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Cruze os dedos!
Elas não ganham jogo, mas muitos se lembram
delas quando o Brasil triunfa ou fracassa em
um jogo. Em 16 Copas, uma coleção de superstições acompanhou a trajetória do time nacional. A
Folha faz nesta página um levantamento do que dá
"sorte" ou "azar" para o Brasil, hoje comandado por
Luiz Felipe Scolari, que prefere jogar com o uniforme
número dois a despeito da tradição da camisa amarela.
Azul, explica o técnico gaúcho, é a sua cor de "sorte".
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
Logo na primeira fase da Copa
do Mundo de 2002, o Brasil, para
quem acredita piamente em superstições, terá pela frente uma
adversidade. Os três rivais (Turquia, China e Costa Rica) têm vermelho em seus uniformes. Nada
menos do que sete das 13 derrotas
em toda a história da seleção em
Mundiais foram contra adversários com essa cor nas camisas.
Passado esse obstáculo, caso fique em primeiro lugar na chave, a
seleção terá a superstição a seu favor. Se encabeçar seu grupo, o time vai fazer sua partidas nas oitavas-de-final no dia 17 de junho.
Nas duas Copas anteriores que
entrou em campo em um 17 de junho, o país teve resultados históricos. Em 1962, bateu a Tchecoslováquia e conquistou o bicampeonato. Oito anos depois, no México, venceu o Uruguai por 3 a 1,
vingou em parte a famosa derrota
de 1950 e passou à final.
Em compensação, se terminar a
fase inicial no segundo lugar do
grupo, o time de Luiz Felipe Scolari terá dois "sérios problemas"
pela frente nas oitavas.
Nesse caso, o time vai jogar na
cidade japonesa de Miyagi. Localidades cujos nomes começam
com a letra M têm sido um pesadelo para a seleção brasileira.
Nas partidas disputadas em lugares com essa característica, o
aproveitamento do país nas Copas não passa de 45%. Em cidades
com outras letras, a performance
dá um salto para 76%.
O Brasil foi eliminado na Copa
de 1938 em Marselha. Fez papel
pífio na primeira fase do Mundial
da Argentina em Mar del Plata e
perdeu a disputa do terceiro lugar
em 1974 em Munique.
Além da "síndrome do M", terminar a primeira fase em segundo
lugar significa jogar as oitavas-de-final em uma terça-feira, dia da
semana que o time tem seu pior
aproveitamento (veja quadro).
Nas quartas-de-final, a colocação da fase inicial também será
decisiva para o destino dos jogadores brasileiros, levando em
conta apenas a superstição.
Líder do Grupo C, o time jogará
as quartas em uma sexta-feira, dia
em que tem aproveitamento histórico de 83% e faz muito gols
-média de 2,5 por partida.
Já se tropeçar no início e se classificar em segundo, vai jogar as
quartas-de-final num sábado,
quando tem 69% de aproveitamento e mais dificuldades para
balançar as redes -média de 1,8
gol por encontro disputado.
Se sobreviver, o Brasil jogará as
semifinais em uma quarta e a final
em um domingo. Nos dois dias o
time costuma ir bem. Quanto ao
nome do local da decisão (Yokohama), não é possível apostar na
superstição -o país nunca jogou
em uma cidade com a letra Y.
Além dos adversários, sorte e
azar também estão relacionadas
aos jogadores. Determinados signos, clubes, datas e cidades contam para aqueles que gostam de
dizer se um jogador traz sorte ou
azar para a seleção. Nesses pontos, o grupo de Scolari "acerta" algumas vezes e "erra" em outros.
Ronaldo é o único convocado
que nasceu no Rio de Janeiro. Dos
73 brasileiros que já foram campeões mundiais, nada menos do
que 21 eram desse Estado.
Por outro lado, a lista de Scolari
tem quatro baianos, que terão a
chance de repetir o feito de Aldair,
Bebeto e Zózimo, os únicos conterrâneos que já sentiram o gosto
de um título mundial.
A seleção que vai disputar a Copa da Coréia do Sul e do Japão
também não conta com jogadores
que tenham nomes ou apelidos
com letras iniciais que sempre deram sorte ao país. Além da ausência da letra Z na lista, nenhum dos
23 convocados é conhecido por
um nome iniciado com P, de Pelé,
Piazza e de outros três campeões
mundiais. Em compensação, a seleção de 2002 tem quatro geminianos, o signo que mais títulos
produziu ao Brasil até hoje.
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