São Paulo, domingo, 30 de junho de 2002

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FINAL/ HOJE

Com vitória ou derrota, técnico deve entregar cargo

Scolari pede tempo à CBF para decidir futuro

DOS ENVIADOS A YOKOHAMA

Luiz Felipe Scolari pediu à cúpula da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) mais tempo para responder se aceita ou não o convite para continuar à frente da seleção brasileira após o Mundial.
O técnico ficou seduzido pela proposta feita por Ricardo Teixeira, presidente da entidade, de ter em suas mãos todas as categorias da seleção. Aos amigos, disse que gostaria de ficar um ano fora da seleção e retornar em 2004, tendo em vista o Mundial de 2006.
Teixeira estaria propenso a aceitar a idéia, mas tem afirmado que deixa o cargo no final do ano que vem, um entrave para a permanência do treinador gaúcho.
De qualquer forma, com vitória ou derrota, o técnico de 53 anos cumprirá um ritual constante em sua carreira. Entregará simbolicamente o cargo, deixando Teixeira livre para escolher outra pessoa.
Chegando ao Brasil, o treinador viajará com sua família. O destino deve ser a praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis, onde Scolari quer comprar uma casa de veraneio. Uma definição sobre seu futuro aconteceria apenas depois desse retiro.
Ao contrário do que dizia antes do início do Mundial asiático, o treinador tem pensado com carinho na possibilidade de continuar na seleção. O fato de poder levar o Brasil à conquista de sua primeira medalha de ouro em Olimpíadas -os próximos Jogos serão em 2004, em Atenas- é outro fator que seduz o técnico.
Mas não são apenas o aumento de poder e a possibilidade de fazer história mais uma vez que levam Scolari a estudar o convite.
Amigos do técnico no Brasil dizem que ele mostrou preocupação com o fato de o mercado europeu já estar praticamente fechado -a temporada 2002/2003 começa daqui a 15 dias, e os principais clubes do continente já escolheram seus treinadores.
As chances de Scolari voltar a comandar um clube brasileiro, pelo menos por enquanto, são pequenas. Além do fato de os maiores times já terem técnico, nenhuma equipe do país teria dinheiro suficiente para bancar o que ele ganha da CBF -R$ 370 mil mensais, conforme revelou a Folha na semana passada.
Mas também existem fatores que empurram Scolari para fora da seleção brasileira. Ele tem sido constantemente aconselhado a deixar a equipe ""por cima", como pentacampeão mundial.
O técnico também se queixa do fato de ter sua vida pessoal exposta. Sempre cita o que aconteceu com Wanderley Luxemburgo, investigado por duas CPIs no Congresso e alvo de um ""massacre" por parte da mídia, segundo a opinião do gaúcho.
A possibilidade de morar na Europa é outro fator que fascina o treinador, que tem mostrado frustração com o fato de ainda não ter recebido convite oficial de nenhum grande clube europeu.
Questionado sobre que decisão irá tomar, Scolari tergiversa: ""Primeiro quero descansar. A partir de segunda [amanhã", sou um homem desempregado. Estou aberto a propostas".
A forma como o treinador conseguiu aglutinar os jogadores em torno de si e sua alta popularidade no Brasil - 79% de avaliação ótima/boa segundo pesquisa do Datafolha- conquistaram o homem-forte da CBF.
Teixeira não se cansa de dizer que o grupo da Copa-2002 é o melhor de toda a sua gestão, que teve início em 1989. O dirigente tem afirmado ainda que a contratação de Scolari foi uma de suas decisões mais acertadas em 13 anos à frente da CBF. (FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG, PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)


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