São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2011

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PAULO VINICIUS COELHO

Obcecados


A obsessão corintiana pela Libertadores nasceu em 1991 e se agravou pelos títulos dos rivais


É DIAGNÓSTICO da comissão técnica do Corinthians: o maior problema do time é a característica de Bruno César. Diferente de Douglas, que consagrou o 4-2-3-1 de Mano Menezes, Bruno César não é um armador, mas um ponta de lança. No Santo André, viveu bons momentos pela esquerda, com Branquinho na organização. Como Bruno não chama o jogo nem prende a bola no ataque, Paulinho deve ser escalado na Colômbia no lugar de um dos atacantes -Jorge Henrique ou Dentinho.
Mas, no turbilhão do Parque São Jorge, há explicações de outros setores para o início pífio de 2011.
Uma delas é Roberto Carlos. Quando Adilson Batista dirigia o Corinthians, apontava a falta de condição física de Roberto Carlos como defeito crônico. "As ultrapassagens ele não tem mais. Mas a saída de bola do Roberto não é um dos nossos problemas", defende um integrante da comissão técnica. Roberto Carlos errou feio contra o Noroeste. Contra o Tolima, a saída de bola pela direita, com Jucilei e Alessandro, aconteceu 43 vezes. Pela esquerda, com Roberto Carlos, 16. Grude um homem na marcação do lateral, junte a característica de Bruno César, e o Corinthians não joga.
Se não for bem na Colômbia, o ano não acaba. O ambiente, sim. No dia seguinte à eliminação contra o Flamengo, em 2010, Andres Sanchez anunciou a renovação do contrato de Mano Menezes. Mas sua relação com Tite é diferente da que havia com Mano. E, no ano passado, também havia Mario Gobbi, ex-diretor de futebol, muro de proteção ao time e à comissão técnica. Isso mudou.
A obsessão pela Libertadores é responsável por essas dúvidas. Ela nasceu em 1991, com o zagueiro Guinei condenado ao ostracismo por falhar contra o Boca Juniors.
O agravante de hoje não é o centenário, mas os títulos do Santos, do São Paulo e do Palmeiras. Poço de contradição, o Corinthians foi eliminado pelo Palmeiras nas quartas de final de 1999 e na semifinal de 2000. Da primeira vez, o Palmeiras ganhou o troféu, mas o ano corintiano continuou em paz e terminou com o título brasileiro. Em 2000, apesar da queda nas semifinais, com a melhor campanha de sua história, o Corinthians entrou em crise e terminou o Brasileirão em penúltimo lugar.
A hipotética eliminação contra o Tolima obrigará a reflexões sobre os reforços modestos de 2011. Mas reflexões exigem uma característica mais rara no Corinthians do que a organização de Bruno César ou as ultrapassagens de Roberto Carlos: cabeça fria.

pvc@uol.com.br


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