São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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TOSTÃO

Bom treino, mas poderia simplificar

Juninho treinou no time titular no lugar do Kleberson e deve jogar. Houve vários pontos positivos: a marcação por pressão, o talento dos dois Ronaldos, Rivaldo e Juninho e o posicionamento mais avançado do Rivaldo pelo lado esquerdo.
Jogando nessa posição, ele teve sua melhor fase no time do Barcelona.
Contudo me preocupa muito essa formação tática, com Juninho ao lado do Emerson. A equipe brasileira fica mais rápida, habilidosa e ofensiva, mas há um risco de ter um grande vazio no meio-de-campo. Emerson, que já estava sobrecarregado, ficará sozinho na marcação.
Para simplificar, bastaria trocar um zagueiro por um volante e manter Juninho e Ronaldinho.
A marcação por pressão tem de ser feita não somente pelos meias e atacantes, mas principalmente pelos volantes e alas. Os zagueiros também não podem ficar muito atrás para não haver grandes espaços entre eles e os armadores.
Ronaldo, da Inter de Milão, não tem condições ideais para correr atrás dos zagueiros, como pede o Felipão e, logo em seguida, receber lançamentos longos e driblar em velocidade. Estará cansado no momento da finalização. É preciso preservá-lo para fazer o que sabe melhor.
Apesar dos problemas, estou mais confiante. Na teoria, nenhuma outra seleção do Mundial tem três atacantes talentosos como o Brasil. Vamos ver na prática.

Péssima escolha
Em todas as Copas nunca a seleção brasileira se concentrou num local tão inadequado como este em Ulsan.
Hotel grande, lotado de jornalistas e hóspedes não é lugar para ficar uma seleção durante o Mundial.
Concentração de seleção numa Copa tem de ser exclusiva, em lugar amplo, com área de lazer e espaço para os jogadores caminhar e praticar exercícios físicos e técnicos.
A escolha do hotel Hyundai atendeu somente aos interesses financeiros da CBF, num acordo com a empresa dona do hotel e com a Prefeitura de Ulsan.
Os critérios técnicos foram esquecidos. Mais estranho foi a comissão técnica concordar com o fato. Felipão aprendeu rapidamente a se adaptar às circunstâncias.
Para piorar, a partir das oitavas-de-final da Copa de 2002, a concentração da seleção será itinerante. Nada mais chato e ruim para os jogadores. Eles poderiam ficar num único local, viajar e retornar. Sentiriam-se mais em casa.
Muitos dirão que no Mundial da França-98, a seleção ficou num hotel privativo, o Château Grand Romaine, em Lésigny, amplo, com campos de treinamentos e perdeu a final de 3 a 0.
Obviamente, concentração não ganha jogo, mas ajuda muito. A soma de pequenos detalhes faz a diferença.

tostão.folha@uol.com.br


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