SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Não sei dizer com firmeza para que serve um coordenador técnico; tenho algumas idéias.
Mesmo tendo dedicação exclusiva, é impossível o técnico acompanhar como deve os campeonatos no Brasil e os brasileiros pelo mundo. O coordenador pode nortear esse acompanhamento e a observação das seleções de base e dizer: "Temos muitos meias e atacantes promissores, mas o mais importante agora é analisar os zagueiros e os laterais-direitos".
Claro que esse conselho poderia vir de um assistente, mas o coordenador tem autoridade para transformar isso em um plano a ser seguido. O Parreira é sensato e talvez não precise desse balizamento, mas nem sempre é assim...
O coordenador também pode fazer o planejamento das convocações e treinos -um jogador vem da Europa, e o outro de Porto Alegre; um está praticamente parado porque seu time foi desclassificado, e o outro disputa três torneios ao mesmo tempo... O cronograma de preparação tem de ser bem bolado. Não é só convocar, escalar e pronto. Conciliando as informações de médicos, fisiologistas, preparadores físicos, observadores e dos próprios jogadores, o coordenador pode ajudar a decidir convocar conforme a situação (o adversário, a altitude, a boa fase do jogador) ou insistir em uma base até que se entrose; experimentar outro na posição ou dar uma nova chance?
Enfim, o coordenador pode olhar o trabalho do treinador de cima (como os outros 170 milhões tentam fazer) e dizer: "Mas essa sua lista tem seis atacantes? Não vamos ter tempo de treinar; eles mal serão observados. Não é melhor levar reserva para a lateral?".
É interessante que alguém divida com o treinador a responsabilidade. E alguém que possa interferir em caso de decisões desastradas, do tipo barrar um jogador fantástico por não ir com a cara dele e ser ouvido pela CBF antes de mandarem a seleção para lá e para cá à toa. Mas acho que essa última parte não vai rolar.

Punir como?
A impunidade é um mal que contamina a sociedade toda com ódio e má vontade. "O cara rouba milhões e não acontece nada, por que eu tenho de pagar essa multa?" Sentimo-nos injustiçados quando só nós somos punidos, ainda que justamente. É preciso que as penas sejam aplicadas, mas há sempre que se discutir a justiça e a adequação das penas.
Vagner, do Palmeiras, desrespeitou uma regra e precisava ser punido. Mas ficar três jogos fora, treinar separado e ser ameaçado de não ser promovido para o time principal por isso? Ridículo, um exagero que revela a falta de habilidade para se lidar com os garotos. O pior é a idéia de que "mulher" é uma infração gravíssima. Se ele e outro jogador tivessem se socado, diriam que "é a vontade de ganhar". Passava-se um sabão e ficava por isso mesmo.
Agora o Giba pode ficar meses suspenso por causa do doping. Ele descumpriu uma regra (a maconha é proibida porque "contraria o espírito olímpico") e deve ser punido, mas proibido de trabalhar? Impedido de ser atleta? É demais. Se ele estivesse dividido entre maconha e vôlei, é como se as autoridades esportivas decidissem que a maconha dissessem: "Que se dane, pode fumar, porque jogar você não joga mais". Melhor é a sugestão do PC Vasconcelos, da ESPN: que ele seja multado e avisado que, nos próximos meses, será testado semanalmente.

Pra quando?
Muitos leitores reclamaram da nota sobre o Mundial da Fifa na semana passada, querendo saber (ou tentando deduzir) o que eu quis dizer com "aquele...". Ora, aquele, o oficial. Que seria anual, depois foi adiado para 2002, e depois transferido em definitivo para 2003. E que, ao que parece, não vai acontecer.

De porcos e homens
Um jogador tem todo o direito de comemorar um gol como quiser, dançando, pulando, tirando a roupa. Mas todo jogador sabe o que é pura explosão de alegria e o que é provocação, e todo mundo sabe o que é provocação temerária. Nem o deboche mais abjeto justifica ou absolve a violência, mas é preciso evitar acender um fósforo na palha seca da falta de civilidade. Que sejam punidos os marmanjos covardes da baixaria de sábado passado.

E-mail
soninha.folha@uol.com.br


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