São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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Maradona volta à "cena argentina"

JOSÉ ALAN DIAS
DE BUENOS AIRES

Maradona não consegue ficar longe dos gramados, ou melhor, parece não estar disposto a deixar de ser tão cedo o centro da atenções, ao menos na Argentina.
Às vésperas de completar 40 anos -aniversaria amanhã-, aquele que é considerado um dos melhores jogadores de todos os tempos, para seus compatriotas melhor que Pelé, ensaia novo retorno, desta vez como manager do modestíssimo Almagro, lanterna do Campeonato Argentino.
Internado em Cuba desde janeiro para tratar-se da dependência de cocaína, Maradona chegou ontem a Buenos Aires.
Dirigentes do clube, cujo orçamento anual não ultrapassa US$ 1,78 milhão, o mesmo que gasta o Boca Juniors em um mês, declararam que o ídolo (que tem participado esporadicamente de partidas de exibição ou de despedida de amigos) manifestou o interesse de voltar a jogar. "Espero que se cumpra nosso sonho de Diego defender nossa camisa. Não está confirmado, mas foi o que ele nos disse em Cuba", disse Enrique Bísio, presidente do Almagro.
Um pool de patrocinadores trazido por pessoas ligadas ao ex-jogador arcaria com seus salários. Para não melindrar Maradona, o clube cercou-se de cuidados. A primeira providência foi contratar como técnicos Hector Enrique e José Luis Brown, seus parceiros no título da Copa-86, no México.
Se estiver sentado no banco hoje, para o duelo contra o Racing, o ex-jogador estará acompanhando uma equipe que não venceu nenhuma de suas 11 partidas no torneio (foram cinco empates e seis derrotas). Anteontem, diante do alvoroço na sede do Almagro, clube fundado há 89 anos em um dos redutos do tango, a pergunta mais ouvida por atletas era se pediriam autógrafos ao ídolo.
Maradona teve outras incursões fora dos gramados, sempre malogradas. Enquanto cumpria 15 meses de suspensão por uso de estimulantes durante a Copa de 94, aceitou convite para ser auxiliar de César Luis Menotti no Boca Juniors. Dias depois mudaria de opinião, aceitando proposta para assumir o Mandiyú, da segunda divisão. Em 12 jogos, o time que ele dirigia acumulou uma vitória, seis empates e cinco derrotas.
Em 1995, outra tentativa, como técnico do Racing, onde permaneceria por 11 jogos: o time terminaria em 11º lugar no Argentino.
Mas o possível retorno de Maradona à Argentina e a suspensão do tratamento de dependência química já causa apreensão entre amigos e mesmo médicos.
Em junho, a revista argentina "Notícias" divulgou a informação de que Maradona estava aos poucos abandonando o tratamento e teria voltado a frequentar festas e a ingerir álcool em Havana.


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