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FUTEBOL
Depois de Piekarski, Senado decide investigar transferência de meia-atacante ao Corinthians, por intermédio da FPF
Farah faz CPI reabrir "Disque-Marcelinho"
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DO PAINEL FC
De olho em Eduardo José Farah,
a CPI do Futebol no Senado quer
investigar a transferência do
meia-atacante Marcelinho, contratado pelo Corinthians, em
1998, por intermédio da Federação Paulista de Futebol.
A negociação do atleta corintiano estava fora do alvo das investigações da CPI porque havia sido
feita em janeiro de 1998.
Quando pediu documentos referentes às transações de jogadores com o exterior -compra ou
venda- à Confederação Brasileira de Futebol, a CPI pretendia se
concentrar nos negócios mais recentes -a partir de maio de 1998.
Diante das suspeitas em torno
de Farah, os trabalhos da CPI, pelo menos no caso de São Paulo,
devem retroceder a 1997.
Foi naquele ano que a Federação Paulista de Futebol iniciou
um processo de compra e venda
de jogadores, que eram emprestados a clubes do Estado.
Segundo Reynaldo Carneiro
Bastos, vice-presidente da entidade, o esquema envolveu a negociação ""de 30 a 36 jogadores".
A assessoria de Eduardo José
Farah, no entanto, não confirma a
informação do vice e diz que o número é menor. Não teria passado
de 18 atletas.
O que fez o foco da comissão se
voltar para o dirigente paulista foi
reportagem da Folha, publicada
no domingo, sobre a venda do polonês Piekarski pela FPF para o
Bastia, da França.
Apesar de o clube francês ter dado um cheque nominal, cruzado e
não-endossável em favor de Farah em 1998, no valor de US$ 600
mil, o dinheiro só entrou no Brasil
dois anos e quatro meses depois,
quando a CPI ameaçava quebrar
o sigilo de Farah e da FPF.
O caso mais conhecido do esquema de compra e venda de jogadores pela federação foi o de
Marcelinho. Em setembro de
1997, a FPF acertou a contratação
do atleta, que passou seis meses
no Valencia, da Espanha. Anunciou que pagaria pelo passe do jogador US$ 7 milhões.
Em janeiro de 1998, Farah decidiu criar o ""Disque-Marcelinho",
uma promoção na TV Bandeirantes pela qual as pessoas ligavam
para um de quatro números do
prefixo 0900 e, pagando R$ 3,00,
votavam pela cessão do atleta a
um dos quatro grandes do Estado
-Corinthians, Palmeiras, Santos
ou São Paulo.
A promoção, que durou 12 dias
-de 14 a 25 de janeiro-, foi ganha pelo Corinthians. Os organizadores, porém, tiveram que responder processo na Justiça, acusados de manipulação dos dados.
Pela Embratel, empresa responsável pela totalização dos dados,
desde o primeiro dia a vantagem
do Corinthians foi incontestável
-o time iniciou e terminou a disputa com mais de 60% dos votos.
Para estimular são-paulinos,
santistas e palmeirenses a votar,
os números apresentados eram
outros -desde o primeiro dia, a
FPF dizia haver equilíbrio entre os
quatro, omitindo que a vantagem
corintiana era muito grande.
O inquérito policial nº 242/98,
remetido ao Fórum pelo 34º Distrito Policial de São Paulo, constatou indícios de fraude e crime
contra a economia popular.
Além da polêmica em torno do
Disque-Marcelinho, a CPI do Futebol quer, pela quebra dos sigilos
bancário e fiscal da federação, de
Farah, do Corinthians e de Alberto Dualib, o presidente do clube
paulista, investigar outras possíveis irregularidades no negócio.
Os valores divulgados pelas partes, por exemplo, não batem.
Em 1998, o Corinthians chegou
a dizer que, apesar de a FPF ter divulgado que o passe do atleta havia sido comprado por ela, o clube
estava tendo de desembolsar US$
7 milhões para ficar com o jogador em definitivo.
A FPF negou e disse que o Corinthians estava pagando apenas
parte do passe do atleta.
No ano passado, com ajuda do
HMTF, o fundo norte-americano
que administra Corinthians e
Cruzeiro, os paulistas contrataram de vez o meia-atacante.
O problema é que Marcelinho
disse que a negociação foi feita
por US$ 6 milhões -cerca de R$
12 milhões- e, por isso, exigiu R$
1,8 milhão do HMTF -15% do
passe, como é praxe no Brasil.
A FPF, por sua vez, negou que
Marcelinho tenha sido vendido
por US$ 6 milhões ao Corinthians
-Farah disse que foi pela metade, R$ 6 milhões.
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