu transferência para o futebol italiano, mas não conseguiu bom espaço na Inter de Milão.
O time de Ronaldo trocou de técnico, e Marco Tardelli, o substituto de Marcelo Lippi, colocou o ex-corintiano em uma lista de dispensa. Vampeta pode ser negociado com o Bayer Leverkusen, com um time europeu de menor expressão ou até voltar mais cedo do que queria para o Brasil.
Zé Roberto, que foi peça importante no esquema de Luxemburgo na seleção brasileira muitas vezes, vive fase apenas regular no Bayer Leverkusen, clube que não faz boa temporada -ocupa só a sexta colocação no Campeonato Alemão após nove rodadas.
Além disso, Zé Roberto vem sofrendo com dores em seu tornozelo esquerdo, o que lhe impediu de integrar a seleção no jogo contra a Bolívia no Rio.
Rivaldo, jogador que teve mais respaldo com Wanderley Luxemburgo, teve sua aura de ""melhor do mundo" arranhada até mesmo no Brasil. O Barcelona perdeu o Espanhol para o La Coruña e tem penado na Copa dos Campeões.
Na Europa, ameaçou abandonar o Barcelona, mas acabou ficando no time catalão. Recebeu críticas no começo desta temporada após fracas atuações de sua equipe. Tem feito gols nos últimos jogos, mas isso não deve ser suficiente para lhe render um novo título de ""melhor do mundo".
No Brasil, dois atacantes que ganharam grande visibilidade com Luxemburgo, Ronaldinho, do Grêmio, e França, do São Paulo, estão sendo questionados até em seus times. Os técnicos dos dois vivem cobrando mais empenho dos ex-titulares da seleção.


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