São Paulo, domingo, 30 de junho de 2002

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CARLOS ALBERTO PARREIRA

O confronto dos dois gigantes do futebol


Será o duelo do futebol solidário, eficiente, previsível até da Alemanha, contra a criatividade e a técnica brasileira


Brasil e Alemanha definem hoje qual será o campeão do primeiro milênio, numa final aguardada desde a primeira Copa, em 1930. Valeu a pena esperar. Em jogo, o primeiro pentacampeonato da história, no nosso caso, e o tetracampeonato, para os alemães. Simplesmente isso.
Vou torcer como nunca, pois não quero perder, como todos nós brasileiros ligados ao futebol, o status que tanto nos orgulha. O Brasil é o único país a estar presente em todas as Copas, o primeiro tricampeão, o único tetracampeão. Não poderemos arriscar nada. Com o título, o Brasil iria com folga para o Mundial de 2006, na Alemanha, onde a seleção da casa será a principal favorita.
Esta foi uma Copa repleta de resultados inesperados, eliminações prematuras. Mas que deram uma nova cara ao futebol mundial. Foi também um prêmio ao descomunal esforço que Coréia e Japão fizeram para organizar o evento. Não eram poucas as dúvidas sobre se obteriam sucesso. Eles foram perfeitos.
Quero, antes de tudo, dar parabéns ao Felipão, à comissão técnica e aos jogadores, que chegaram desacreditados, deram a volta por cima e levam o Brasil à terceira final seguida, prova inequívoca do poderio de nosso futebol. No jantar de confraternização da Copa, o ex-jogador Klinsmann disse que os alemães se consideram felizes e satisfeitos de terem chegado à final.
Por não terem obrigação de ganhar, os alemães vão jogar descontraídos. "No atual momento das seleções, se houvesse dez partidas, o Brasil venceria oito. Quem sabe não estaremos no dia de um dos dois jogos em que a Alemanha sairia vitoriosa?", disse Klinsmann. Por isso o fascínio do futebol.
Vai ser uma batalha de dois monstros do futebol. Duas nações que deram significado a esta Copa.
O encontro dos opostos. A melhor da defesa, a Alemanha, com um só gol tomado, contra o ataque mais positivo, o do Brasil, com 16 gols assinalados.
O confronto entre o futebol solidário, competitivo e até mesmo previsível dos alemães, um futebol que comete erros e aproveita as poucas chances que tem, contra a individualidade e o poder criativo dos brasileiros.
Uma seleção brasileira que encontrou seu melhor momento com a Copa em andamento, justamente contra a Inglaterra.
O grande problema dos alemães é que eles vão enfrentar Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho e Roberto Carlos.
Muito boa sorte, seleção.

Carlos Alberto Parreira, 59, foi o técnico campeão da Copa de 1994, nos EUA, e atualmente dirige o Corinthians


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