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FUTEBOL
Fora da segunda fase da Copa JH, time do DF não abre mão da elite do Campeonato Brasileiro no ano que vem
Sonho do Gama acaba e começa em 2000
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Wilson Silva Reis, 48, motorista
de táxi de Brasília, cidade onde se
instalou em 1972 para tentar a
sorte no futebol, resume, enquanto dirige seu carro no final de tarde de uma quinta-feira quente e
seca, a trajetória do Gama este
ano: "Estava muito bom para ser
verdade. Agora, o sonho acabou".
Ele se refere à derrota do time
para o Botafogo-RJ, na noite anterior, por 1 a 0, no Rio, que praticamente pôs fim ao "sonho" de a cidade-satélite do Gama classificar
a equipe que leva seu nome à segunda fase da Copa João Havelange, torneio criado em sua "homenagem", como gostam de
brincar os gamenses e os brasilienses.
Mais adiante, o taxista e ex-zagueiro se consola: "Vamos ter que
esperar o ano que vem para ver o
Gama no Brasileirão".
Se depender da atual diretoria
do clube, ele não vai se decepcionar. "Estamos garantidos na primeira divisão de qualquer Campeonato Brasileiro no ano que
vem, é o que diz a Justiça", afirma
o vice-presidente eleito do Gama,
o advogado Paulo Goyaz.
Após ser rebaixado no tapetão
em 99, o Gama, que estreava na
elite do Brasileiro, recorreu à Justiça comum contra a queda.
Ganhou em todas as instâncias,
mas a CBF e o Clube dos 13 não
aceitavam a decisão. A Fifa suspendeu o Gama por ter recorrido
à Justiça. A CBF, então, se declarou impedida de fazer o Brasileiro. A associação de clubes, no vácuo, lançou a Copa JH, com o time do DF na primeira divisão.
"Para o ano que vem muita coisa deve mudar. Pode ser que o
Clube dos 13 lance uma Liga só
com seus sócios", diz Zezé Perrel-la, presidente do Cruzeiro.
Wágner Marques, presidente
do Gama, também afirma que o
clube estará na elite em 2001, mas
ainda busca explicações para a
desclassificação na JH.
A frustração de Marques encontra explicação na boa campanha
do Gama no início da competição, quando o time quase chegou
a liderar a Copa JH.
"Começamos bem, apesar de
não termos tido tempo de montar
um time melhor, já que nossa participação só foi confirmada na última hora", diz Marques.
Reis e os torcedores de Brasília e
suas cidades-satélites também
acreditaram na classificação e lotaram os estádios nos jogos do time. Enquanto a JH ainda patinava na linha de largada, o Gama colocava quase 32 mil pessoas no jogo contra o Fluminense, no estádio Mané Garrincha.
"Sou cruzeirense doente, mas,
como eu, o pessoal que gosta de
futebol em Brasília vai aos jogos
do Gama", diz Reis, que nasceu
em Minas Gerais.
Marques diz que a queda de
produção do Gama, por volta da
quinta rodada, pode estar relacionada às arbitragens. "De uma hora para outra, começamos a ter jogadores expulsos, cartões amarelos e pênaltis contra nós."
O time do DF sofreu, sem contar
a rodada de ontem, sete gols de
pênalti e teve nove jogadores expulsos na Copa JH. O Gama tinha,
até anteontem, 22 pontos.
Para Marques, se chegar a 28
pontos, terá cumprido um "belo
papel" dentro de campo.
Mas os dirigentes do Clube dos
13 afirmam que a campanha do
Gama comprova que o time de
Goyaz e Marques fez muito barulho para muito pouco futebol.
"O Gama já é página virada no
futebol", diz Eurico Miranda, vice-presidente do Clube dos 13.
Reis, que migrou para Brasília
nos anos 70 acreditando que a cidade seria um pólo futebolístico e
que encontraria vaga em um clube, terá que torcer agora para que
o Gama vença outra disputa contra o Clube dos 13. Caso contrário,
não terá vaga nem em uma arquibancada.
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