São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2000

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VÔLEI DE PRAIA
Com a maior longevidade na areia, Franco e Roberto Lopes encerram com derrota o 10º ano de Mundiais
Dupla pioneira encerra década sob vaias

ADALBERTO LEISTER FILHO
ERICH BETING
DA REPORTAGEM LOCAL

Vaias da torcida, lamentos e uma derrota por 2 sets a 0 -parciais de 14/21 e 18/21, que os eliminou ainda na fase classificatória. Assim, melancólica, foi a despedida da temporada 2000 da dupla de vôlei de praia que atua há mais tempo junta no Circuito Mundial.
Os cearenses Franco e Roberto Lopes encerraram ontem, em Vitória (ES), seu décimo ano de disputas do Circuito Mundial. Até o jogo em que perdeu para Lula e Adriano, a dupla havia conquistado 13 títulos em 66 etapas disputadas desde a temporada de 87/91.
A história dos dois coincide com a da popularização do vôlei de praia no Brasil, que teve sua consagração com as cinco medalhas conquistadas nas duas Olimpíadas -Atlanta e Sydney- em que o esporte entrou.
Os dois fizeram sua estréia no Circuito Mundial no Rio, em 13 de fevereiro de 1990, em um tempo em que a FIVB (Federação Internacional de Vôlei) não tinha um calendário definido, e as etapas aconteciam esporadicamente.
Nesta época, os EUA dominavam o vôlei de praia. A dupla formada por Randy Smith e Sinjin Stoklos era quase invencível.
Coube aos brasileiros encerrar a hegemonia norte-americana. O título da temporada 93/94 ficou marcado como o primeiro Circuito Mundial a não ser vencido pela dupla dos Estados Unidos.
Dois anos depois, houve nova consagração, com o título do Mundial de 95/96. Na Olimpíada de Atlanta, eram favoritos ao ouro, mas foram eliminados ainda nas oitavas-de-final.
No Circuito Mundial, porém, os títulos da dupla abriram caminho para o domínio do Brasil na areia. Desde 95/96, todos os campeões mundiais são brasileiros.
"O profissionalismo de nossos atletas é o responsável pelo domínio. Todos montaram equipes de apoio", diz Franco, que conheceu Lopes nas praias nordestinas.
O Nordeste é um dos maiores pólos do vôlei de praia brasileiro. Foi lá que começaram atletas como Zé Marco, Ricardo e Garrido. Dos seis títulos mundiais do país, quatro tiveram a participação de pelo menos um nordestino.
Num esporte em que a troca de parceiro é frequente, a dupla chama atenção por ainda estar junta. Para Franco, "o segredo é manter a regularidade, estar sempre no topo. Outras duplas oscilaram suas colocações no ranking".
A sintonia entre a dupla pode ser percebida no discurso. Roberto Lopes reforça a tese do parceiro. "Depende do sucesso. Quem não obteve boas colocações durante toda a carreira pode querer procurar outro parceiro", afirma.
Franco acha que há mais um segredo para a longevidade: "o respeito que temos um pelo outro".
Aos 34 anos, ambos querem estar em outra Olimpíada. Sem índice, ficaram de fora em Sydney. "Quem vai dizer quando vou parar é o meu corpo", diz Franco. "Depende de como estaremos jogando até lá", completa Lopes.


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