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NEGÓCIOS
Empresa não vai montar centros para vips e descarta acordo com CBF
Copa itinerante faz AmBev cortar projetos de marketing
DOS ENVIADOS A ULSAN
Em tempos de recessão econômica, a "Copa caramujo" da Fifa
fez sua primeira vítima no marketing esportivo: a AmBev.
A gigante brasileira do ramo de
bebidas estréia como patrocinadora oficial da seleção brasileira
em Copas do Mundo sem poder
contar com um de seus carros-chefes no marketing, a montagem
de centros para receber seus convidados vips e jornalistas.
Pior, a empresa que fabrica o
guaraná Antarctica abriu mão de
direitos assegurados em seu contrato milionário com a CBF, no
valor mínimo de US$ 180 milhões,
válido até 2018, diante das dificuldades encontradas na Ásia.
Na Coréia do Sul e no Japão, onde a equipe terá que viajar intensamente até o final da Copa-2002
-daí o apelido caramujo, por
sempre carregar consigo o próprio lar-, a "Casa da Brahma",
sucesso nos Mundiais dos Estados Unidos e da França, não foi
montada pela empresa brasileira.
"Quando paramos para desenvolver a estratégia da Copa do
Mundo, encontramos problemas:
o custo e, principalmente, o fato
de o Brasil ter de ficar mudando
de cidades durante o torneio. Assim ficou inviável financeiramente e economicamente", disse Carla Coelho, gerente de comunicação corporativa da AmBev.
Nas duas últimas Copas, quando a patrocinadora oficial da seleção ainda era a Coca-Cola, a AmBev, dona das marcas de bebidas
Brahma e Antarctica, montou
seus centros de convivência próximo dos locais de treino ou da
concentração da equipe.
Na França e nos EUA, a "Casa
da Brahma" foi um dos principais
pontos de referência da torcida
brasileira, além de atrair artistas e
ex-jogadores de futebol.
A movimentação de vips no local garantiu à AmBev bom espaço
na mídia durante a Copa.
Uma pesquisa feita pela empresa após os Mundiais mostrou que
muitos consumidores associavam a marca Brahma à seleção,
como se fosse ela, e não a Coca-Cola, a patrocinadora oficial do time nacional naquela época.
Nesta Copa, após já ter entregado US$ 20 milhões para a CBF, se
quisesse, a AmBev, com trânsito
livre com a delegação, poderia
instalar sua casa e seu "hospitality
center" dentro do centro de treinamento da equipe, na Universidade de Ciências de Ulsan. O direito é garantido em contrato.
Além disso, o acordo, firmado
em maio do ano passado, diz que
a patrocinadora pode "montar,
sem ônus para a CBF, nos locais
de treinamento, área exclusiva
para convidados, com pelo menos mil lugares para assistir aos
treinamentos das equipes, respeitando a fixação de treinamento
reservado". O direito também
não vem sendo exercido.
Um espaço, o ginásio de esporte
da universidade, ao lado dos campos de treinamento, chegou a ser
cogitado como opção para a
montagem da Casa da Brahma,
mas a idéia foi descartada.
Diante da impossibilidade de levantar sua casa em Ulsan, a AmBev tentará organizar uma recepção, provavelmente uma feijoada,
para convidados em Ulsan, na
Coréia. Mas o evento também poderá ser feito no Japão, um dos
mercados visados pela empresa
para o guaraná Antarctica.
A idéia da empresa é contar
com alguns jogadores e membros
da comissão técnica na recepção.
Conforme o contrato, a AmBev
tem o direito de ter jogadores e
membros da comissão técnica em
uma espécie de festa oficial de
despedida da seleção, ainda no
Brasil, antes de cada Copa.
Se passar da primeira fase, toda
ela disputada na Coréia do Sul, a
seleção brasileira irá para o Japão,
onde não terá uma base, ficará
hospedada na cidade de cada um
de suas eventuais partidas.
(FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ
ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)
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