|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BASQUETE NO MUNDO
Feliz ano velho
MELCHIADES FILHO
Nascida em 1996, no vácuo do
ouro olímpico norte-americano,
em Atlanta, a American Basketball League encerrou inesperadamente suas atividades.
Com nove equipes, seu terceiro
campeonato estava em pleno andamento, com um terço das partidas já disputadas. "Acabou o
dinheiro", explicou com singeleza Gary Cavalli, presidente da liga, na semana passada. "Embora tivéssemos o melhor produto,
ninguém se dispôs a dividir a tarefa de desafiar a WNBA."
Essa batalha contra a versão
feminina da NBA não rolou ao
vivo, em carne e osso -a ABL
realizava seus jogos entre novembro e maio; a WNBA, de junho a agosto.
O confronto aconteceu, sim, no
mercado publicitário.
A ABL foi a pioneira, reunia as
melhores jogadoras e tornava-se
um sucesso de público, com média de 4.300 pessoas por jogo
(23% acima do índice da temporada inaugural). Mas jamais
quebrou a barreira das TVs.
Só 18 jogos da temporada 98/99
seriam televisionados, exatamente a metade do número registrado no torneio 97/98.
Sem grande exposição na mídia, os anunciantes de peso minguaram. A ABL pensou até em
comprar espaço nas emissoras a
cabo. Mas a sangria apavorou
seus donos e investidores, que
preferiram capitular.
Com a falência, acabou a primeira iniciativa "democrata" do
esporte de massa.
Além de pagar salários altos
(em média, 50% a mais do que a
WNBA), a ABL foi a primeira a
dar às atletas benefícios como seguro médico, previdência privada, participação nos lucros e
ações das franquias/equipes.
Foi a primeira, também, a encampar campanhas antipreconceito e a encorajar suas jogadoras homossexuais a "saírem do
armário".
Foi, por fim, a primeira a destinar às atletas uma cadeira cativa nos birôs executivos de cada
time -e da própria liga.
A "republicana" WNBA continua de pé.
ABL 1
Sem a opção de pedir socorro
à ABL, as jogadoras da WNBA
perderam o principal argumento para exigir reajustes salariais. Mais do que nunca, vão
depender do sindicato que decidiram constituir.
ABL 2
Mais de cem jogadoras perderam o emprego. Algumas, como Yolanda Griffith e Natalie
Williams, são consideradas as
melhores dos EUA. Outras, como Adrienne Goodson, já passaram pelo Brasil. O desespero
pós-demissão deve baixar seus
preços -ótima chance para os
times brasileiros, às vésperas
do Nacional-99, se reforçarem.
ABL 3
Apontada como o futuro Michael Jordan do feminino, a
universitária Chamique Holdsclaw não tem saída. Jogará na
WNBA, no New York ou no
Washington, onde seria colega
da brasileira Alessandra.
E-mail melk@uol.com.br
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|