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Aplaudido antes, trio feminino sai de campo com a polícia
CAROLINA FARIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
A entrada foi sob aplausos e assobios. A saída, debaixo de vaias e
palavrões.
O trio de arbitragem feminino
-o primeiro da história do futebol brasileiro no comando de um
jogo da Série A do Nacional- viveu momentos distintos ontem.
A diretoria do Guarani, que o
homenageou antes do jogo entregando-lhe flores, reclamou de
dois gols anulados da equipe, lances em que o trio acertou. Por causa dos dois gols, a juíza e as auxiliares tiveram de deixar o estádio
escoltadas pela polícia, aos gritos
de "biscate, galinha e ladra".
"O São Paulo ganhou o jogo,
porque nós fizemos dois gols que
elas não validaram", reclamou
Rui, do Guarani, depois do jogo.
Mas a juíza Sílvia Regina Oliveira Carvalho, 39, não concorda
com ele. Indagada sobre seu desempenho na partida, afirmou
que não poderia fazer uma avaliação técnica, mas que todos poderiam deduzir, por seu sorriso, o
que achou de sua atuação.
E ela ganhou o apoio do são-paulino Rogério. "Pelo que vi, elas
não erraram. E, se erraram, o erro
é humano, não por serem mulheres", afirmou o goleiro.
Mas a torcida do Guarani não
aceitou. Mesmo uma hora após o
término do jogo, um grupo de
torcedores mais exaltados ainda
as esperava para protestar e para
reclamar da diretoria do time e
também do técnico Pepe.
As três integrantes do quadro de
árbitros da Federação Paulista
não imaginavam que fosse ocorrer tanta confusão.
A juíza Sílvia, por exemplo, disse não entender toda a algazarra.
"A torcida viu os lances, não há
motivo para tanta polêmica."
Suas assistentes concordavam,
dizendo que se saíram bem no
Brinco de Ouro da Princesa.
E ela lembrou que antes do jogo
recebeu muito carinho. "No interior, a arbitragem feminina tem
sido muito bem recebida. É um
tabu que vem sendo quebrado.
Até recebi flores no vestiário."
Sobre os xingamentos das arquibancadas após cada um dos
sete amarelos que distribuiu e dos
dois gols anulados, disse que não
escutou as ofensas. "As coisas que
a torcida fala entram por um ouvido e saem pelo outro."
Dentro de campo, ela e suas auxiliares -Ana Paula de Oliveira,
24, e Aline Lambert, 26- afirmaram que foram respeitadas. "Com
as mulheres, percebemos que eles [jogadores] são até mais educados", disse Sílvia.
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