São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2004

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FUTEBOL

Vantagens do Flamengo

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

O Flamengo tem a vantagem de decidir em casa e de empatar por 0 a 0 ou 1 a 1, além de maior tradição. Se o pé-quente, solidário e eficiente Zinho jogar, fica mais fácil. A tradição tem sido menos importante nos últimos tempos, em todo o mundo.
Se Abel escalou três autênticos zagueiros contra o Figueirense, era sua intenção repetir essa formação contra o Santo André. A justificativa seria anular as ótimas jogadas aéreas do time paulista. O técnico desistiu da idéia. Se não fosse o excepcional Júlio César, o Flamengo levaria muito mais gols.
As jogadas pelo alto do Santo André são muito eficientes, principalmente porque há ótimos cruzamentos da linha de fundo, e não pelos bons cabeceadores. Se o Flamengo jogasse com três zagueiros e dois alas, haveria mais espaço nas laterais para esses lançamentos pelo alto.
Na coluna anterior, escrevi que a principal razão de Flamengo e Santo André decidirem o título é a ausência dos times que disputaram a Taça Libertadores. Seria mais difícil para os dois. Afirmei ainda que os títulos do Estadual e da Copa do Brasil (se o Flamengo for campeão) não seriam conseqüências de grandes mudanças no clube, já que não houve tempo para isso.
Disse o óbvio. Alguns flamenguistas não gostaram. Os dirigentes anteriores arruinaram tanto o Flamengo e outros clubes, como o Botafogo, que será necessário um longo tempo para os clubes se recuperarem, mesmo com boas administrações. Além disso, nem sempre há relação direta entre as atuações dos times e dos dirigentes. Não se pode confundir o clube com a equipe de futebol.
A Copa do Brasil deveria ser mais valorizada e disputada no segundo semestre, com a presença de todos os grandes clubes. Em vez de aumentar o número de campeonatos, como querem alguns dirigentes com a volta dos torneios regionais, é necessário diminuir as competições, com o fim da Copa Sul-Americana.

Holanda, Portugal e Brasil
A Holanda tem um número maior de excelentes jogadores (ou mais famosos), mas Portugal joga em casa e é mais aguerrido.
As duas seleções atuam com quatro defensores, três no meio-campo e três no ataque, sendo dois pontas e um centroavante. No meio há diferenças. Portugal joga com dois volantes e um meia de ligação. A Holanda tem uma linha de três armadores.
Felipão gosta de mudar jogadores e a maneira de atuar durante as partidas. Ele não segue apenas a razão, mas também a emoção e a intuição. Essa é uma de suas qualidades. Já a seleção holandesa muda pouco. Joga sempre com dois pontas.
A presença de um centroavante e de dois pontas fixos, como era comum no futebol do passado, facilita a marcação. Fica muito previsível. Na seleção brasileira, são os laterais que avançam como pontas. Mas eles não se adiantam para esperar a bola. Partem em velocidade, no momento certo, para recebê-la à frente. Fica mais difícil para a marcação. Mas nem sempre funciona, já que o adversário sabe disso.
Por isso, é preciso criar variações durante o jogo. Na Copa de 2002, Felipão insistiu nos treinos para o Rivaldo ou o Ronaldinho Gaúcho jogar pelas pontas, fazendo dupla com o lateral. Ainda havia no banco os velozes Denílson e Edílson.
Na seleção atual, não há um atacante reserva que atua pelos lados. O time só tem um desenho tático. Para a Copa América, foram chamados quatro atacantes que só atuam pelo meio e se destacam pela finalização. Nenhum é preparador de jogadas.
Os centroavantes Luis Fabiano e Adriano deverão ser os titulares. A dupla tem tudo para não dar certo, como aconteceu com Ronaldo e Luis Fabiano. A seleção ficaria melhor com um meia e dois atacantes diferentes ou com dois meias e um centroavante (assim joga o time titular, com Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo), mas não com dois típicos centroavantes.

Evoluiu para trás
Quanto mais o Corinthians melhora, segundo Tite, mais piora na tabela. Enquanto os jogadores treinam para aumentar a visão periférica, continua tudo escuro à frente. Está também muito chato o discurso formal, repetitivo e "cientifico" do técnico. São as mesmas explicações para qualquer situação. Os repórteres poderiam gravar e repetir na outra semana. Não faz diferença.

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