São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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NEGÓCIOS

Empresa não vai montar centros para vips e descarta acordo com CBF

Copa itinerante faz AmBev cortar projetos de marketing

DOS ENVIADOS A ULSAN

Em tempos de recessão econômica, a "Copa caramujo" da Fifa fez sua primeira vítima no marketing esportivo: a AmBev.
A gigante brasileira do ramo de bebidas estréia como patrocinadora oficial da seleção brasileira em Copas do Mundo sem poder contar com um de seus carros-chefes no marketing, a montagem de centros para receber seus convidados vips e jornalistas.
Pior, a empresa que fabrica o guaraná Antarctica abriu mão de direitos assegurados em seu contrato milionário com a CBF, no valor mínimo de US$ 180 milhões, válido até 2018, diante das dificuldades encontradas na Ásia.
Na Coréia do Sul e no Japão, onde a equipe terá que viajar intensamente até o final da Copa-2002 -daí o apelido caramujo, por sempre carregar consigo o próprio lar-, a "Casa da Brahma", sucesso nos Mundiais dos Estados Unidos e da França, não foi montada pela empresa brasileira.
"Quando paramos para desenvolver a estratégia da Copa do Mundo, encontramos problemas: o custo e, principalmente, o fato de o Brasil ter de ficar mudando de cidades durante o torneio. Assim ficou inviável financeiramente e economicamente", disse Carla Coelho, gerente de comunicação corporativa da AmBev.
Nas duas últimas Copas, quando a patrocinadora oficial da seleção ainda era a Coca-Cola, a AmBev, dona das marcas de bebidas Brahma e Antarctica, montou seus centros de convivência próximo dos locais de treino ou da concentração da equipe.
Na França e nos EUA, a "Casa da Brahma" foi um dos principais pontos de referência da torcida brasileira, além de atrair artistas e ex-jogadores de futebol.
A movimentação de vips no local garantiu à AmBev bom espaço na mídia durante a Copa.
Uma pesquisa feita pela empresa após os Mundiais mostrou que muitos consumidores associavam a marca Brahma à seleção, como se fosse ela, e não a Coca-Cola, a patrocinadora oficial do time nacional naquela época.
Nesta Copa, após já ter entregado US$ 20 milhões para a CBF, se quisesse, a AmBev, com trânsito livre com a delegação, poderia instalar sua casa e seu "hospitality center" dentro do centro de treinamento da equipe, na Universidade de Ciências de Ulsan. O direito é garantido em contrato.
Além disso, o acordo, firmado em maio do ano passado, diz que a patrocinadora pode "montar, sem ônus para a CBF, nos locais de treinamento, área exclusiva para convidados, com pelo menos mil lugares para assistir aos treinamentos das equipes, respeitando a fixação de treinamento reservado". O direito também não vem sendo exercido.
Um espaço, o ginásio de esporte da universidade, ao lado dos campos de treinamento, chegou a ser cogitado como opção para a montagem da Casa da Brahma, mas a idéia foi descartada.
Diante da impossibilidade de levantar sua casa em Ulsan, a AmBev tentará organizar uma recepção, provavelmente uma feijoada, para convidados em Ulsan, na Coréia. Mas o evento também poderá ser feito no Japão, um dos mercados visados pela empresa para o guaraná Antarctica.
A idéia da empresa é contar com alguns jogadores e membros da comissão técnica na recepção.
Conforme o contrato, a AmBev tem o direito de ter jogadores e membros da comissão técnica em uma espécie de festa oficial de despedida da seleção, ainda no Brasil, antes de cada Copa.
Se passar da primeira fase, toda ela disputada na Coréia do Sul, a seleção brasileira irá para o Japão, onde não terá uma base, ficará hospedada na cidade de cada um de suas eventuais partidas. (FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)



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