São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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Cruze os dedos!

Elas não ganham jogo, mas muitos se lembram delas quando o Brasil triunfa ou fracassa em um jogo. Em 16 Copas, uma coleção de superstições acompanhou a trajetória do time nacional. A Folha faz nesta página um levantamento do que dá "sorte" ou "azar" para o Brasil, hoje comandado por Luiz Felipe Scolari, que prefere jogar com o uniforme número dois a despeito da tradição da camisa amarela. Azul, explica o técnico gaúcho, é a sua cor de "sorte".

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL

Logo na primeira fase da Copa do Mundo de 2002, o Brasil, para quem acredita piamente em superstições, terá pela frente uma adversidade. Os três rivais (Turquia, China e Costa Rica) têm vermelho em seus uniformes. Nada menos do que sete das 13 derrotas em toda a história da seleção em Mundiais foram contra adversários com essa cor nas camisas.
Passado esse obstáculo, caso fique em primeiro lugar na chave, a seleção terá a superstição a seu favor. Se encabeçar seu grupo, o time vai fazer sua partidas nas oitavas-de-final no dia 17 de junho.
Nas duas Copas anteriores que entrou em campo em um 17 de junho, o país teve resultados históricos. Em 1962, bateu a Tchecoslováquia e conquistou o bicampeonato. Oito anos depois, no México, venceu o Uruguai por 3 a 1, vingou em parte a famosa derrota de 1950 e passou à final.
Em compensação, se terminar a fase inicial no segundo lugar do grupo, o time de Luiz Felipe Scolari terá dois "sérios problemas" pela frente nas oitavas.
Nesse caso, o time vai jogar na cidade japonesa de Miyagi. Localidades cujos nomes começam com a letra M têm sido um pesadelo para a seleção brasileira.
Nas partidas disputadas em lugares com essa característica, o aproveitamento do país nas Copas não passa de 45%. Em cidades com outras letras, a performance dá um salto para 76%.
O Brasil foi eliminado na Copa de 1938 em Marselha. Fez papel pífio na primeira fase do Mundial da Argentina em Mar del Plata e perdeu a disputa do terceiro lugar em 1974 em Munique.
Além da "síndrome do M", terminar a primeira fase em segundo lugar significa jogar as oitavas-de-final em uma terça-feira, dia da semana que o time tem seu pior aproveitamento (veja quadro).
Nas quartas-de-final, a colocação da fase inicial também será decisiva para o destino dos jogadores brasileiros, levando em conta apenas a superstição.
Líder do Grupo C, o time jogará as quartas em uma sexta-feira, dia em que tem aproveitamento histórico de 83% e faz muito gols -média de 2,5 por partida.
Já se tropeçar no início e se classificar em segundo, vai jogar as quartas-de-final num sábado, quando tem 69% de aproveitamento e mais dificuldades para balançar as redes -média de 1,8 gol por encontro disputado.
Se sobreviver, o Brasil jogará as semifinais em uma quarta e a final em um domingo. Nos dois dias o time costuma ir bem. Quanto ao nome do local da decisão (Yokohama), não é possível apostar na superstição -o país nunca jogou em uma cidade com a letra Y.
Além dos adversários, sorte e azar também estão relacionadas aos jogadores. Determinados signos, clubes, datas e cidades contam para aqueles que gostam de dizer se um jogador traz sorte ou azar para a seleção. Nesses pontos, o grupo de Scolari "acerta" algumas vezes e "erra" em outros.
Ronaldo é o único convocado que nasceu no Rio de Janeiro. Dos 73 brasileiros que já foram campeões mundiais, nada menos do que 21 eram desse Estado.
Por outro lado, a lista de Scolari tem quatro baianos, que terão a chance de repetir o feito de Aldair, Bebeto e Zózimo, os únicos conterrâneos que já sentiram o gosto de um título mundial.
A seleção que vai disputar a Copa da Coréia do Sul e do Japão também não conta com jogadores que tenham nomes ou apelidos com letras iniciais que sempre deram sorte ao país. Além da ausência da letra Z na lista, nenhum dos 23 convocados é conhecido por um nome iniciado com P, de Pelé, Piazza e de outros três campeões mundiais. Em compensação, a seleção de 2002 tem quatro geminianos, o signo que mais títulos produziu ao Brasil até hoje.



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