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TÊNIS
Adeus, garoto
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Pouca gente notou, mas
acabou definitivamente a
carreira de um dos tenistas mais
carismáticos e queridos dos últimos anos no circuito mundial.
Nascido em uma cidade litorânea em um país sem tradição no
esporte, ele namorou o futebol
quando criança, mas acabou, levado para um técnico de confiança da família ainda quando garotão, desenvolvendo suas habilidades nas quadras de tênis.
Sorte do tênis. Talentoso em todos os tipos de quadra, acabou reconhecido e marcado, injustamente, como tenista de um piso
só. Em dois anos, pulou lá das posições de número 300 e tanto para
o top ten no ranking mundial.
Ao longo de sua carreira, mesmo em jogos contra os badalados
Pete Sampras, Andre Agassi, Marat Safin, Lleyton Hewitt, Patrick
Rafter e, mais recentemente, Roger Federer, tinha consigo grande
parte da torcida, se não a maioria, independentemente do país
onde o confronto acontecia.
Em quadra, seu estilo agressivo
tornou-se referência entre os colegas. No piso em que dominava,
era temido pelos rivais, do primeiro ao último do ranking. Seus
fãs, pintados e barulhentos, acostumaram-se a segui-lo pelo mundo. Agora, estão órfãos.
Sempre sorridente, cativava as
crianças e, não raro, os adultos.
Geralmente, ao fim de seus treinos, aparecia uma fila de fãs em
busca de seu autógrafo.
Seus penteados eram outro
show à parte: em um dia, estavam
compridos, longos; no seguinte,
curtíssimos. Às vezes, completava
o visual com uma bandana; outras vezes, a barba malfeita completava o estilo "tô nem aí".
O país inteiro ficava de olho no
visual do tenista. Era a novidade
da semana, notas em jornais e revistas. Aliás, ai do especialista em
tênis que ousasse falar mal dele:
criticá-lo era o absurdo.
Campeão, incontestável, ele tudo podia em sua terra. Seu instituto, dedicado a fazer caridade
com jovens carentes em seu país,
mostrava o tamanho de seu coração. Em um país carente de ídolos, só mesmo um título de Grand
Slam para levar milhares de pessoas às ruas e encher os compatriotas de orgulho. O título do
Grand Slam há três anos, aliás, foi
o seu respiro final.
Desde então, vinha sofrendo
terrivelmente com contusões. De
início, parecia que seria só uma
lesão a ser tratada. Seu otimismo
e sua fé, empolgantes, tornavam
difícil acreditar que seu desempenho seria prejudicado praticamente pelo resto da carreira.
Resultados pífios, dores, desânimo, calendário incompleto. Ainda assim, foi recebido como o
mais querido no último Grand
Slam de que participou, justamente aquele que o consagrou e
que, agora, marcou sua retirada.
Idolatrado pela torcida, caiu
antes das finais. Ao deixar pela
última vez a quadra central, que
tanto conhecia, foi ovacionado:
por dois minutos, o público levantou-se e o aplaudiu. Na porta de
saída, parou e olhou para as arquibancadas, emocionado.
Não, não é ainda Gustavo
Kuerten, o senhor do saibro de
Roland Garros. É o croata Goran
Ivanisevic, rei dos aces em Wimbledon, que pára aos 32 anos.
Por aqui
Além de Campos do Jordão, São Paulo receberá um torneio da série
challenger de 12 a 18 de julho, na Unisys Arena, com Ricardo Mello,
Franco Ferreiro, Bruno Soares, Marcos Daniel, André Sá e Julio Silva.
Pela Europa
Maria Fernanda Alves conquistou em Perigueux, na França, seu primeiro título profissional em um torneio que distribui US$ 25 mil.
Pelo cerrado
Começa hoje, na Academia de Tênis de Brasília, a sétima edição do
Campeonato Brasileiro Interfederações. A competição tem 121 equipes de 18 Estados, com disputas nas categorias 10 a 18 anos, tanto no
masculino como no feminino.
E-mail reandaku@uol.com.br
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