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RÉGIS ANDAKU
Acabou antes da hora
Para você, Federer e Nadal, Roland Garros nem começou; para mais de 150 tenistas, a esta hora o torneio já acabou
ROGER FEDERER ou Rafael Nadal? Hoje, quase ninguém duvida de que, daqui a dez dias,
os dois tenistas estarão disputando
o título do Aberto da França. Ou Federer vencerá e completará o Grand
Slam, fazendo mais história, ou Rafael Nadal de novo baterá o suíço e
chegará ao tri seguido no saibro
francês, também fazendo história.
Em Paris ou em qualquer outro
lugar, quando o assunto é tênis, não
há outros personagens. São eles, e
só. Se ninguém cita Andy Roddick
ou Nikolay Davydenko, números
três e quatro do ranking, por que alguém falaria de Lamine Ouahab?
Ouahab é um jovem de 22 anos.
Tenista. Nasceu em Argel, capital da
Argélia, na África, mas hoje vive em
Barcelona. Como todo tenista que
mora na Espanha, Ouahab treina,
gosta e joga bem no saibro. Sonha
em subir ao máximo que puder no
ranking. Top ten, talvez?
Destro, alto (1,85 m), Ouahab viajou a Paris na semana passada. Vinha de seu país natal. Ninguém lhe
deu atenção. Não houve pedido de
autógrafo ao chegar a Roland Garros
nem conforto ou mimo no hotel em
que está, nada a que um tenista, como conhecemos, está acostumado.
Enquanto Federer e Nadal (ou
Roddick e Davydenko) se revezavam entre treinos de luxo (Federer
teve como sparring um canhoto, já
treinando para a final contra Nadal),
massagens e o conforto do hotel,
Ouahab corria na terça da semana
passada para a quadra 12, área em
que Federer e Nadal (ou mesmo
Roddick e Davydenko) não pisarão.
Lá, início da tarde em Paris, Ouahab entrava em quadra com o sérvio
Viktor Troicki. Não era treino. Ouahab disputava a primeira rodada do
qualifying do Aberto da França.
Contra o grandalhão Toricki, um
tenista mais jovem e mais bem posicionado no ranking, Ouahab não fez
feio. Equilibrou a partida, não deixou o sérvio tomar a iniciativa e,
após perder o primeiro set, ganhou o
segundo e levou a decisão para o terceiro. Mas não resistiu. Perdeu de
6/1 e viu a chance de disputar a chave principal ir para o ralo.
Para você, Federer e Nadal, Roland Garros ainda nem começou.
Para Ouahab e outros 150 tenistas,
inclusive todos os brasileiros, imagine, ele já acabou.
EM SÃO PAULO
Thomaz Bellucci ficou com o título do Future de Sorocaba, no fim
de semana, ao derrotar na decisão
Leonardo Kirche em dois sets.
EM PARIS
Guga voltará à ativa em julho, em
um torneio de saibro. Quem avisa,
de Paris, é seu treinador, Larri Passos, que acompanha na França sua
pupila Tamara Paszek.
NA COPA DAVIS
Stefan Koubek, tenista austríaco,
diz que o confronto com o Brasil
pela repescagem, em setembro, será ou em Viena ou em Insbruck. "A
única coisa de que tenho certeza é
que o duelo não será no saibro."
reandaku@uol.com.br
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