UOL


São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aplaudido antes, trio feminino sai de campo com a polícia

CAROLINA FARIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

A entrada foi sob aplausos e assobios. A saída, debaixo de vaias e palavrões.
O trio de arbitragem feminino -o primeiro da história do futebol brasileiro no comando de um jogo da Série A do Nacional- viveu momentos distintos ontem.
A diretoria do Guarani, que o homenageou antes do jogo entregando-lhe flores, reclamou de dois gols anulados da equipe, lances em que o trio acertou. Por causa dos dois gols, a juíza e as auxiliares tiveram de deixar o estádio escoltadas pela polícia, aos gritos de "biscate, galinha e ladra".
"O São Paulo ganhou o jogo, porque nós fizemos dois gols que elas não validaram", reclamou Rui, do Guarani, depois do jogo.
Mas a juíza Sílvia Regina Oliveira Carvalho, 39, não concorda com ele. Indagada sobre seu desempenho na partida, afirmou que não poderia fazer uma avaliação técnica, mas que todos poderiam deduzir, por seu sorriso, o que achou de sua atuação.
E ela ganhou o apoio do são-paulino Rogério. "Pelo que vi, elas não erraram. E, se erraram, o erro é humano, não por serem mulheres", afirmou o goleiro.
Mas a torcida do Guarani não aceitou. Mesmo uma hora após o término do jogo, um grupo de torcedores mais exaltados ainda as esperava para protestar e para reclamar da diretoria do time e também do técnico Pepe.
As três integrantes do quadro de árbitros da Federação Paulista não imaginavam que fosse ocorrer tanta confusão.
A juíza Sílvia, por exemplo, disse não entender toda a algazarra. "A torcida viu os lances, não há motivo para tanta polêmica."
Suas assistentes concordavam, dizendo que se saíram bem no Brinco de Ouro da Princesa.
E ela lembrou que antes do jogo recebeu muito carinho. "No interior, a arbitragem feminina tem sido muito bem recebida. É um tabu que vem sendo quebrado. Até recebi flores no vestiário."
Sobre os xingamentos das arquibancadas após cada um dos sete amarelos que distribuiu e dos dois gols anulados, disse que não escutou as ofensas. "As coisas que a torcida fala entram por um ouvido e saem pelo outro."
Dentro de campo, ela e suas auxiliares -Ana Paula de Oliveira, 24, e Aline Lambert, 26- afirmaram que foram respeitadas. "Com as mulheres, percebemos que eles [jogadores] são até mais educados", disse Sílvia.


Texto Anterior: Rojas afirma que agora pode "soltar" a equipe
Próximo Texto: Doni pega pênalti, e Corinthians bate Flu
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.