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São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 2003

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AÇÃO

Ecos da montanha

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

As denúncias publicadas na "Época", que ecoaram entre os alpinistas brasileiros, não impediram que Waldemar Niclevicz realizasse o projeto "O Brasil no topo do mundo", que incluía o Everest, sem oxigênio suplementar, e o Lhotse, em outubro.
Meses depois da publicação e da expedição, que atingiu apenas parcialmente o objetivo -só o cume do Lhotse (8.501 m), com oxigênio, foi alcançado-, Niclevicz sente o reflexo das dúvidas levantadas sobre suas conquistas.
Habituado a fazer em média três palestras semanais e a contar com patrocinadores de peso para seus projetos, viu as fontes de receita desaparecerem nas últimas semanas, segundo ele, devido a acusações infundadas e a boatos.
Entre as conquistas postas em dúvida, K2, McKinley e Carstensz, a que mais incomoda Niclevicz é a do K2, a mais difícil entre as 14 montanhas acima de 8.000 m, e que, acredita ele, dificilmente voltará a fazer.
Antes de partir para o Himalaia, em setembro de 2002, quando as denúncias mais repercutiam, ele ficou de esclarecer tudo, convocando a imprensa para uma coletiva, em sua volta ao país. A entrevista não aconteceu, e hoje alega dificuldades financeiras para realizá-la. Em seu lugar, está distribuindo imagens, filmes e fotos, que teriam sido captadas, até se prove o contrário, no cume das citadas montanhas.
O alpinismo de alta montanha é um esporte de altíssimo risco e ao qual Niclevicz vem dedicando os últimos 15 anos de sua vida.
Se alguns de seus feitos devem ser esclarecidos, é inegável que ele tenha contribuído para a divulgação e a popularização do alpinismo e da escalada no país.
As imagens parecem convincentes, mas não sou especialista para atestar a veracidade, técnica e geográfica, do material.
Acho que Waldemar e os órgãos envolvidos com o esporte no país devem se dar a chance -mais, têm obrigação- de esclarecer se, e como, os tais cumes foram conquistados. Todas essas histórias, de conquistas e denúncias, tiveram repercussão demais na mídia, e não é justo que a dúvida se perpetue. Ética é uma questão de honra no alpinismo, o direito de defesa também.
 
O filme tem roteiro, mas o final ninguém sabe. Com isso em mente, 22 profissionais se preparam para as filmagens de "Extremo Sul", documentário sobre alpinismo que será rodado a partir de fevereiro na Terra do Fogo, na Patagônia chilena. O objetivo é alcançar e registrar a conquista do monte Sarmiento, 2.404 m, alcançado uma única vez, em 1956.
Apesar de ele ser baixo para os padrões alpinos, a aventura deve ganhar contornos imprevisíveis devido às condições climáticas e geográficas da região. Dirigido e produzido por Mônica Schmiedt ("O Quatrilho") e com direção de imagens de Silvestre Campe, especialista em imagens de ação na montanha, o filme terá como protagonistas os brasileiros Nelson Barreta e Ronaldo Franzen Jr., dois argentinos e um chileno.
 
Craig Kelly, 36, tetracampeão mundial de snowboard, estava entre as sete pessoas que morreram na avalanche que atingiu as montanhas canadenses na Colúmbia Britânica. Ele conduzia um grupo de esquiadores quando a placa de neve se soltou.

Surfe em Makaha
Sem nenhum brasileiro entre os convidados, terminou na segunda-feira, no Havaí, o "mundial" das categorias acima de 35 e 45 anos. Na masters, Gary Elkerton ficou com o título pela terceira vez; na categoria Grand Masters, Wayne Bartholomew, presidente da ASP, foi o vencedor.

Prêmio Fluir
Em sua décima edição, Peterson Rosa foi eleito pelos leitores da revista como o melhor surfista do país. Além do prestígio, Rosa levou um Peugeot 206 "zerado" para casa.

Mtbike 4 X
Será disputado neste fim de semana, em São Roque (SP), o Desafio de Verão da modalidade. O atual campeão brasileiro Markolf Berchtold, 22, e convidados da Itália e do Chile serão destaques na prova que terá transmissão ao vivo pela TV Globo.

E-mail sarli@revistatrip.com.br


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