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AÇÃO
Ecos da montanha
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
As denúncias publicadas
na "Época", que ecoaram
entre os alpinistas brasileiros, não
impediram que Waldemar Niclevicz realizasse o projeto "O Brasil
no topo do mundo", que incluía o
Everest, sem oxigênio suplementar, e o Lhotse, em outubro.
Meses depois da publicação e da
expedição, que atingiu apenas
parcialmente o objetivo -só o
cume do Lhotse (8.501 m), com
oxigênio, foi alcançado-, Niclevicz sente o reflexo das dúvidas levantadas sobre suas conquistas.
Habituado a fazer em média
três palestras semanais e a contar
com patrocinadores de peso para
seus projetos, viu as fontes de receita desaparecerem nas últimas
semanas, segundo ele, devido a
acusações infundadas e a boatos.
Entre as conquistas postas em
dúvida, K2, McKinley e Carstensz, a que mais incomoda Niclevicz é a do K2, a mais difícil entre as 14 montanhas acima de
8.000 m, e que, acredita ele, dificilmente voltará a fazer.
Antes de partir para o Himalaia, em setembro de 2002, quando as denúncias mais repercutiam, ele ficou de esclarecer tudo,
convocando a imprensa para
uma coletiva, em sua volta ao
país. A entrevista não aconteceu,
e hoje alega dificuldades financeiras para realizá-la. Em seu lugar,
está distribuindo imagens, filmes
e fotos, que teriam sido captadas,
até se prove o contrário, no cume
das citadas montanhas.
O alpinismo de alta montanha
é um esporte de altíssimo risco e
ao qual Niclevicz vem dedicando
os últimos 15 anos de sua vida.
Se alguns de seus feitos devem
ser esclarecidos, é inegável que ele
tenha contribuído para a divulgação e a popularização do alpinismo e da escalada no país.
As imagens parecem convincentes, mas não sou especialista para
atestar a veracidade, técnica e
geográfica, do material.
Acho que Waldemar e os órgãos
envolvidos com o esporte no país
devem se dar a chance -mais,
têm obrigação- de esclarecer se,
e como, os tais cumes foram conquistados. Todas essas histórias,
de conquistas e denúncias, tiveram repercussão demais na mídia, e não é justo que a dúvida se
perpetue. Ética é uma questão de
honra no alpinismo, o direito de
defesa também.
O filme tem roteiro, mas o final
ninguém sabe. Com isso em mente, 22 profissionais se preparam
para as filmagens de "Extremo
Sul", documentário sobre alpinismo que será rodado a partir de fevereiro na Terra do Fogo, na Patagônia chilena. O objetivo é alcançar e registrar a conquista do
monte Sarmiento, 2.404 m, alcançado uma única vez, em 1956.
Apesar de ele ser baixo para os
padrões alpinos, a aventura deve
ganhar contornos imprevisíveis
devido às condições climáticas e
geográficas da região. Dirigido e
produzido por Mônica Schmiedt
("O Quatrilho") e com direção de
imagens de Silvestre Campe, especialista em imagens de ação na
montanha, o filme terá como protagonistas os brasileiros Nelson
Barreta e Ronaldo Franzen Jr.,
dois argentinos e um chileno.
Craig Kelly, 36, tetracampeão
mundial de snowboard, estava
entre as sete pessoas que morreram na avalanche que atingiu as
montanhas canadenses na Colúmbia Britânica. Ele conduzia
um grupo de esquiadores quando
a placa de neve se soltou.
Surfe em Makaha
Sem nenhum brasileiro entre os convidados, terminou na segunda-feira, no Havaí, o "mundial" das categorias acima de 35 e 45
anos. Na masters, Gary Elkerton ficou com o título pela terceira
vez; na categoria Grand Masters, Wayne Bartholomew, presidente
da ASP, foi o vencedor.
Prêmio Fluir
Em sua décima edição, Peterson Rosa foi eleito pelos leitores da revista como o melhor surfista do país. Além do prestígio, Rosa levou
um Peugeot 206 "zerado" para casa.
Mtbike 4 X
Será disputado neste fim de semana, em São Roque (SP), o Desafio
de Verão da modalidade. O atual campeão brasileiro Markolf
Berchtold, 22, e convidados da Itália e do Chile serão destaques na
prova que terá transmissão ao vivo pela TV Globo.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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